terça-feira, 28 de julho de 2009

Kerenskismo obamista, Honduras e abismo chavista


Por Armando Valladares




Também no momento em que escrevo estas linhas, sai a notícia de que a secretária de Estado Hillary Clinton acaba de telefonar ao presidente interino de Honduras, e correm versões de que lhe teria dado um ultimatum. A mesma secretária Clinton que em Honduras, na recente reunião da OEA, aprovou a absolvição da sanguinária ditadura castrista; a mesma que, junto com o presidente Obama, está disposta a dialogar com o governo pró-terrorista iraniano, abre seus braços aos comunistas cubanos, se reúne e ri com o presidente-ditador Chávez, e bateu com a porta na cara da delegação civil hondurenha que chegou a Washington simplesmente para explicar sua versão dos fatos.


Assim como o presidente Eduardo Frei Montalva passou para a história como o Kerenski chileno, por pavimentar o caminho para o socialista Allende, o presidente Obama corre o risco de passar à história como o Kerenski das Américas se empurra Honduras para o abismo chavista.


Quando se produziu a destituição do presidente hondurenho Zelaya, por ordem da Suprema Corte desse país e com o respaldo majoritário do Congresso, Honduras caminhava a passos rápidos para uma ditadura chavista, passando por cima da Constituição e das leis. Além do mais alto órgão judicial de Honduras, estavam advertindo sobre o risco chavista as mais importantes figuras políticas e religiosas de destaque em Honduras.


Não obstante, nem o presidente Obama, nem o secretário geral da OEA, o socialista chileno Insulza, nem o "moderado" presidente do Brasil, Lula da Silva, e nem sequer - que nos conste - nenhum outro presidente latino-americano disse uma palavra a respeito. Alegava-se a autodeterminação, a necessidade do diálogo, do respeito dos processos políticos internos, etc.


Todas essas personalidades políticas tiveram oportunidades de falar em favor da liberdade de Honduras, e muito recentes por certo, porém preferiram lavar as mãos como Pilatos. Menciono as duas mais notórias.


A primeira delas foi a Cúpula das Américas, em Trinidad y Tobago, perto de Honduras, na qual o presidente Obama com seu estilo neo-kerenskista se desmanchou em sorrisos com o presidente-ditador Chávez, flertou com o próprio Zelaya e com outros presidentes populistas-indigenistas como o equatoriano Correa e o boliviano Morales, prestigiou o "moderado" Lula e anunciou que estava disposto a dialogar e a estabelecer um "novo começo" com a sanguinária ditadura castrista.


A segunda delas foi a Assembléia Geral da OEA, por uma ironia da História realizada na própria Honduras, na qual, com a aprovação do governo Obama, se absolveu a ditadura castrista e se lhe abriram as portas para poder retornar ao referido organismo internacional.


Debaixo de seus próprios narizes e diante de seus próprios olhos, os chanceleres dos governos das Américas puderam sentir e ver a grave situação interna de Honduras, porém preferiram lavar as mãos como Pilatos.


Quando se produziu a destituição do presidente Zelaya, ordenada pela Suprema Corte, com base em preceitos constitucionais que impedem que um presidente tente se reeleger, aí rasgaram as roupas e começou uma das maiores gritarias de esquerdistas e "moderados úteis" da História contemporânea, com um verdadeiro enfurecimento contra um pequeno país que decidiu resistir a essas pressões. Um pequeno país que se agigantou espiritualmente, inspirado na expressão de São Paulo, esperando "contra toda a esperança" humana, porém aguardando tudo da parte da Providência, e recordando aos que vêem apreensivos o drama hondurenho, a figura bíblica de David contra Golias.


No momento em que escrevo estas linhas, o destituído presidente Zelaya ameaça retornar a Honduras com o qual, segundo advertência do Cardeal desse país, se tornará responsável pelo sangue fratricida que possa correr. Diante da resistência hondurenha, até o presidente-ditador Chávez olha para o presidente Obama e espera que este quebre as resistências hondurenhas. Também no momento em que escrevo estas linhas, sai a notícia de que a secretária de Estado Hillary Clinton acaba de telefonar ao presidente interino de Honduras, e correm versões de que lhe teria dado um ultimatum. A mesma secretária Clinton que em Honduras, na recente reunião da OEA, aprovou a absolvição da sanguinária ditadura castrista; a mesma que, junto com o presidente Obama, está disposta a dialogar com o governo pró-terrorista iraniano, abre seus braços aos comunistas cubanos, se reúne e ri com o presidente-ditador Chávez, e bateu com a porta na cara da delegação civil hondurenha que chegou a Washington simplesmente para explicar sua versão dos fatos.


Como já foi lembrado, o Cardeal de Honduras advertiu ao deposto presidente Zelaya que ele será responsável pelo banho de sangue que possa ocorrer se forçar seu regresso ao seu país.


Por minha parte, enquanto ex-preso político cubano durante 22 anos nas masmorras castristas, embaixador americano ante a Comissão de Direitos Humanos da ONU durante vários anos, e enquanto simples cidadão das Américas, tenho a certeza de que assim como o presidente Eduardo Frei Montalva passou para a história como o Kerenski chileno, por pavimentar o caminho para o socialista Allende, o presidente Obama corre o risco de passar à história como o Kerenski das Américas se contribui para empurrar Honduras ao abismo chavista.


* Armando Valladares, ex-preso político cubano, foi embaixador dos Estados Unidos ante a Comissão de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, durante as administrações Reagan e Bush. Acaba de receber em Roma um importante prêmio de jornalismo por seus artigos em favor da liberdade em Cuba e no mundo inteiro.


Tradução: Graça Salgueiro






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