quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tensão necessária

Por Dora Kramer

Estadão Online

Nota-se um evidente desconforto. No caso das centrais sindicais é mais do que isso: o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, com a grosseria que o notabiliza, desafiou a presidente da República.

Fez advertências públicas a Dilma Rousseff ("cuidado, Fernando Henrique começou assim"), reclamou do tratamento considerado "distante" por parte dela aos companheiros sindicalistas e considerou "nefasta" a proposta do governo de reajustar a tabela do Imposto de Renda em troca de um salário mínimo de R$ 545 ou, no máximo, R$ 550.

Em outras entidades representativas do movimento social, como MST e UNE, para citar as mais visíveis, há uma inquietação para saber como Dilma vai se relacionar com um pessoal a quem o antecessor abriu as portas e, sobretudo, os cofres do governo.

Querem se articular com os sindicatos para organizar uma agenda com a qual possam influenciar nas decisões de governo.

Dizem auxiliares da presidente que a relação vai mudar bastante. Não informam como, quando nem em qual direção será a mudança. Mas as organizações já dão sinais claros de que não estão confortáveis com o gestual do início, expresso nas negociações do novo salário mínimo.

Para lidar com eles Dilma escalou o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Anteriormente essa interlocução também era feita na secretaria, mas por um chefe com muito menos prestígio e força política: Luiz Dulci, o redator dos discursos nunca lidos por Lula.

Resultado, o interlocutor era o próprio presidente. Agora não. Já se nota que o reforço no anteparo significa que será a secretaria-geral e não o gabinete da Presidência, a instância máxima de recurso.

Durante a campanha, sempre que lhe perguntavam o que achava da jornada de trabalho de 40 horas e outras reivindicações trabalhistas, Dilma respondia que essas eram questões importantes, mas não eram assuntos de governo.

Ou seja: deixou claros os limites e avisou aos navegantes que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Governos cuidam dos interesses gerais da sociedade e os segmentos, aí incluídas categorias profissionais, cuidam de suas respectivas reivindicações.

No governo anterior é que ocorreu a distorção: movimentos todos cooptados por meio de doação de verbas federais de diferentes maneiras e, por isso, usados na política como tropas de defesa do governo. Além dos partidos aliados, havia os movimentos coligados. E sustentados. Na nova administração, têm receio de perder espaço ou de precisar ocupá-lo da maneira adequada: do outro lado do balcão.

Afinal de contas movimentos de reivindicação não existem para atuar como tropas de defesa governista, mas para cobrar melhores ações de governos.

Uma tensão natural e até necessária para o bem de uma sociedade pluralista.

Cenografia. Pode falar o presidente da Itália, pode se manifestar o Parlamento europeu, podem os italianos ameaçar ir à Corte de Haia, mas nada disso tem o condão de fazer a presidente Dilma Rousseff mudar a decisão do antecessor de negar extradição a Cesare Battisti.

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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cadê a universidade anunciada aqui?




Por ANA ARANHA

Revista Época

O governo anunciou a maior expansão das universidades federais da história. Mas os novos cursos estão funcionando com laboratórios sem equipamento, em lugares improvisados e com professores voluntários. Como a falta de planejamento aliada à pressa eleitoral em expandir o ensino superior está prejudicando a formação de milhares de alunos.

O governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o que mais expandiu o acesso às universidades federais na história do país. Em oito anos, foram anunciadas 14 universidades e 125 campi novos. Juscelino Kubitschek foi o único presidente a se aproximar dessa marca, com 11 universidades em cinco anos. Lula ampliou também o alcance das unidades já existentes no mais ambicioso programa de crescimento do setor: criou mais de 80 mil vagas, 70% de aumento em relação a 2003. Lula foi pessoalmente lançar e inaugurar grande parte dessas universidades, ocasiões em que se vangloriava sobre como o presidente sem diploma foi o que mais trabalhou pelo ensino superior. “De todos os presidentes que o Brasil teve, uma parte foi advogado, outra foi professor. Eu, torneiro mecânico, já sou o presidente que mais fiz universidades”, disse na inauguração da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Minas Gerais. Os números e as imagens foram largamente propagandeados na campanha eleitoral da presidenta Dilma Rousseff, em 2010. Foram citados também no último pronunciamento à nação, quando Lula se despediu em cadeia nacional no rádio e na TV com um discurso de balanço do governo. Nem Dilma nem Lula, porém, revelaram como as universidades conseguiram operar o milagre da multiplicação.

Em um giro rápido pelas novas universidades, não é difícil decifrar a equação. A expansão foi feita na base do improviso. Como a construção de prédios levaria anos, as novas universidades tiveram de recorrer a uma espécie de “puxadinho” para receber as turmas novas. No litoral do Rio de Janeiro, alunos assistem a aulas em contêineres. No Pará, 1.200 alunos vão estudar no espaço de eventos de um hotel. Algumas universidades recorreram às prefeituras, que “cederam” suas escolas municipais – em uma operação que vira de ponta-cabeça as prioridades do ensino público no país. A solução mais comum foi alugar espaços privados, como prédios comerciais, colégios e faculdades.

A improvisação se transformou na regra das novas universidades porque o motor da expansão parece ter seguido mais o ritmo da política que o da educação. Das 88 mil vagas criadas ao longo dos oito anos de governo, 46 mil foram abertas em 2009 – um ano antes das eleições presidenciais. Mas das 14 novas universidades anunciadas na campanha eleitoral, apenas quatro são realmente novas. As outras dez eram polos de universidades já existentes que ganharam reitoria própria.

O caso que mais chama a atenção é do campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) de Osasco, região metropolitana de São Paulo. Em abril de 2008, Lula foi à cidade para lançar a pedra fundamental do campus. No terreno de mais de 200.000 metros quadrados, plantou uma muda de jequitibá. A comitiva reunia, entre outros, o ministro da Educação, Fernando Haddad, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, a então pré-candidata à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, e o então governador de São Paulo, José Serra. Em seu discurso, Lula fez questão de se referir à presença do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), um dos réus do processo do mensalão. “Se não fosse ele, essa universidade não sairia. Toda semana ele infernizava a vida do Fernando Haddad”, disse Lula.

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Privacidade sob ameaça


Diário de SP

Editorial

O desrespeito pela privacidade, uma das marcas do governo Lula, continua a vicejar no governo Dilma. A mais recente flor dessa planta daninha é a intenção da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) de monitorar via internet as chamadas telefônicas fixas e móveis, com o objetivo de "modernizar" a fiscalização, como forma de exigir que as empresas de telecomunicações cumpram metas de qualidade.

No governo Lula, sob inspiração de seu sinistro ministro da Comunicação Social, houve um esforço constante de controlar os meios de comunicação. Essa intenção é menos enfatizada, atualmente, mas não desapareceu por completo. Em linha paralela, dois outros episódios similares sobressaíram no período lulista. Um foi a elaboração de um dossiê sobre gastos pessoais do antigo casal presidencial Fernando Henrique e Ruth Cardoso.

Embora a então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, argumentasse que o referido dossiê era apenas um "banco de dados", a verdade é que seu conteúdo foi vazado para os meios de comunicação na ocasião em que a oposição se mobilizava para criar uma CPI que investigasse os gastos do governo Lula com cartões corporativos. Foi, claramente, uma manobra dissuasiva - que, de resto, funcionou.

Anos adiante, deu-se o escândalo dos dossiês sobre figuras destacadas do PSDB e pessoas da família do então candidato oposicionista José Serra. Integrantes da chamada "equipe de inteligência" da campanha de Dilma encomendaram os dossiês, num dos casos pagando a despachantes que subornaram funcionários de agências da Receita Federal e falsificaram solicitações dos investigados. A prometida apuração rigorosa dessa história ficou na promessa.

Agora, vem a Anatel com a decisão de instalar centrais em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Essas centrais se conectarão via internet às das operadoras móveis. Primeiro, serão cobertas as bases da Vivo, da Claro, da TIM e da Oi, em Minas; Vivo, Claro e TIM, em São Paulo; e as das quatro operadoras no Rio. Sob essa capa de fiscalização das teles, a Anatel reunirá informações detalhadas sobre as chamadas telefônicas de celulares; na etapa seguinte, serão monitoradas também as chamadas de telefones fixos.

Trata-se de um desrespeito à Constituição, para começo de conversa. É, também, uma espécie de atavismo de esquerdistas hoje no poder. Presos a conceitos da "guerra fria" entre comunismo e capitalismo, quando vigoravam a espionagem e a propaganda, eles continuam querendo controlar a vida das pessoas. Desprezam o que aconteceu em 1988 no Brasil (a nossa Constituição) e esquecem o que aconteceu em 1989 no mundo (a queda do Muro de Berlim).

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domingo, 23 de janeiro de 2011

Entre o ''fervor socialista'' e os atropelos de Chávez


Estadão Online

Por Fernando Gabeira

Quente, quente, a primavera será quente. Os franceses costumam gritar isso quando começam uma nova fase de lutas. Na Venezuela, em 2011, esqueçam as estações: todo o ano será quente. De um lado, Hugo Chávez e seu partido querem aprofundar a revolução socialista; de outro, a oposição promete ir às ruas para reconstruir a democracia. A solução desse drama está nas eleições de 2012, mas tanto o desfecho eleitoral quanto o desenrolar do processo são um enigma. O Instituto de Investigação de Conflitos Internacionais de Heildberg deu nota 3 para a Venezuela, que, em 2010, só perdeu para a guerra do narcotráfico no México. Mas o dado novo, desde o dia 5, é a presença da oposição na Assembleia e as medidas que o partido do governo tomou para evitar que ela tenha poder.

Foram 25 leis em dezembro e, se considerarmos Chávez como um cavaleiro andante, podemos entendê-las melhor. Vinte e quatro delas formam seu escudo porque se destinam a neutralizar a oposição, a imprensa, os partidos e universidade. Uma delas é a lança: a chamada Lei Habilitante que permite a Chávez governar 18 meses por decreto, sem dar satisfação aos deputados. É tão autoritária que já foi criticada numa só semana pela OEA (Organização dos Estados Americanos), por meio de seu secretário-geral, José Miguel Insulza, e pela Conferência Episcopal Venezuelana, que considera a medida "um passo para o comunismo".

O que pode incendiar os conflitos políticos, com a força de muitos barris de gasolina barata, é a economia. A Venezuela decresceu em 2010 e a inflação no país foi uma das maiores do mundo: 27%. Entre os 32 países da América do Sul e Caribe, é o único que não tem perspectiva de crescimento em 2011. Sua produção de petróleo caiu a um nível mais baixo do que 2003 e, segundo os cálculos internos, só pode cobrir 12% das exportações, o que equivale a um déficit de US$ 41 bilhões. Por isso, no ranking internacional dos que, potencialmente, não poderão honrar sua dívida, a Venezuela é a segunda entre dez: na frente apenas da Grécia.

Quando os números saltam do debate técnico para o estômago, o potencial de inquietação é grande. A Venezuela produz apenas 70% do alimento que consome. A facilidade da renda do petróleo inibiu o desenvolvimento agrícola. Além disso, as chuvas do ano passado arruinaram 5 mil hectares semeados. Só a cebola subiu 100% num mês.

Antes de sair do Brasil, li nos jornais do Estado de Bolívar que estava faltando farinha. No tempo em que passei em Caracas, não só a farinha, mas também o açúcar e a margarina estavam em falta em Bolívar. Os produtores antecipam uma alta, pois, com a unificação cambial, caiu o dólar especial, que era comprado por 2,3 bolívares. O dólar agora vale 4,3 bolívares, mas, ainda assim, é uma cotação romântica, porque no mercado paralelo custa o dobro. Fui abordado por muitas pessoas querendo comprar dólar no paralelo. Quando você diz que fez a operação no banco, olham desolados, como se fosse um lunático.

Andei por algumas feiras livres e consultei Daniel Gómez, de 54 anos, da classe média. Ele revelou que gasta o equivalente de cerca de R$ 300 por semana com comida para ele e dois filhos. Falei também com Juana, empregada doméstica. Ela me disse que, para sua família, gasta muito menos nos mercados especiais criados pelo governo. Uma das razões de sua simpatia por Chávez.

Até quando o esquema é sustentável? Produtores de carne anunciaram nesta semana uma redução do consumo e um aumento de preço. A carne vem do Brasil, que exportou 42 mil toneladas do produto congelado, além de vender para a Venezuela 420 mil cabeças de gado.

O único produto barato que não parece ameaçado é a gasolina. As ruas de Caracas estão repletas de imensos e antigos carros de oito cilindros. O New York Times viu nelas um pouco da antiga Detroit rodando pelas ruas da capital. Os que visitam Cuba, lembram-se dos velhos carros de Havana. Mas o fato singular aqui é que você consegue encher um tanque com 100 litros de gasolina por menos de US$ 1 no paralelo. Daí a persistência de uma frota nostálgica.

Sem uma saída para os alimentos no horizonte próximo - a previsão de aumentos de preço no setor é de 40% -, Chávez deve deslocar o debate para o campo da habitação. Ele já havia confessado seu fracasso no objetivo de dotar milhares de pessoas de uma casa digna. Aí vieram as grandes chuvas que desabrigaram 130 mil.

Ele foi ativo durante o desastre, frequentou os lugares atingidos, comandou pessoalmente a resposta do governo. Mas percebeu que, no clima de comoção nacional, havia uma chance de empurrar o socialismo. Umas das razões da lei que lhe dá carta branca é a possibilidade de desapropriar e impulsionar a tomada de prédios. Há poucos dias, anunciou que acabará com a desocupação judicial em caso de não pagamento de aluguel. Os proprietários, por meio do dirigente de sua associação, Roberto Orta Martínez, anunciaram que será o caos, pois muitos donos de imóveis são pobres e ficarão sem o único bem.

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sábado, 22 de janeiro de 2011

A QUESTÃO DO MAL NATURAL


Por Nivaldo Cordeiro

NivaldoCordeiro.Net

Quando acontecimentos catastróficos se sucedem ao observador sempre fica a pergunta: por quê? Não há dúvidas de que o Brasil e particularmente o Rio de Janeiro têm sido vítimas de males naturais que não são banais. Centenas de mortos em poucos dias é algo para nos remeter às questões teológicas centrais que tratam do mal. E do mal moral também: não faz muito tempo vimos que as forças da ordem agiram no Rio de Janeiro e centenas de homens armados de fuzis e outras armas típicas de guerras saíram à luz e à vista das câmaras de TV, mal vestidos e mal calçados, em desabalada carreira. São praticantes do mal cotidiano em larga escala. Pudemos ver os subterrâneos do mal moral transbordarem, fazendo fronteira direta com o mal político, pois ao Estado caberia coibir sua ação.

Digo isso a propósito do artigo publicado na Folha de São Paulo de ontem por João Pereira Coutinho (“A doença do crime”), no qual o talentoso jovem lusitano nos lembra a famosa frase de Voltaire, por ocasião do terremoto de Lisboa, em 1755: “Como pode Deus permitir a morte de centenas, milhares de inocentes?” A partir desse mote Voltaire e seus contemporâneos iluministas iniciaram ampla campanha para desacreditar a Igreja Católica e sua doutrina sobre o mal, fundada na obra de Santo Agostinho. Desde então se tem buscado explicação “natural” para todos os males e qualquer referência a Deus e à Providência tem sido ridicularizada pelos ateus e agnósticos como mera superstição.

Voltaire na verdade praticou um grande sofisma na sua exclamação e só tolos e desinformados poderiam embarcar na sua retórica. A frase referida é um primor de enganação. Veja-se que ela afirma uma antropologia que foi rejeitada pelo mundo cristão desde a origem, sobretudo depois de Santo Agostinho. Memorável o discurso do santo quando da Queda de Roma, no qual ele demonstrou que nada havia a lamentar e menos ainda a blasfemar contra Deus por causa daquele episódio. Veja-se que ao tempo os ainda fortes pagãos quiseram atribuir a tragédia romana ao abandono de seus deuses. Nesse texto esplêndido Agostinho mostrou que a cidade são as pessoas, não sua arquitetura, e que o homem, nascido na égide do pecado original, não pode alegar inocência diante de Deus. Se Alarico saqueou Roma esta fez por merecer e mais disse: que se houvesse um único justo em Roma tal fato não teria acontecido.

Reforçando a tese de que todos nós somos culpados diante de Deus Agostinho afirma que, se até Daniel, o profeta, pediu perdão pelos seus pecados, que diremos nós, pecadores contumazes. Em última análise, o mal age para castigar os ímpios e para pôr os justos à prova e quando ele sobrevém atinge a todos indistintamente. O raciocínio sobre Roma vale para o terremoto de Lisboa e para as Grandes Guerras. E para as tragédias cariocas também.

Agostinho estava convencido de que nada na história acontecia sem o conhecimento e sem a aprovação de Deus. O mal, nessa perspectiva, deriva da perversidade do homem, que abusa da dádiva do livre arbítrio. E também carrega consigo a mancha do pecado original. Esta tese é a verdadeira antropologia cristã e quer me parecer que é a expressão da verdade enquanto tal. O que Voltaire fez foi supor, como de resto todos os Iluministas, que o homem nasce “bom” e a sociedade é que o desencaminha. Vão além dessa tese, ao dizer que o homem pode ser aperfeiçoado moralmente, desde que direcionado para isso pela via do Estado. Daí a fé de que o sistema jurídico estatal pode criar o homem perfeito neste mundo. Desde então o esforço nessa direção tem sido total. Não deixa de ser irônico que o Jardim da Infância na estrutura escolar – o Kindengarten – tenha sido uma criação nazista mundialmente copiada, no suposto de que, tirando a criança da família biológica ainda cedo e entregando-a ao Estado, se estaria construindo um mundo melhor. Não demorou para que os criadores dessa monstruosidade inaugurarem os fornos crematórios.

Enfim, o mal natural é um dado da existência que só prova a fragilidade do homem e a única coisa sábia a fazer é aceitar os ensinamentos da tradição.


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Europa pede novo parecer sobre Battisti


Estadão Online

Por Andrei Netto

Por 86 votos a favor, um contra e duas abstenções, o Parlamento Europeu aprovou ontem uma moção que exorta o governo brasileiro a alterar seu parecer sobre a não extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti, ex-membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), de extrema esquerda.

O texto foi proposto por deputados italianos, que pediram à Comissão Europeia, braço executivo do bloco, sua intervenção nas discussões diplomáticas com Brasília. Em resposta, Bruxelas repetiu que não tem jurisprudência sobre o tema.

A resolução foi aprovada em uma sessão do parlamento dedicada a temas de direitos humanos. O caso Battisti veio à pauta entre as discussões sobre o assassinato de um líder paquistanês e a prisão supostamente ilegal de uma advogada no Irã. A moção pede "que a autoridade brasileira exerça seu dever de atender à solicitação do governo italiano".

"O Conselho Europeu (órgão que reúne os chefes de Estado e de governo) e a Comissão Europeia devem conduzir o diálogo político com o Brasil e monitorar o caso constantemente para que a decisão respeite os princípios fundamentais da União Europeia e das boas relações entre os países-membros", completa o documento.

Antes do voto sobre a resolução, eurodeputados italianos se revezaram em discursos pela extradição de Battisti, preso em 2007 no Rio e beneficiado pelo refúgio político por decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 31 de dezembro, seu último dia de mandato.

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O culto da personalidade na indicação ao Oscar


Veja.com

Editorial Veja

Lula – O Filho do Brasil foi um fracasso de crítica. Foi também um fracasso de público: em vez dos 15 milhões de espectadores sonhados pelos produtores e pelos propagandistas do governo Lula, levou pouco mais de 1 milhão de pessoas ao cinema, número insuficiente para incluí-lo na lista dos dez filmes mais vistos do ano. Segundo a lógica do burocrata Roberto Farias, contudo, nada disso importava na hora de escolher a produção brasileira que tentará ser indicada ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2011. Em entrevistas nos últimos dias, o presidente da comissão encarregada de eleger o filme afirmou textualmente que a escolha não deveria recair nem sobre a melhor obra, nem sobre a maior bilheteria. Palavras proféticas: por unanimidade, a cinebiografia do presidente foi escolhida para representar o Brasil no Oscar.

Em vez de se pautar por um critério objetivo – a bilheteria –, ou de tentar alcançar um consenso estético, apontando um filme que se destacasse pela qualidade, a comissão adotou a estratégia absurda de advinhar o que vai pela cabeça da Academia americana. Foi também o que disse o burocrata Farias: “Para o Oscar, é preciso passar o filme que talvez tenha mais chance.”

Se fosse isso, seria apenas tolice. Mas é pior do que isso.

Na coletiva de imprensa depois do anúncio, Farias disse que Lula – O Filho do Brasil “não conta apenas a história do presidente, mas a de centenas de milhares de brasileiros”. Mentira. O filme é sobre Lula apenas. E é o presidente que a Comissão de Seleção homenageia – uma comissão pública, recheada de “intelectuais” com salário público – ao enviar para um prêmio internacional, como representante do país, um filme que fala de sua vida. Há uma expressão na teoria política para tratar disso: “culto da personalidade”.

Na União Soviética, poetas dedicavam odes, músicos dedicavam sinfonias, dramaturgos dedicavam peças a Stalin. Boa parte deles não participava do culto ao tirano por convicção, mas por medo. Os burocratas que escolheram o filme de Lula não têm nada o que temer. Seu servilismo é voluntário. Se o público não deu ao líder a bilheteria acalentada, os comissários o adulam com uma indicação ao Oscar. Os integrantes da banca foram Cássio Starling Carlos, Clélia Bessa, Elisa Tonelli, Frederico Barbosa Maia, Jean Claude Bernardet, Leon Kakoff, Márcia Lellis e Mariza Leão. A decisão, é bom repetir, foi unânime.

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Johnson e Os Intelectuais

Escrito por Nivaldo Cordeiro

Movimento Endireitar

Acabei de reler o livro Os Intelectuais, de Paul Johnson (Rio de Janeiro, Imago, 1990), depois de muitos anos. Se algum dia voltar à cátedra, não tenho dúvida de que, em qualquer programa de curso que venha a dar, esse livro encabeçará a lista de leituras obrigatórias. Com a sua prosa sóbria e elegante, Johnson faz um retrato de cada um dos principais intelectuais, desde Rousseau. Se um aluno iniciante nos cursos superiores ler esse livro com atenção, ficará vacinado contra a sedução socialista e comunista que é a tônica em nossas universidades.

O traço peculiar a todos os chamados engenheiros da alma humana (definição acertada de Stalin para os intelectuais) é a mistura de mau-caratismo e a incongruência daqueles que possuem uma vida torta quererem consertar o mundo. De todos os autores estudados no livro, os capítulos que considero absolutamente relevantes são aqueles dedicados a Marx e a Rousseau. O estudo da vida desses dois monstros morais vai mostrar onde se assenta a origem das suas taras sociais, que sustentam as idéias totalitárias. São os arquétipos de todos os sociopatas.

Os tempos em que vivemos no Brasil de hoje convidam especialmente a uma leitura como essa. Tempos de grandes perigos. Johnson escreveu, no capítulo final:

“A agora chegamos ao ponto central da vida intelectual: a atitude em relação à violência. Essa é a cerca na qual a maior parte dos intelectuais, sendo ou não pacifistas, esbarram, caindo na inconsistência – ou melhor, numa absoluta incoerência. Eles a rejeitam em teoria, como de fato a lógica os leva a fazer já que se trata da antítese dos métodos racionais de resolver problemas. Porém, na prática, eles se vêem, de tempos em tempos, a favor dela – o que poderia ser chamado de Síndrome do Assassinato Necessário – ou aprovando seu uso por aqueles com quem eles simpatizam. Outros intelectuais, diante da violência praticada por aqueles que eles desejam defender, simplesmente transferiam a responsabilidade moral, por meio de uma argumentação ingênua, para os outros, a quem desejavam combater”.

Não é mera coincidência o que acontece com a classe letrada do Brasil com relação a pelo menos três temas explosivos: a guerrilha do MST, o apoio à Cuba de Fidel Castro (veja-se as recentes declarações do embaixador de Lula naquela ilha) e as relações com os EUA, em especial à sua política de combate ao terrorismo. Aplica-se o que Johnson escreveu ipsis verbis.

A existência imunda desses feiticeiros que hipnotizaram as elites não pode ser ignorada, pois as suas vida mostram o que de fato foram, monstros morais. Johnson foi muito feliz ao resumir:

“Tinha-se uma perversidade especial – com a qual qualquer um que estude as carreiras dos intelectuais se torna desanimadoramente familiarizado – para se chegar a essa conclusão... Com efeito, por várias razões, o planejamento social foi a principal fraude e a maior desgraça da época moderna. No século XX, por causa dele morreram muitos milhões de pessoas inocentes, na Rússia soviética, na Alemanha nazista, na China comunista e em outros lugares. Porém, trata-se da última coisa que as democracias ocidentais, com todas as suas falhas, jamais adotam. Pelo contrário. O planejamento social é uma criação dos intelectuais milenaristas, que acreditam poderem remodelar o universo à luz de sua razão auto-suficiente. Esse planejamento é um direito inato da tradição totalitária. Teve como pioneiro Rousseau, foi sistematizado por Marx e institucionalizado por Lênin. Os sucessores de Lênin administraram, por mais de setenta anos, a mais longa experiência de planejamento social da história...”

Mais não precisa ser citado. Johnson vai direto ao ponto. O livro é um convite ao despertar, em meio ao sono trágico em que está mergulhado toda a nossa classe pensante.

Publicado originalmente em http://www.nivaldocordeiro.net

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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O marketing cínico do dilúvio anunciado


Por José Nêumanne

Estadão Online

Os números assustadores da tragédia provocada pelas enxurradas que se seguiram aos temporais na serra fluminense (o dobro dos mortos das similares em 1967, quando a área atingida ficou restrita apenas a Petrópolis) fazem emergir da lama que deslizou montanha abaixo, destruindo tudo e enlutando famílias, constatações e reflexões que, mesmo inúteis e inócuas, não podem deixar de fluir.

A primeira pergunta sem resposta é a que estabelece uma conexão entre a ameaça à camada de ozônio pelo aquecimento global e fenômenos meteorológicos como esses. Chove desde que o mundo é mundo e chuvas como as que desabaram sobre a formosa área acontecem desde o tempo em que o calor das fogueiras de nossos ancestrais caçadores certamente não ameaçava a camada de ozônio nem alterava o rumo ou o volume de correntes marítimas e tampouco causava tempestades. Não dá para garantir nem para negar que aguaceiros de tal porte possam ter caído no tempo das cavernas e desabrigado algumas famílias de habitantes primitivos daquelas plagas. Mas não se podem comparar esses eventos na Pré-História com este num planeta superpovoado, onde aquele privilegiado conjunto de morros e vales é disputado por qualquer apreciador de uma bela vista - o pobretão da favela ou o ricaço capaz de construir sua mansão na encosta. Para o primeiro vale a advertência que começou a ser feita desde que os refugiados da Guerra de Canudos, não tendo onde morar, fincaram suas choças nos morros que ornam a Baía de Guanabara, que encantou Cole Porter, e chamaram seus arruados de "favelas", em homenagem a um arbusto do sertão.

É claro que a ocupação de áreas de risco pelos carentes de moradia é um drama que se amplia na proporção em que aumentam as famílias que não têm onde morar e mínguam as habitações que elas podem adquirir ou construir. Em metrópoles como Rio e São Paulo, restam-lhe poucas alternativas às encostas sobre as quais a ganância da indústria imobiliária ainda não depositou suas ambições de enriquecimento. Em regiões aprazíveis e próximas de um grande centro, caso da preferida pela família imperial para se refugiar da canícula litorânea, não há escolha para os pobres de Jó que improvisam seus tetos ou a burguesia endinheirada em busca de paz, conforto e ar puro. Em Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e adjacências, barracos ou palacetes não podem ser construídos em planuras, porque planuras não há. Há, sim, montanhas que sobem para o céu e descem para o vale. E vales que, debaixo das encostas, aguentam o peso do lodaçal que desliza quando a vegetação não consegue conter o desbarrancamento e desce a avalanche.

Sob o peso monumental dessa lama desmoronam barracos de lata e sólidas construções centenárias. Reclamar da ocupação indiscriminada de mananciais e áreas de risco com a cumplicidade da politicagem demagógica é chover no molhado, mas necessário. Porque não há tragédia coletiva que mobilize um homem público brasileiro em posto de mando a desafiar os carimbadores de fatos consumados e os grileiros da boa-fé do populacho sem teto.

No caso da serra fluminense, o buraco fica bem mais embaixo e o lamaçal vem de muito mais acima. Esta tragédia de proporções ainda não totalmente conhecidas mostra que não há áreas sem risco no território atingido. A serra só não é arriscada em sítios selvagens onde não existam prédios, pessoas, bens ou animais. Essa evidência não inutiliza a necessidade da responsabilização com nome, endereço, cargo e eventual pena em caso de culpa para os homens públicos que compram seus mandatos ao custo da mortandade nas tragédias das chuvas de verão. Mas torna relativa a justificativa única da permissão de construir em lugar impróprio, pois ali, como esta chuva mostrou, nenhum é apropriado.

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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

FARC e seus cúmplices devem reparar suas vítimas


Por Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido

Mídia Sem Máscara

A ânsia politiqueira e de protagonismo do Partido Liberal em torno da Lei de Reparação de Vítimas, deu espaço para que os membros do Partido Comunista Clandestino das FARC e até o terrorista Alfonso Cano, em sua mensagem de ano novo às quadrilhas, interfiram no assunto e procurem ganhar mais espaço político, objetivando demonstrar, em primeiro lugar, ante a justiça internacional a suposta causa política, e em segundo lugar, demonstrar a farsa comunista de que na Colômbia "a oligarquia e as Forças Militares têm cometido crimes contra o campesinato". Porém, ninguém fala nada acerca da reparação das vítimas das FARC.

Esta ação publicitária cai como anel no dedo ao Plano Estratégico das FARC e aos interesses geo-estratégicos do Foro de São Paulo tendentes a legitimar as FARC, conceder-lhes status de beligerância, "interceder na paz da Colômbia", e apoiar uma guerra frontal do narco-terrorismo comunista contra as instituições do país.

Enquanto Santos supõe que, por meio da hipocrisia mútua com Chávez e Correa faz diplomacia e que a falta de caráter é sinônimo de bom negociador, a chanceler Holguín e os embaixadores continuam defasados dos planos concretos dos comunistas contra a Colômbia.

Há poucos dias Correa veio à Cali. Cínico, desavergonhado, mentiroso e falso como todo comunista com poder, não só negou sua militância terrorista ao lado das FARC, como acusou a todos os colombianos como cúmplices das FARC.

De quebra, talvez por sua aproximação com Santos, Claudia Gurisatti serviu de caixa de ressonância ao que Correa dizia. De maneira estranha não o encurralou como fez com Isa Conde ou com outros amigos das FARC. Pelo contrário, deu-lhe o microfone para que lavasse as mãos, mentisse e, além disso, culpasse Uribe pela cumplicidade do partido equatoriano Aliança País com as FARC. Agora os pássaros atiram nas escopetas...

Dias antes Santos declarou que Chávez é seu novo melhor amigo, sem nem sequer tocar no tema das guaridas terroristas de Iván Márquez, Rodrigo Granda, Timochenko e Gabino na Venezuela. Ao contrário, o ajudou na palhaçada ao dizer que Chávez coopera, porque seu governo captura desertores das FARC e do ELN que são procurados pelos terroristas para assassiná-los como traidores, mas Chávez os apresenta ante os meios de comunicação como membros ativos das FARC e do ELN. E Santos dá o reconhecimento à farsa chavista.

Na mesma época as FARC saudaram a "compatriota Dilma Rousseff" com a mesma efusividade com que oito anos atrás saudaram Lula e acordaram apoiá-lo com cinco milhões de dólares para sua campanha presidencial em troca do status de beligerância.

Porém, que coincidência!, em que pese que Piedad Córdoba tenha sido destituída do senado porque a Procuradoria comprovou com argumentos sólidos seus nexos com as FARC, os terroristas e seus cúmplices montaram outra cena da ópera bufa com a libertação de cinco seqüestrados, tão logo a camarada Dilma estivesse no poder, para que ela, como nova office-boy de Lula e da UNASUL, os ajude a impulsionar o projeto político internacional de reconhecimento de status de beligerância, mediante a farsa de se sentar para negociar a paz com o governo colombiano.

Porém, claro, não a paz que a Colômbia quer, com a desmobilização dos terroristas e sua sujeição à justiça. As FARC e seus comparsas querem a paz na qual os terroristas governem a Colômbia e se integrem ao projeto castro-chavista de Lula e seus amigos. Enquanto isso, não haverá paz na Colômbia.

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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

'Janeiro quente' do MST já tem 34 áreas invadidas

AE - Agência Estado

Estadão Online

Em todo o "janeiro quente", a jornada do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para cobrar a reforma agrária já invadiu 34 áreas e três repartições públicas. A reportagem flagrou a invasão da Fazenda Guarani, em Presidente Bernardes, no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado de São Paulo. A Guarani é uma das propriedades rurais invadidas ou bloqueadas por acampamentos na região durante o fim de semana pelo grupo do MST liderado por José Rainha Júnior.

O comboio com 16 veículos - carros, motos e peruas - e 50 pessoas partiu do acampamento Zé Maria, pegou a SP-563 e se deslocou até a porteira da propriedade. Os sem-terra arrebentaram o cadeado do portão. Dois quilômetros à frente, sob algumas árvores, o comboio parou e colocou no capim tudo o que havia dentro e sobre os carros - bambus, arames, lonas, colchões, panelas, garrafas PET e até barracas de montar.

Um grupo muniu-se de enxadões e cavadeiras e começou a montar os barracos. Outro improvisou um fogão. O gado, assustado, correu para o outro lado do pasto enquanto o coordenador Cícero Bezerra de Lima começava a distribuir tarefas. Segundo ele, a fazenda tem cerca de 500 hectares e já foi considerada devoluta pela Justiça. "Está em processo de desapropriação, mas a demora é grande. Dá para assentar umas 30 famílias aqui."

Dois carros da Polícia Militar (PM) chegaram uma hora depois. Os policiais anotaram as placas dos veículos e pediram os documentos dos invasores, mas ninguém entregou. Os nomes que forneceram foram anotados. Até ontem, a PM não tinha dados sobre todas as ações.

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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O estagnado socialismo sueco


por Per Bylund

Site Mises Brasil

A Suécia está em uma fase próspera. Pelo menos em relação a outros países, a Suécia tem se saído muito bem durante a crise financeira. Algumas pessoas, como Paul Krugman, parecem crer que isso se deve aos amplos pacotes de socorro e de estatizações de empresas privadas que ocorreram no início da década de 1990, medidas essas que supostamente "salvaram" a Suécia do desastre imposto pelo mercado. Embora seja verdade que um banco tenha sido estatizado e que bilhões de dólares tenham sido injetados no mercado para manter a coroa sueca artificialmente sobrevalorizada em 1992, essa medida fracassou por completo, e a um alto custo para os suecos pagadores de impostos.

Após um curto período de caos total, quando o banco central sueco elevou as taxas de juros para 500% (sim, quinhentos por cento), a moeda entrou em colapso. É óbvio, uma vez que sua valorização superficial em relação ao dólar não tinha como ser "defendida" contra a valorização muito mais correta exigida pelo mercado, não obstante as várias tentativas sérias feitas pelo governo sueco para tentar manter essa sobrevalorização. A conseqüência foi um pânico político, logo seguido pela finalmente compreendida necessidade de se colocar as finanças públicas em ordem.

Desde aquela época, como explico em maiores detalhes no livro Back on the Road to Serfdom (editado por Tom Woods), o governo sueco — independente de qual partido estava no poder — vem consistentemente mantendo o orçamento equilibrado. O resultado foi uma queda expressiva na dívida nacional. Com efeito, desde 1992 a dívida nacional caiu de 80% do PIB para menos de 40%, de acordo com um recente relatório do Gabinete da Dívida Nacional Sueca. E isso incluindo as medidas antirrecessão adotadas em 2009.

Tais medidas de austeridade dificilmente seriam aprovadas por Krugman e demais keynesianos, mesmo quando eles defendem que os EUA deveriam imitar o caminho exitoso adotado pelos suecos. Ao contrário: eles obstinadamente se recusam a ver as medidas evidentemente malsucedidas implantadas pelo governo sueco antes de o país ser finalmente forçado a adotar medidas mais sensatas, que o levaram para o caminho da recuperação.

Entretanto, Krugman não está sozinho. A crença no grande mito de que a Suécia é algum tipo de experimento socialista exitoso ainda é amplamente difundida. Os próprios suecos em geral creem nesse mito, assim como o fazem várias pessoas em todo o mundo. Frequentemente sou abordado por alguém que vem me dizer o quão extraordinário é o meu país, fazendo ilações sobre como deve ser bom ter tudo "gratuito". E eu sempre fico imaginando sobre o que essas pessoas estão falando e, principalmente, o que as fez crer que essas ideias malucas que elas têm são verdadeiras. Krugman, por exemplo, deveria ser mais bem informado, mas não é.

Porém, talvez o desempenho da Suécia nessa crise recente seja exatamente o tipo de "mito dos sonhos" que os keynesianos sempre estiveram procurando. Afinal, a criação de riqueza sueca durante o século XX se parece muito com uma criação keynesiana: um crescimento artificial continuamente alimentado, e que foi automaticamente estimulado e socorrido várias vezes por circunstâncias que, por acaso, terminaram dando incrivelmente certo para um país localizado no extremo norte do globo.

Após um período de "extremo" livre comércio na segunda metade do século XIX, o estado assistencialista foi criado pouco antes de meados do século XX e, em seguida, enormemente expandido. Não ter participado de nenhuma das guerras mundiais certamente ajudou o país, de modo que sustentar o estado assistencialista foi algo fácil na década de 1960 — afinal, havia uma abundância de riqueza pronta para ser expropriada e "investida" em grandes experimentos de engenharia social.

A saga, entretanto, acabou na década de 1970 — porém, ao que parece, o mito resiste. A crise internacional do petróleo forçou o governo sueco a adotar o keynesianismo puro, e a moeda, como consequência, foi amplamente e frequentemente desvalorizada, por mais de uma década. Os "felizes anos 80" não ofereceram solução alguma para o estado que então já se encontrava falido; foi a bolha imobiliária da época, estimulada justamente pelo crédito fácil, que manteve a aparência de prosperidade.

Foi só no início da década de 1990 que a situação financeira do governo implodiu-se por completo, quando os mercados internacionais finalmente deixaram de ficar embriagados com essa bolha imobiliária e reduziram a entrada de divisas no país. Foi nesse momento que o governo foi forçado, em termos econômicos, a cortar seus gastos e a impor limites nos benefícios oferecidos por meio de uma multiplicidade de sistemas assistencialistas.

Porém, há uma outra verdade sobre a economia sueca, uma verdade que apenas recentemente foi exposta. Agora existem provas de que a Suécia, mesmo em termos das estatísticas do próprio governo, não é tudo o que se imagina; e que, na realidade, não vivenciou nenhum crescimento econômico real (ao menos em termos de empregos reais, os quais deveriam ser de óbvio interesse para os keynesianos) ao longo de mais de 50 anos.

Em um artigo (infelizmente disponível apenas em sueco) publicado em 2009 no periódico Ekonomisk Debatt, da Associação de Economia Sueca, os economistas Bjuggren e Johansson, do Ratio Institute, mostram a triste verdade. Baseando-se em dados públicos divulgados pela agência governamental Estatísticas Suecas ("SCB" em sueco, um acrônimo para Bureau Central de Estatísticas) e utilizando um novo sistema de classificação para designar o tipo de propriedade das empresas, eles descobriram que não houve absolutamente nenhum emprego criado no setor privado de 1950 a 2005.

Sim, você leu corretamente: não houve nenhum aumento líquido no número de empregos no setor privado na Suécia durante um período de 55 anos. Em outras palavras, em um período que começou cinco anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a economia sueca ficou completamente estagnada.

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Irã faz protesto contra crítica de Dilma


Por Patrícia Campos Mello e Jamil Chade

Estadão Online

O governo iraniano registrou um protesto contra as críticas do governo Dilma Rousseff à situação dos direitos humanos no Irã, num primeiro sinal de mal-estar entre os dois países, após anos de ótimas relações.

Em telegrama diplomático a cujo conteúdo o Estado teve acesso, com data de anteontem, diplomatas brasileiros em Teerã relatam que um assessor especial do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, telefonou para o embaixador brasileiro no Irã, Antonio Salgado, para se queixar. O assessor "transmitiu o incômodo de Teerã com as repetidas referências à situação dos direitos humanos no Irã, feitas por autoridades brasileiras". Segundo o telegrama, o assessor iraniano teria pedido ao embaixador que informasse o Itamaraty sobre o desconforto.

O Brasil, que antes adotava a posição de não condenar violações aos direitos humanos no Irã, mudou a posição com Dilma. Em entrevista ao jornal Washington Post, em 18 de novembro, Dilma criticou o comportamento do Brasil na ONU, ao abster-se de votar uma condenação às violações de direitos humanos no Irã. "Não concordo com o modo como o Brasil votou. Não é a minha posição", afirmou Dilma, mencionando "práticas medievais aplicadas quando se trata de mulheres". "Ficaria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não me manifestar contra o apedrejamento", disse ela, referindo-se à condenação da iraniana Sakineh Ashtiani à morte por apedrejamento.

Em entrevista à revista Veja, publicada no domingo, o chanceler Antonio Patriota foi na mesma linha. "A questão da ameaça de apedrejamento da iraniana obviamente vai contra tudo o que nós representamos", disse Patriota. "Acho que vai haver uma reflexão interna sobre essa questão dos direitos humanos."

O protesto do governo iraniano é a primeira consequência formal da mudança de direção da política externa brasileira em relação ao Irã. O governo Lula foi marcado por uma posição de não intervenção nas questões que envolvem o país. Ele comparou os tumultos que se seguiram à eleição iraniana em 2009, quando centenas de iranianos foram detidos e agredidos por agentes do regime, a uma "briga de torcida" - não passaram de "uma coisa entre flamenguistas e vascaínos", disse Lula. Instado a protestar contra a condenação de Sakineh, Lula afirmou: "É preciso tomar muito cuidado porque as pessoas têm leis e regras. Se começarem a desobedecer às leis deles para atender aos pedidos dos presidentes, daqui a pouco há uma avacalhação." Depois, ofereceu asilo à iraniana, dizendo: "Se minha amizade e afeição pelo presidente do Irã são importantes e se essa mulher está causando problemas lá, nós a acolheremos aqui no Brasil." E o Itamaraty tradicionalmente se abstinha nas votações no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Cesare Battisti e a justiça do Foro de São Paulo


Por Eduardo Mackenzie

Mídia Sem Máscara

O affaire Cesare Battisti, que cria fortes tensões neste momento entre a Itália e o Brasil, demonstra que os caciques da esquerda se lixam da justiça e chegam até a pisoteá-la ante os ditames mais absurdos de sua política.

O ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, esperou o último dia de seu mandato para anunciar que negava aos juízes italianos a extradição do ex-terrorista Cesare Battisti. Este último não é o simpático "ativista de extrema esquerda" que certa imprensa apresenta. É um escorregadio pistoleiro condenado como réu ausente pela justiça italiana, uma das mais responsáveis do mundo.

Os juízes de Roma condenaram Battisti por haver assassinado duas pessoas, um carcereiro de prisão, em Udine, em 6 de junho de 1978, e um policial, em 19 de abril de 1979, e por haver atuado como cúmplice de outros homicídios de 1979, em sua qualidade de chefe do grupelho "Proletários Armados pelo Comunismo".

Com sua escandalosa decisão, Lula pretende encerrar definitivamente esse caso e permitir ao terrorista ficar em liberdade no Brasil, onde estava encarcerado desde sua detenção no Rio de Janeiro em 2007.

Com toda razão, a Itália declarou que a decisão de Lula a favor do prófugo é um ato "injusto e gravemente ofensivo". Ignazio La Russa, o ministro italiano da Defesa, destacou que seu país "tentará de tudo" para que o Brasil reconsidere sua decisão e respeite a justiça italiana. O governo de Berlusconi anunciou que chamará a consultas seu embaixador no Brasil.

Como se trata de um pretendido "ex-combatente" comunista, o presidente Lula, chefe do Foro de São Paulo, não vacila em proteger Battisti e mofar-se da magistratura italiana. Brasília chegou ao cúmulo de dizer que este não pode ser extraditado pois poderia ser submetido na Itália a "atos de perseguição e discriminação" por suas "opiniões políticas". Porém, Battisti não foi condenado por suas opiniões senão por atos de sangue particularmente abjetos.

Quanto às vítimas do delinqüente, a única coisa que Lula lhes oferece é chorar por seus mortos e feridos.

Capturado em 1979, denunciado por seus comparsas e condenado em 1981 na Itália, Cesare Battisti foge da prisão pouco depois e se esconde na França, México e Nicarágua. Em 1990, regressa discretamente à França, onde o governo de François Mitterrand lhe outorga garantias, como havia feito com outros ex-terroristas italianos. Em 1991, Battisti é detido a pedido de Roma, porém um juiz francês, como coisa curiosa, o deixa em liberdade por um aparente "erro" do processo.

Em Roma, finalmente, o processo do foragido termina em 31 de março de 1993, com uma sentença em cassação a prisão perpétua por seus crimes e evasões. Só até março de 2004, ante o pedido da magistratura italiana, a justiça francesa decide extraditar Battisti e este é posto sob vigilância policial. Em agosto de 2002, após um pedido idêntico, a França havia extraditado outro terrorista italiano. Até esse momento, Battisti tinha vivido tranqüilamente. Em Paris ganhava a vida como porteiro de edifício e escritor de novelas policiais.

Ante a iminência da extradição, Battisti é alertado, consegue escapar da vigilância judicial e desaparece. Voltou-se a saber dele em 2007 quando foi detido no Rio de Janeiro. Dois anos mais tarde, o governo de Lula lhe concede o estatuto de refugiado político, enquanto que, por sua parte, o Superior Tribunal Federal (STF) do Brasil, em 5 de abril de 2008 se pronuncia a favor de sua extradição à Itália. O STF considera que, embora Battisti tivesse tido "motivações políticas", estas eram insuficientes para justificar "pôr em perigo representantes da autoridade e de civis indefesos", e que seus crimes estavam marcados por uma "certa frieza e desprezo pela vida humana". Por sua parte, a comissão brasileira para o refúgio (CONARE) rechaça o estatuto de refugiado político a Battisti.

Se o insulto à sua justiça continua, Roma não descarta a possibilidade de chegar a declarar um boicote aos produtos brasileiros. Existe um acordo militar ítalo-brasileiro que poderia ser afetado pela obstinação de Brasília. A nova presidente, Dilma Rousseff, ex-braço direito de Lula e com um passado de luta armada, terá que lutar com a batata quente criada por seu patrão. É possível que, em vista da pressão de Roma, Brasília esteja procurando um novo refúgio para Battisti. Não seria estranho que o homem se esfumasse de novo para aparecer depois na Venezuela.

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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

EUA julgam que Brasil deu refúgio a membro das Farc por afinidade política


Por Andrei Netto

Estadão Online


As suspeitas de ação ideológica na apreciação de pedidos de extradição feitos ao Brasil não são apenas do governo da Itália, nem dizem respeito só ao caso Cesare Battisti. Em 2006, os EUA consideraram que a concessão de refúgio a Oliverio Medina, guerrilheiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), teve razões políticas. A versão americana para o caso foi revelada por despachos publicados pelo WikiLeaks.

O refúgio político de Medina foi discutido em reunião entre o então embaixador americano no Brasil, Clifford Sobel, o ex-chanceler Celso Amorim e o atual, Antônio Patriota - à época secretário de Assuntos Políticos do Itamaraty -, e Luiz Paulo Barreto, presidente do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), em setembro de 2006.

Em seu despacho, Sobel relata os diálogos com as autoridades brasileiras e questiona a decisão do Conare, tomada em 16 de julho de 2006, demonstrando reticências sobre as conclusões do processo. Considerado terrorista por Colômbia e EUA, Medina - ou Francisco Antonio Cadena Colazzos - foi preso duas vezes pela Polícia Federal, em 2000 e em 2004.

Em 2005, o ex-presidente colombiano Alvaro Uribe pediu sua extradição, negada no ano seguinte pelo Conare. Na reunião com autoridades brasileiras, Sobel pediu explicações porque suspeitava que o comitê tivesse sido vítima de pressões do governo e entendia que a decisão poderia ser contrária às resoluções 1.371 e 1.373 da ONU.

Perseguição. De Amorim, Patriota e Barreto, Sobel ouviu detalhes do processo. "Eles indicaram que o Conare, com estímulo da Agência da ONU para os Refugiados, não viu Cadena como um terrorista, mas como refugiado de um conflito interno armado e alguém que corria risco de morrer", disse Sobel.

Pedindo confidencialidade ao embaixador, o Brasil acusou a Colômbia de perseguir Medina por razões eleitorais. Barreto, segundo Sobel, afirmou que o comitê via o pedido de extradição como "capcioso", porque os crimes teriam sido cometidos em 1991 e o pedido só foi protocolado em 2005.

"Barreto sustentou que o caso todo parecia sustentado no depoimento de uma testemunha recentemente revelada, que fontes brasileiras indicavam ter sido beneficiada com redução de sentença na Colômbia e compensação financeira em troca das acusações contra Cadena", escreveu Sobel.

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"QUEM VIVER, VERÁ"

Por Percival Puggina

Blog do Percival Puggina

Tenho um amigo muito antipetista. "Já reparaste que o Fernando Henrique só errava quando dava bola para o que o PT dizia? E que o Lula só acerta quando vai contra o PT?", costuma ele afirmar com um ar de quem, de tanto ver o mesmo filme, já boceja apenas por ouvir o nome dos atores. Meu amigo está convencido de que a oposição brasileira, para voltar ao poder, precisa parar de fazer o que está fazendo (se é que está fazendo alguma coisa) e começar a estudar o PT.

"Crês que a oposição vai derrotar o PT com discurso moralista? Com teses sobre o Brasil? Com visão de história? Com críticas construtivas? Papo furado, cara!", diz ele. "O PT começa a trabalhar o eleitor desde que ele entra na estufa da maternidade. Lá já tem uma atendente criticando "o sistema" ou um dindinho militante para dar ao bebê um carrinho equipado com bandeira vermelha". No fundo, é isso mesmo. A coisa começa cedo e passa pelas experiências coletivistas do maternal. Engrossa nos cursos fundamental e médio, quando o sistema cai nas mãos dos pedagogos marxistas, do politicamente correto (e do democraticamente incorreto), do Cpers, da relativização da verdade e do bem, da tolerância com tudo que está errado e da intolerância para com quem se atreve a apontar quaisquer erros. E vai adiante com o controle dos sindicatos, dos fundos de pensão (oba!), dos movimentos sociais, de uma constelação de ONGs (oba!), dos cursos de graduação e de pós, das carreiras jurídicas, dos seminários e cursos de teologia, da CNBB, da cozinha dos jornais, do escambau. Se o convidarem para um clube do Bolinha, leitor, em seguida você descobrirá que o bolinha que manda é companheiro.

Quando eu estava meditando sobre essa lista, meu amigo perguntou: "Os sindicatos a que te referes são de trabalhadores ou patronais?", ao que eu esclareci - "De trabalhadores, claro". Mas ele me advertiu que também as organizações patronais vêm sendo aparelhadas desde que o partido assumiu o controle do BNDES. Imagine o leitor: temos no Brasil empresários tão petistas quanto seus operários. E arrematou ele: "Por motivações opostas".

Certa feita, quando o governo Lula se recusou a receber as rodovias pedagiadas do Rio Grande do Sul, ele me olhou com aquele ar de aí tem coisa e sentenciou: "Se o Tarso vencer, essas estradas vão para a União em estojo de veludo e serão recebidas com pompa e circunstância". Eu o chamei de paranóico e me recusei a continuar a conversa. Imagina! Só tu para afirmar um absurdo desses. "Quem viver, verá!" exclamou. Pois não é que ele tinha razão? Logo, logo, o pepino sairá das mãos do governador Tarso e irá para o colo da presidente Dilma. "Mudaram as condições políticas" é a frase com que o PT explica tamanha contradição.

Mas voltemos ao meu amigo. Diz-me ele: "Ninguém pode acusar o PT de fazer oposição cordial, bem educada, respeitosa, construtiva. Como o boxeador martela o fígado do adversário, ele cuida de desfigurar a imagem do opositor. Nariz, lábio e supercílio. Vencido o pleito, ocupada a cadeira, passa a cobrar o quê de seus opositores? Colaboração, e fidalguias. Talquinho e perfume. E até essa oposição esgualepada, esmilinguida, que aí está, passa a ser radical, insuportável e impertinente". Quem viver, verá.

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Cooperativa do MST é suspeita de desviar R$ 350 mil


Por JOSÉ MARIA TOMAZELA

Estadão Online

O Ministério Público Federal (MPF) investiga um possível golpe aplicado por uma cooperativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) contra 100 famílias do Assentamento Zumbi dos Palmares, em Iaras, no sudoeste paulista. De acordo com a denúncia, a Cooperativa de Comercialização e Prestação de Serviços dos Assentados da Reforma Agrária de Iaras e Região (Cocafi) usou o nome dos assentados para obter R$ 350 mil do Programa de Aquisição de Alimentos do governo federal, mas o dinheiro não chegou às famílias.

Cada assentado deveria receber R$ 3,5 mil que seriam pagos por meio da entrega de alimentos à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Como nenhum deles sabia da dívida, ninguém pagou e todos ficaram inadimplentes.


De acordo com o presidente da Associação Rural Zumbi dos Palmares (Arzup), José Antonio Maciel, as famílias só tomaram conhecimento quando o débito foi cobrado pela Conab, no final do ano passado. Ele disse que o dinheiro foi liberado por meio de um convênio firmado em 2009 entre a cooperativa e a superintendência paulista do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas sem o conhecimento dos assentados.


No lugar dos beneficiários, quem assinou o documento foi o então presidente da Cocafi, Miguel da Luz Serpa, coordenador regional do MST. Entre os inadimplentes está a esposa de Maciel, Ondina. "Ninguém viu a cor desse dinheiro", disse a assentada. A associação levou o caso ao MPF de Ourinhos, também no interior de São Paulo. A cooperativa já foi intimada para prestar contas.

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Decretada a ditadura na Venezuela


TEXTO IMPORTANTÍSSIMO!

Por G. Salgueiro

Notalatina

Antes de abordar o tema de hoje, quero dar uma informação gravíssima que parece não ter qualquer importância para os brasileiros, civis ou militares. Acabo de receber a notícia de que faleceu ontem, às 2 da madrugada, o delegado Roberto Esteban Constantino, de 81 anos de idade e pertencente à Polícia da cidade de La Pampa, Argentina, que estava preso na Unidade nº 4 do SPF. Seu falecimento deu-se em razão de uma lesão sofrida em uma das rótulas (fratura) ocorrido na citada unidade carcerária, e estando sob a responsabilidade do TOCF de Santa Rosa. Em que pese sua idade e seu mal estado de saúde, sua detenção foi ordenada durante a farsa do julgamento celebrado. Quer dizer, depois de ser operado do joelho esquerdo, ele faleceu por causas ainda não estabelecidas.

Em julho deste ano escrevi um artigo que foi publicado no Mídia Sem Máscara, no qual eu alertava que já haviam morrido na prisão 102 homens (militares, policiais e civis), em sua maioria com idade avançada, em decorrência do sórdido plano da esquerda continental de destruir as Forças Armadas e condenar aqueles que combateram o terrorismo e a subversão nas décadas de 60-80 na região. Que fique registrada a denúncia e que Deus acolha este guerreiro em Seu reino.

Em fins de novembro último Chávez fez um pronunciamento na Assembléia Nacional em cadeia de rádio e televisão, no qual exortava os parlamentares e as Forças Armadas a “radicalizarem a revolução”. Reproduzo textualmente sua inflamada e insana fala:

“E não só o Parlamento muito mais à esquerda (senão) muito mais radicalmente à esquerda, necessitamos de um governo mais radicalmente à esquerda, uma Força Armada (...) muito mais radicalmente revolucionária. Não deve haver capacidade em nossas fileiras civis, militares para as meias tintas. Não! Uma só linha: radicalizar a Revolução e isso deve sentir esta grosseira burguesia apátrida”. (...) “A burguesia venezuelana deve saber que vai lhe custar caro a agressão contra o povo”. (...) “Como é possível que continuemos permitindo, sob risco de que nos chamem de revolução boba, que partidos políticos, ONG, personalidades da contra-revolução continuem sendo financiadas com milhões do império yankee e façam uso da liberdade para violar a Constituição e desestabilizar o país? Imploro que se faça uma lei muito severa para impedir isso!”, disse.

Bem, nas últimas eleições realizadas em 26 de setembro passado, a nova Assembléia ficou assim: das 165 cadeiras 95 ficaram com os chavistas, 65 opositores (que através de uma mega fraude tiveram 65% dos votos que foram convertidos para o PSUV) e o resto de outros partidos que se mostram indecisos. O problema é que, para aprovar leis orgânicas, os congressistas têm que contar com dois terços majoritários e não maioria simples, como é o caso. Por isso Chávez tem pressa; muita pressa.

Nesse dia Chávez queria que fosse aprovado com urgência duas leis - que fazem parte do projeto comunista - de um conjunto de sete leis sobre a economia comunal. São elas a Lei de Fomento do Desenvolvimento da Economia Comunal, que inclui a criação do mercado de troca (já abordado desde 2006 por este blog, cujo vídeo recomendo enfaticamente), e a nova lei bancária que legaliza e permite a eventual nacionalização maciça dos bancos privados, quer dizer, o Estado se apropriando de tudo. Mais do que “nacionalização” das empresa privadas, a lei das comunas - já aprovada - hierarquiza a propriedade social acima da privada.

A partir 5 de janeiro a Assembléia Nacional já não contará com os tais dois terços chavistas, pois receberá os novos eleitos que farão oposição ao governo. Entretanto, no dia 15 Chávez fez com que o Congresso aprovasse um pacote de leis, junto à Habilitante, que lhe garante o direito de legislar por decreto em quase todos os setores durante os 18 meses restantes de seu governo, 20 dos quais já estão prontos. Quer dizer, os 65 deputados eleitos vão assumir já impotentes - ganharam mas não levaram -, uma vez que, com essa Lei Habilitante Chávez é absolutamente autônomo para legislar em seus lugares. Os deputados opositores repudiaram o “pacote de leis cubanas”, como eles estão chamando, qualificando-as de “ilegal, inconstitucional e imoral”. E tudo isto foi feito em apenas uma semana!

A Lei Habilitante, a reforma da Lei Resorte, a de Telecomunicações e o anúncio da próxima apresentação da Lei de Educação Superior, por seu conteúdo e imposição deixam mais do que claro o controle totalitário do governo na vida privada. As leis Resorte e de Telecomunicações visam ao controle da Internet, onde se estabelece um ponto único de acesso a este meio sob o controle do governo. Tudo o que entrará e sairá do país pela rede só será possível através desse ponto único, permitindo que o governo decida que mensagens poderão ou não circular pela rede. E o governo brasileiro também não está sinalizando para isto com a “Lei Geral de Comunicação Social”?

E na sexta-feira passada (17) começou o processo de expropriação, na verdade, roubo descarado, pois ninguém tem recebido indenizações por estes atos abusivos onde os legítimos proprietários não têm qualquer direito assegurado por lei, uma vez que todos os poderes venezuelanos já foram seqüestrados pelo ditador Chávez, inclusive e sobretudo a Justiça. A quem se queixar, se tudo é controlado pelo psicopata “bolivariano”? Lembro que o fazendeiro Franklin Brito morreu lutando pelo direito de reaver suas terras produtivas que foram tomadas pelo governo, de forma ilegal, arbitrária e nenhum órgão que se diz defensor dos “direitos humanos”, nem a malfadada OEA quis ouvir seus reclamos ou defendê-lo, nem mesmo depois de morto.

No sul do Lago Maracaibo, no estado Zulia, um grupo de produtores agropecuários realizou um fechamento nas proximidades do quilômetro 7 da rodovia Panamericana, em protesto pela intervenção em 47 fazendas na sexta-feira encabeçadas pelo presidente do INTI (Instituto de Terras), Juan Carlos Loyo, já pondo em prática as leis criadas por Chávez para determinar o fim da propriedade privada e o estabelecimento das comunas. A Guarda Nacional foi chamada para garantir as expropriações mas alguns proprietários se negaram a sair de suas fazendas, com toda a razão.

Uma das terras a ser expropriada, a fazenda “Los Peonios” pertencente a Jesús “Chucho” Meleán, foi protegida por uns 200 trabalhadores das terras que proibiram a ação dos funcionários do INTI e efetivos da milícia chavista. “Los Peonios” é uma das maiores fazendas, com 2.500 hectares e 100% produtiva, produzindo 16 mil litros de leite, conta com ambulatório médico, estradas internas e capital laborativo de mais de 200 trabalhadores. No vídeo que vocês verão mais abaixo, uma das funcionárias da fazenda faz um relato dramático em favor de seus patrões.

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