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Editorial Veja
Lula – O Filho do Brasil foi um fracasso de crítica. Foi também um fracasso de público: em vez dos 15 milhões de espectadores sonhados pelos produtores e pelos propagandistas do governo Lula, levou pouco mais de 1 milhão de pessoas ao cinema, número insuficiente para incluí-lo na lista dos dez filmes mais vistos do ano. Segundo a lógica do burocrata Roberto Farias, contudo, nada disso importava na hora de escolher a produção brasileira que tentará ser indicada ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2011. Em entrevistas nos últimos dias, o presidente da comissão encarregada de eleger o filme afirmou textualmente que a escolha não deveria recair nem sobre a melhor obra, nem sobre a maior bilheteria. Palavras proféticas: por unanimidade, a cinebiografia do presidente foi escolhida para representar o Brasil no Oscar.
Em vez de se pautar por um critério objetivo – a bilheteria –, ou de tentar alcançar um consenso estético, apontando um filme que se destacasse pela qualidade, a comissão adotou a estratégia absurda de advinhar o que vai pela cabeça da Academia americana. Foi também o que disse o burocrata Farias: “Para o Oscar, é preciso passar o filme que talvez tenha mais chance.”
Se fosse isso, seria apenas tolice. Mas é pior do que isso.
Na coletiva de imprensa depois do anúncio, Farias disse que Lula – O Filho do Brasil “não conta apenas a história do presidente, mas a de centenas de milhares de brasileiros”. Mentira. O filme é sobre Lula apenas. E é o presidente que a Comissão de Seleção homenageia – uma comissão pública, recheada de “intelectuais” com salário público – ao enviar para um prêmio internacional, como representante do país, um filme que fala de sua vida. Há uma expressão na teoria política para tratar disso: “culto da personalidade”.
Na União Soviética, poetas dedicavam odes, músicos dedicavam sinfonias, dramaturgos dedicavam peças a Stalin. Boa parte deles não participava do culto ao tirano por convicção, mas por medo. Os burocratas que escolheram o filme de Lula não têm nada o que temer. Seu servilismo é voluntário. Se o público não deu ao líder a bilheteria acalentada, os comissários o adulam com uma indicação ao Oscar. Os integrantes da banca foram Cássio Starling Carlos, Clélia Bessa, Elisa Tonelli, Frederico Barbosa Maia, Jean Claude Bernardet, Leon Kakoff, Márcia Lellis e Mariza Leão. A decisão, é bom repetir, foi unânime.
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Lula – O Filho do Brasil foi um fracasso de crítica. Foi também um fracasso de público: em vez dos 15 milhões de espectadores sonhados pelos produtores e pelos propagandistas do governo Lula, levou pouco mais de 1 milhão de pessoas ao cinema, número insuficiente para incluí-lo na lista dos dez filmes mais vistos do ano. Segundo a lógica do burocrata Roberto Farias, contudo, nada disso importava na hora de escolher a produção brasileira que tentará ser indicada ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2011. Em entrevistas nos últimos dias, o presidente da comissão encarregada de eleger o filme afirmou textualmente que a escolha não deveria recair nem sobre a melhor obra, nem sobre a maior bilheteria. Palavras proféticas: por unanimidade, a cinebiografia do presidente foi escolhida para representar o Brasil no Oscar.
Em vez de se pautar por um critério objetivo – a bilheteria –, ou de tentar alcançar um consenso estético, apontando um filme que se destacasse pela qualidade, a comissão adotou a estratégia absurda de advinhar o que vai pela cabeça da Academia americana. Foi também o que disse o burocrata Farias: “Para o Oscar, é preciso passar o filme que talvez tenha mais chance.”
Se fosse isso, seria apenas tolice. Mas é pior do que isso.
Na coletiva de imprensa depois do anúncio, Farias disse que Lula – O Filho do Brasil “não conta apenas a história do presidente, mas a de centenas de milhares de brasileiros”. Mentira. O filme é sobre Lula apenas. E é o presidente que a Comissão de Seleção homenageia – uma comissão pública, recheada de “intelectuais” com salário público – ao enviar para um prêmio internacional, como representante do país, um filme que fala de sua vida. Há uma expressão na teoria política para tratar disso: “culto da personalidade”.
Na União Soviética, poetas dedicavam odes, músicos dedicavam sinfonias, dramaturgos dedicavam peças a Stalin. Boa parte deles não participava do culto ao tirano por convicção, mas por medo. Os burocratas que escolheram o filme de Lula não têm nada o que temer. Seu servilismo é voluntário. Se o público não deu ao líder a bilheteria acalentada, os comissários o adulam com uma indicação ao Oscar. Os integrantes da banca foram Cássio Starling Carlos, Clélia Bessa, Elisa Tonelli, Frederico Barbosa Maia, Jean Claude Bernardet, Leon Kakoff, Márcia Lellis e Mariza Leão. A decisão, é bom repetir, foi unânime.
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