sábado, 31 de dezembro de 2011

PIB para inglês ver

Por: Roberto Freire

Site PPS

O partido da imprensa Governista está exultante com a informação do Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios (CEBR, na sigla em inglês) mostrando que o Brasil ultrapassou o Reino Unido e ocupa atualmente a sexta posição no ranking das maiores economias do mundo. Por esses dados, parece que finalmente a velha Europa estaria se curvando diante da nova potencia das Américas e sua pujante economia. No entanto, basta um olhar mais atento para perceber o engodo, pois os dados coligidos pelo referido centro tratam do volume de comércio do país no contexto da economia globalizada.

Na imprensa europeia, o Brasil, conhecido mais por suas mazelas e proverbial desigualdade, está se tornando rapidamente uma das locomotivas da economia global, por conta de seus vastos estoques de recursos naturais e classe média em ascensão. A fantasia do "Brasil grande", que embalou os sonhos e a propaganda da ditadura militar é o mesmo que embala os sonhos edulcorados do governo petista, sempre pródigo no auto-elogio.

Poderíamos abstrair que a renda per capita na Inglaterra é de 40 mil dólares enquanto no Brasil é 12 mil, ou ainda que o salário mínimoinglês é quatro vezes maior que o brasileiro, e comparar somente as condições sociais do Brasil e do Reino Unido para que a verdade se estabeleça no que é mais importante na vida social, a qualidade de vida de seus cidadãos.

A partir do relatório de 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano — IDH, da ONU, combina três dimensões: uma vida longa e saudável, retratado pela expectativa de vida ao nascer; o acesso ao conhecimento, por conta dos anos médios de estudo e anos esperados de escolaridade; e, por fim, um padrão de vida decente: PIB (PPC) per capita.

Seguindo estritamente essa metodologia veremos que, no que respeita a expectativa de vida, enquanto o Reino Unido, segundo dados da ONU, ocupa a vigésima segunda posição,com um percentual geral (homens e mulheres) de 79,4 anos de vida, o Brasil está na nonagésima segunda, com 72,4.

Se compararmos a mortalidade infantil, teremos um quadro mais esclarecedor de nossa condição. Enquanto no Reino Unido o índice de mortalidade infantil (mortes/1.000 nascimentos) é da ordem de 4,8%. Com uma taxa de mortalidade para menores de cinco anos (mortes/1.000 nascimentos) de 6%. No Brasil, tais índices são da ordem de 23,6% para mortalidade infantil (mortes/1.000 nascimentos). E de 29,1% para a taxa de mortalidade para menores de cinco anos (mortes/1.000 nascimentos).

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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Fascismo (mal) disfarçado

Por José Serra

O Globo, 22/12/2011

JoseSerra.com.br

Nos anos recentes, o ímpeto petista para cercear a liberdade de expressão e de impressa vem sendo contido por dois fatores: a resistência da opinião pública e a vigilância do Supremo Tribunal Federal. Poderia haver também alguma barreira congressual, mas essa parece cada vez mais neutralizada pela avassaladora maioria do Executivo.

É um quadro preocupante, visto que o PT só tem recuado de seus propósitos quando enfrenta resistência feroz. Aconteceu no Programa Nacional de Direitos Humanos, na sua versão petista, o PNDH-3. Aconteceu também na última campanha eleitoral, quando a candidata oficial precisou assumir compromissos explícitos com a liberdade para evitar uma decisiva erosão de votos.

Mas não nos enganemos. Qualquer compromisso do PT com a liberdade e a pluralidade de opinião e manifestação será sempre tático, utilitário, à espera da situação ideal de forças em que se torne finalmente desnecessário. Para o PT, não basta a liberdade de emitir a própria opinião, é preciso “regular” o direito alheio de oferecer uma ideia eventualmente contrária.

O PT construiu  e financia ao longo destes anos no governo toda uma rede para não apenas emitir a própria opinião e veicular a informação que considera adequada, mas para tentar atemorizar, constranger, coagir quem por algum motivo acha que deve pensar diferente. Basta o sujeito trafegar na contramão das versões oficiais para receber uma enxurrada de ataques, xingamentos e agressões à honra.

Outro dia um prócer do petismo lamentou não haver, segundo ele, veículos governistas. Trata-se de um exagero, mas o ponto é útil para o debate. Ora, se o PT sente falta de uma imprensa governista, que crie uma capaz de estabelecer-se no mercado e concorrer. Mas a coisa não vai por aí. O que o PT deseja é transformar em governistas todos os veículos existentes, para anular a fiscalização e a crítica.

O governo Dilma Rousseff deve ter batido neste primeiro ano o recorde mundial de velocidade de ministros caídos sob suspeita de corrupção. E parece ainda haver outros a caminho. As acusações foram veiculadas pela imprensa, na maioria, e a presidente considerou que eram graves o bastante, tanto que deixou os auxiliares envolvidos irem  para casa. Mas no universo paralelo petista,  e mesmo na alma do governo,  trata-se apenas de uma conspiração da imprensa.

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