domingo, 27 de maio de 2007

Partido de premier direitista vence na Irlanda


Sáb, 26 Mai, 10h03


Javier Aja Dublin, 26 mai (EFE).- O partido Fianna Fáil (FF), do primeiro-ministro irlandês, Bertie Ahern, venceu as eleições gerais de quinta-feira após obter 78 das 166 cadeiras que integram o Parlamento de Dublin (o "Dáil"), segundo os resultados da apuração final.


Ahern poderá agora assumir seu terceiro mandato consecutivo à frente do Governo irlandês, mas o partido de centro ficou a cinco cadeiras da maioria absoluta e deverá buscar apoio entre os partidos minoritários e deputados independentes.


As opções do FF são tantas e tão diferentes que entre os possíveis candidatos aparecem ecologistas, neoliberais, conservadores, trabalhistas e centristas.


Se seus planos negociadores forem adiante, com esse terceiro mandato consecutivo Bertie Ahern igualaria o "pai" do estado irlandês e fundador do FF, Éamon de Valera.


Independentemente da composição do futuro Executivo, Ahern deixa claro que os preceitos que guiam há uma década a bem-sucedida economia da República - baixos impostos, incentivos fiscais para as multinacionais, privatizações e flexibilidade trabalhista - não devem ser mudados.


"Devemos ter um programa para governar (...) É importante que formemos um Governo estável pelo bem da imagem interna e externa do país", disse o "Taoiseach" (primeiro-ministro).


O FF foi seguido pela principal legenda de oposição, o Fine Gael, do conservador Enda Kenny, com 51 deputados, e pelo Partido Trabalhista, de Pat Rabbitte, com 20.


Longe ficaram os atuais parceiros do FF no Governo irlandês, os Democratas Progressistas, que perderam seis de seus oito parlamentares, enquanto o Partido Verde ficou com os seis deputados que conseguiu em 2002.


O Sinn Féin, o braço político do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), também não ficou à altura das previsões ao perder uma das cinco cadeiras que tinha durante a legislatura anterior.


Os outros parlamentares, cinco no total, são candidatos independentes e algum deles poderia entrar no futuro Governo de coalizão se Ahern precisar de mais apoio.


No entanto, especula-se que Ahern ofereça a Rabbitte um posto no futuro Executivo, o que abriria então um intenso debate entre os trabalhistas partidários de chegar ao poder e os que se mantêm fiéis à idéia de oposição ao FF.


Sobre esse assunto, o líder esquerdista declarou que "não gostaria" fazer parte de um Governo com os republicanos, deixando entrever que, talvez, possa mudar de idéia caso seja o desejo de seu grupo parlamentar.


Ahern poderia até mesmo se aliar ao Partido Verde. O líder dos ecologistas, Trevor Sargent, pediu tempo para ver "como se desenvolverão as possíveis negociações", nas quais colocariam, por exemplo, a abolição de doações corporativas a partidos políticos e a aplicação de uma política energética sustentável.


Os verdes também buscam uma ampla reforma de serviços públicos, com a saúde e o transporte, setores que, na sua opinião, foram destruídos durante os dez anos de Governo do FF e do PD.


"Em princípio, será nosso partido que decidirá se pactuamos ou não. Vou me guiar pelo que disserem os membros do partido", disse Sargent.


Para Ahern, a lista de reivindicações dos ecologistas pode ser aceitável, desde que não influa negativamente no desempenho da economia.


A única legenda que parece descartada das combinações de Governo é o Sinn Féin, já que o FF acredita que suas teorias econômicas de esquerda radical podem frear o progresso da Irlanda. EFE

sábado, 26 de maio de 2007

Relação entre as FARC e o MST


Correio Braziliense


Maria Clara Prates

Do Estado de Minas

Enviada especial ao Paraguai


Salto del Guayrá - A presença do grupo guerrilheiro colombiano Forças Armadas Revoluncionárias da Colômbia (Farc) no Brasil não se restringe hoje apenas à montagem de bases estratégicas para o tráfico de drogas e armas na selva amazônica. As ações das Farc incluem o treinamento de criminosos e líderes de movimentos sociais, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Os centros estão montados estrategicamente na fronteira do Brasil com o Paraguai. Relatórios sigilosos em poder de autoridades brasileiras e paraguaias registram a ocorrência de pelo menos três cursos sobre técnicas de guerrilha destinados a brasileiros, realizados este ano - em maio, julho e agosto - na região de Pindoty Porã, departamento de Canindeyú, no Paraguai, cidade na fronteira com o Mato Grosso do Sul e o Paraná.


Pelo menos um desses cursos, sobre técnicas de primeiro socorros e contra-informação, que aconteceu entre 22 e 24 de julho, teve como público alvo integrantes do MST dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. Sob a batuta dos mesmos instrutores colombianos, o último treinamento, que aconteceu em 29 de agosto, foi destinado a integrantes de quadrilhas responsáveis pela segurança de pontos de distribuição de drogas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na instrução, foram passadas aos alunos brasileiros informações sobre uso em guerrilha urbana.


A escolha da região de Pindoty Porã pelas Farc não é aleatória. O local vem sendo usado, há pelo menos dois anos, como ponto estratégico para o tráfico de maconha, cocaína e armas, que prospera com a conivência de autoridades paraguaias e sob o beneplácito da frágil legislação daquele país.


Difícil acesso


Os levantamentos do Serviço de Inteligência Externa da Secretaria Nacional Antidrogas paraguaia revelam que um dos locais utilizados como centro de treinamento das Farc no Paraguai é a fazenda do brasileiro Dioclésio Festa, acusado de controlar o tráfico de cocaína no Sul do Brasil usando a rota de Salto del Guayrá. Sua propriedade está localizada no município de Itanarã e é equipada com pista de pouso para facilitar as ações.


O acesso é por precárias estradas vicinais de terra batida. Só quem conhece bem o local consegue chegar à fazenda. Uma grande reserva de mata de cerrado, protegida com recursos do Banco Mundial, torna ainda mais difícil o acesso e o patrulhamento eficiente da região. No local, está instalado um posto do Exército paraguaio semi-abandonado. Pistas de pouso clandestinastambém cortam toda a área. No período de capacitação dos sem-terra, o tempo ruim, com chuvas e baixíssimas temperaturas, comprometeu os exercícios externos e todo o curso aconteceu nas salas de aula.


Os relatórios trocados entre Brasil e Paraguai garantem existir um grande interesse das Farc em brasileiros, que nos últimos anos têm sido parceiros da guerrilha em atividades ilícitas como o tráfico de drogas e de armas. Eles confirmam também que os cursos ministrados pelas Farc são destinados a entidades civis organizadas e citam nominalmente o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Nos documentos, existem fartas informações sobre os instrutores dos treinamentos, que se escondem sob o manto dos codinomes.


Um dos colombianos responsável pelo treinamento de brasileiros é descrito como um homem com pleno domínio da língua portuguesa, mas que não consegue esconder o seu forte sotaque castelhano. É especialista em guerrilha rural e ideologia política, mas ensina também a manejar explosivos e pistolas e é um expert em artes marciais. Segundo os relatos dos serviços de informação, o instrutor é uma pessoa muito conhecida na fronteira e transita com desenvoltura por toda a região. Os serviços de inteligência do Brasil e do Paraguai tentam agora descobrir sua verdadeira identidade e, a partir disso, chegar ao restante do grupo - que muda conforme a técnica a ser repassada e o público alvo.


A coordenação geral do MST informou, através de sua assessoria de imprensa, em São Paulo, que não tem conhecimento da participação de integrantes do movimento em treinamentos promovidos pelas Farc no Paraguai. Segundo a assessoria, não é a primeira vez que o movimento é alvo de acusações infundadas. A coordenação ressaltou que o MST mantém relações de intercâmbio apenas com organizações camponesas na América Latina.


OS ALUNOS


Estes são alguns dos brasileiros que segundo investigações participaram dos cursos no Paraguai:


Nome usado no Brasil - Nome usado no curso


João José Saracuna;Franz Marimbondo; Severo Corticeira;Pereira Neguinho;Nunes Bem-te-vi;Alfeu Furão ;Sebastião Pescador;Brasil Viajante.


Empresários garantem impunidade à guerrilha


Falsos homens de negócio e agropecuaristas apóiam as operações guerrilheiras das Farc com recursos financeiros, amigos influentes e a colocação de aliados em órgãos de fiscalização do Paraguai


As apurações conjuntas de serviços de inteligência do Brasil e do Paraguai constataram que, para prosperar e garantir a impunidade, os integrantes das Farc contam com aliados que se apresentam como bem-sucedidos homens de negócio e agropecuaristas. Na cidade de Salto del Guayrá, capital do departamento de Canindeyú, a apenas uma hora de vôo de Pindoty Porã, o comerciante paraguaio Nicolas Tutunys é investigado como um dos parceiros da guerrilha.


Proprietário das empresas Tower's, que incluem posto de gasolina, lojas de importados, hotéis, concessionárias de veículos e fazendas, Tutunys praticamente controla a cidade. Suas lojas estão instaladas estrategicamente na Avenida Paraguai, a principal via de Salto del Guayrá, cidade que hoje funciona como uma opção a Ciudad del Este para a compra de equipamentos eletrônicos e todo o tipo de mercadoria contrabandeada.


A prosperidade do comerciante pode ser vista logo na entrada da cidade, onde está instalado um amplo shopping, que também faz parte das empresas de seu grupo. Seu sucesso financeiro o transformou, segundo investigações, num dos principais financiadores das atividades das Farc na região, algumas vezes cedendo os aposentos de seus hotéis para receber os guerrilheiros. A fachada legal de seus negócios, visível nas calçadas onde desfilam policiais com pesados armamentos, ajuda, segundo apurações das autoridades paraguaias, a esconder atividades ilícitas como o contrabando de armas, de cigarros e de produtos eletrônicos e a fazer a lavagem do dinheiro.


Além do comerciante paraguaio, o brasileiro José Leandro da Costa, proprietário da Casa Rossi, naquela cidade, dedicada ao comércio de armas de fogo e munições, também é investigado por ser um suposto fornecedor de armamento, dos mais variados calibres, para as Farc.


Políticos influentes


Mas somente fontes de financiamento não garantem o sucesso de ousadas investidas da guerrilha em território paraguaio e brasileiro e, por isso, vale lançar mão de amigos influentes para garantir impunidade e facilitar os negócios ilícitos. Apuração dos serviços de inteligência demonstra uma grande proximidade entre integrantes da guerrilha e o paraguaio Marciano Godoy, que é presidente da Associação Nacional Republicana, ligada ao Partido Colorado, no Departamento de Canindeyú.


Godoy é suspeito de ser o homem que abre as portas de órgãos públicos do Paraguai, como a Fiscalia e a Aduana, que funcionam nos moldes doMinistério Público e da Receita Federal, e a polícia para viabilizar as atividades criminosas de diferentes grupos, entre eles as Farc.Valendo-se de seu prestígio político, Godoy contribui para nomear para postos chaves seus aliados. No Brasil, outro aliado seria o cônsul do Paraguai em Guaira (PR), Mário Gonzales Cardoso, investigado por ligações ao roubo de veículos e carga e ao contrabando de cigarros e eletrônicos.


Todos negam qualquer envolvimento com organizações criminosas e com a guerrilha colombiana. Reafirmam que a saúde financeira é fruto de bons negócios legais.


Obs: Materia feita entre 2004/2005.

sábado, 19 de maio de 2007

Exclusivo - Crimes do Partido Comunista Brasileiro


No Brasil, fanatizados pela mesma ideologia ( O Comunismo ) e animados pelos mesmos propósitos indecifráveis que os conduziram à Intentona de 1935, os comunistas deram seguidas demonstrações de inaudita violência, ao perpetrarem crimes, com requintes de perversidade, para eliminar, não só seus "inimigos", as forças policiais, mas seus próprios companheiros.


O "Tribunal Vermelho", criado para julgar, sumariamente, todos aqueles que lhes inspiravam suspeitas e receios, arvorava-se em juiz e executor, fornecendo, ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), um espectro trágico e patético.Pelos casos conhecidos, pode-se inferir, também, que dezenas de outros crimes foram cometidos pelos comunistas, sem que houvessem vindo a público, escondidos pela "eficiência do trabalho executado".


Os casos a seguir relatados mostram, de um modo pálido, mas irretorquível, essa violência levada aos limites do absurdo.As famílias das vítimas não tiveram, como ainda não os têm, o reconhecimento e o amparo da sociedade.


Aos assassinados, cabe a afirmação de Merleau-Ponty:"Admitir-se-á talvez que eles eram indivíduos e sabiam o que é a liberdade. Não espantará se, tendo que falar do comunismo, nós tentamos vislumbrar, através nuvem e noite, estes rostos que se apagaram da terra".("Humanismo e Terror", Ed. Tempo Brasileiro, RJ, 1968, página 32).


- BERNARDINO PINTO DE ALMEIDA


Em 1935, ainda antes da Intentona, Honório de Freitas Guimarães ("Milionário"), membro do CC/PCB, denunciou Bernardino Pinto de Almeida, vulgo "Dino Padeiro", de traição.O "Tribunal Vermelho", cioso de suas atribuições, julgou-o culpado e perigoso para a ação armada que se avizinhava.O próprio Secretário-Geral do Partido, Antonio Maciel Bonfim, o "Miranda", decidiu executá-lo, com o auxílio de seu cunhado, Luiz Cupelo Colônio."Dino Padeiro", deslumbrado com a possibilidade de encontrar-se com o número um do Partido, foi atraído para um local ermo, próximo à então estação de Triagem da Central do Brasil, no Rio de Janeiro.Fora das vistas, "Miranda" desfechou-lhe uma coronhada e, em seguida, dois tiros de revólver. Tendo a arma enguiçado, tomou a de Cupelo e desfechou-lhe mais dois tiros, para ter a certeza da morte.Entretanto, por incrível que pareça, "Dino" sobreviveu e, socorrido por funcionários da ferrovia, pôde contar sobre a tentativa de crime.Ironicamente, o destino deu voltas.Mais tarde, Cupelo sentiria, em sua própria família, o peso da violência.


- AFONSO JOSÉ DOS SANTOS


Em 2 de dezembro de 1935, com os militantes do PCB entrando na clandestinidade pela derrota da Intentona, o "Tribunal Vermelho" julgou e condenou à morte Afonso José dos Santos.A vítima foi delatada por José Emídio dos Santos, membro do Comitê Estadual do PCB no Rio de Janeiro, que recebeu o encargo da execução.Três dias depois do "julgamento", José Emídio cometia o assassinato, na garagem da Prefeitura de Niterói.Impronunciado por falta de provas, só em 1941 o crime foi esclarecido.


- MARIA SILVEIRA


Elisiário Alves Barbosa, militante do PCB, quando estava na clandestinidade em São Carlos, cidade do interior paulista, apaixonou-se pela também militante Maria Silveira, conhecida como "Neli".Indo para o Rio de janeiro, o próprio Elisiário, após algum tempo de militância, acusou "Neli" de não mais merecer a confiança do Partido.O "Tribunal Vermelho" condenou-a à morte.Planejado o crime, os militantes Ricarte Sarrun, Antonio Vitor da Cruz e Antonio Azevedo Costa levaram-na, em 6 de novembro de 1940, até à Ponte do Diabo, na Estrada do Redentor, na Floresta da Tijuca.No transporte, usaram o táxi dirigido por Domingos Antunes Azevedo, conhecido por "Paulista".Logo ao chegar, "Neli" foi atirada da Ponte do Diabo por Diocesano Martins, que esperava no local. Mas, havia a possibilidade de que ela não morresse na queda. Para certificar-se da morte, Daniel da Silva Valença aguardava no fundo do abismo."Neli", entretanto, já chegou morta. Foi esquartejada por Valença, que procurou torná-la irreconhecível a fim de dificultar a identificação e apagar possíveis pistas.


- DOMINGOS ANTUNES AZEVEDO


Dois meses depois, os assassinos de "Neli" estavam preocupados com a possível descoberta do crime.Em 20 de janeiro de 1941, reunidos, verificaram que o ponto fraco era o motorista do táxi, Domingos Antunes Azevedo.Decidiram eliminá-lo.Antonio Vitor da Cruz e Antonio Azevedo Costa, "amigos" do motorista, atrairam-no para um passeio na Estrada da Tijuca.Foram também, Diocesano Martins e Daniel da Silva Valença, este sentado ao lado do motorista.Num local em que o táxi andava bem devagar, Diocesano desfechou três tiros na vítima, que tombou de bruços sobre o volante.Valença freiou o carro e o cadáver foi atirado à margem da estrada.Segundo eles, os assassinatos de "Neli" e do "Paulista", em nome do Partido Comunista, jamais seriam descobertos.Esses foram alguns dos crimes cometidos pelo PCB, há mais de 60 anos. Mais tarde, muito mais tarde, esse Partido de Prestes não iria juntar-se às dezenas de organizações comunistas que defenderiam a sangrenta luta armada como o único caminho para a tomada do poder.


- O ASSASSINATO DE ELZA FERNANDES


Desde menina, Elvira Cupelo Colônio acostumara-se a ver, em sua casa, os numerosos amigos de seu irmão, Luiz Cupelo Colônio. Nas reuniões de comunistas, fascinava-se com os discursos e com a linguagem complexa daqueles que se diziam ser a salvação do Brasil. Em especial, admirava aquele que parecia ser o chefe e que, de vez em quando, lançava-lhe olhares gulosos, devorando o seu corpo adolescente. Era o próprio Secretário-Geral do Partido Comunista do Brasil (PCB), Antonio Maciel Bonfim, o "Miranda".Em 1934, então com 16 anos, Elvira Cupelo tornou-se a amante de "Miranda" e passou a ser conhecida, no Partido, como "Elza Fernandes" ou, simplesmente, como a "garota". Para Luiz Cupelo, ter sua irmã como amante do secretário-geral era uma honra. Quando ela saiu de casa e foi morar com o amante, Cupelo viu que a chance de subir no Partido havia aumentado.Entretanto, o fracasso da Intentona, com as prisões e os documentos apreendidos, fez com que os comunistas ficassem acuados e isolados em seus próprios aparelhos.


Nos primeiros dias de janeiro de 1936, "Miranda" e "Elza" foram presos em sua residência, na Avenida Paulo de Frontin, 606, Apto 11, no Rio de Janeiro. Mantidos separados e incomunicáveis, a polícia logo concluiu que a "garota" pouco ou nada poderia acrescentar aos depoimentos de "Miranda" e ao volumoso arquivo apreendido no apartamento do casal. Acrescendo os fatos de ser menor de idade e não poder ser processada, "Elza" foi liberada. Ao sair, conversou com seu amante que lhe disse para ficar na casa de seu amigo, Francisco Furtado Meireles, em Pedra de Guaratiba, aprazível e isolada praia da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Recebeu, também, da polícia, autorização para visitá-lo, o que fez por duas vezes.


Em 15 de janeiro, Honório de Freitas Guimarães, um dos dirigentes do PCB, ao telefonar para "Miranda" surpreendeu-se ao ouvir, do outro lado do aparelho, uma voz estranha. Só nesse momento, o Partido tomava ciência de que "Miranda" havia sido preso. Alguns dias depois, a prisão de outros dirigentes aumentou o pânico. Segundo o PCB, havia um traidor. E o maior suspeito era "Miranda".


A reação do "Cavaleiro da Esperança" foi imediata. No dia seguinte, escreveu uma carta aos membros do "Tribunal", tachando-os de medrosos e exigindo o cumprimento da sentença. Os trechos dessa carta de Prestes, a seguir transcritos, constituem-se num exemplo candente da frieza e da cínica determinação com que os comunistas jogam com a vida humana:


"Fui dolorosamente surpreendido pela falta de resolução e vacilação de vocês. Assim não se pode dirigir o Partido do Proletariado, da classe revolucionária." ... "Por que modificar a decisão a respeito da "garota"? Que tem a ver uma coisa com a outra? Há ou não há traição por parte dela? É ou não é ela perigosíssima ao Partido...?" ... "Com plena consciência de minha responsabilidade, desde os primeiros instantes tenho dado a vocês minha opinião quanto ao que fazer com ela. Em minha carta de 16, sou categórico e nada mais tenho a acrescentar..." ... "Uma tal linguagem não é digna dos chefes do nosso Partido, porque é a linguagem dos medrosos, incapazes de uma decisão, temerosos ante a responsabilidade. Ou bem que vocês concordam com as medidas extremas e neste caso já as deviam ter resolutamente posto em prática, ou então discordam mas não defendem como devem tal opinião."


Ante tal intimação e reprimenda, acabaram-se as dúvidas. Lauro Reginaldo da Rocha, um dos "tribunos vermelhos", respondeu a Prestes:


"Agora, não tenha cuidado que a coisa será feita direitinho, pois a questão do sentimentalismo não existe por aqui. Acima de tudo colocamos os interesses do PCB."


Decidida a execução, "Elza" foi levada, por Eduardo Ribeiro Xavier ("Abóbora"), para uma casa da Rua Mauá Bastos, Nº 48-A, na Estrada do Camboatá, onde já se encontravam Honório de Freitas Guimarães ("Milionário"), Adelino Deycola dos Santos ("Tampinha"), Francisco Natividade Lira ("Cabeção") e Manoel Severino Cavalcanti ("Gaguinho").


Elza, que gostava dos serviços caseiros, foi fazer café. Ao retornar, Honório pediu-lhe que sentasse ao seu lado. Era o sinal convencionado. Os outros quatro comunistas adentraram à sala e Lira passou-lhe uma corda de 50 centímetros pelo pescoço, iniciando o estrangulamento. Os demais seguravam a "garota", que se debatia desesperadamente, tentando salvar-se. Poucos minutos depois, o corpo de "Elza", com os pés juntos à cabeça, quebrado para que ele pudesse ser enfiado num saco, foi enterrado nos fundos da casa. Eduardo Ribeiro Xavier, enojado com o que acabara de presenciar, retorcia-se com crise de vômitos.


Perpetrara-se o hediondo crime, em nome do Partido Comunista.


Poucos dias depois, em 5 de março, Prestes foi preso em seu esconderijo no Méier. Ironicamente, iria passar por angústias semelhantes, quando sua mulher, Olga Benário, foi deportada para a Alemanha nazista.


Alguns anos mais tarde, em 1940, o irmão de "Elza", Luiz Cupelo Colônio, o mesmo que auxiliara "Miranda" na tentativa de assassinato do "Dino Padeiro", participou da exumação do cadáver. O bilhete que escreveu a "Miranda", o amante de sua irmã, retrata alguém que, na própria dor, percebeu a virulência comunista:


"Rio, 17-4-40"


Meu caro Bonfim


Acabo de assistir à exumação do cadáver de minha irmã Elvira. Reconheci ainda a sua dentadura e seus cabelos. Soube também da confissão que elementos de responsabilidade do PCB fizeram na polícia de que haviam assassinado minha irmã Elvira. Diante disso, renego meu passado revolucionário e encerro as minhas atividades comunistas.


Do teu sempre amigo, Luiz Cupelo Colônio".

segunda-feira, 7 de maio de 2007

A Direita moderna ganhou na França


O candidato de centro-direita, Nicolas Sarkozy, do UMP(União por um Movimento Popular), venceu as eleições presidenciais da França com uma folga de 6% dos votos válidos em cima da sua oponente, a socialista Segolène Royal.


Sarkozy prometeu diminuir impostos, simplificar contratos de trabalho, reduzir a imigração ilegal, baixar a maioridade penal para 16 anos, etc. Ele vai suceder o aliado Jacques Chirac, que está há 12 anos no poder. A posse está marcada para o próximo dia 16.


Site:Diego Casagrande

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Liberdade de imprensa cai na América Latina


O relatório anual da ONG americana Freedom House sobre a imprensa mundial afirma que apenas 48% dos países latino-americanos apresentam liberdade de imprensa. Em 2002, o percentual era de 60%. Para a entidade, a queda reflete um “declínio general” nas condições de trabalho para os jornalistas da região. Nas Américas, o estudo indica que há imprensa livre em 17 países; liberdade parcial em 16 (entre eles, o Brasil) e imprensa controlada em dois (Cuba e Venezuela).


De acordo com o levantamento, entre 2005 e 2006, "houve retrocessos em Venezuela, Argentina, Brasil e outros países latino-americanos, em alguns casos devido à ação do Estado, em outros devido a uma piora no ambiente de segurança".


"Mais preocupante, a pontuação dos países nos últimos 16 anos indica um declínio generalizado na liberdade de imprensa nas Américas. O número de países com liberdade caiu de 22, em 1990, para 17, em 2006, a queda mais significativa em todas as regiões", diz o levantamento.


O Brasil ocupa a 22ª posição no continente, atrás da Bolívia (18ª) e do Equador (21ª), mas à frente de México (27ª), Argentina (28ª) e Venezuela (34ª). A ONG, que estudou 195 países, indica que há imprensa livre em 74 países, liberdade parcial em 58 e controle dos jornalistas nos demais 63 países. O ranking é liderado pela Finlândia e tem a Coréia do Norte na última posição.


Fonte: Diegocasagrande.com.br