sábado, 6 de outubro de 2007

APRENDENDO A SER UM MISERÁVEL

por Marcelo Scotton

Um amigo petista disse que Lula e o PT gostam de pobres. Concordei na hora, é claro. Tanto gostam que mantêm o país com uma massa de pobres e miseráveis do jeito que estão, devidamente abastecidos com programas assistencialistas paliativos e nenhuma perspectiva de sair dessa situação. O desemprego continua em alta, de mãos dadas com o Bolsa Família.

Na marcha rumo ao modelo venezuelano de massificação da pobreza, a classe média sofreu um duro golpe: a prorrogação da CPMF. Ou seja: não satisfeitos com o elevado número de pobres e miseráveis existentes no país, a saída agora é achatar a classe média, trazendo-a para a pobreza, impingindo-lhes impostos cada vez maiores e retorno cada vez menor.

É claro que a classe média também tem culpa no cartório. Afinal, senão toda ela, ao menos boa parte oferece cumplicidade ao governo que aí está. Não só nos conceitos politicamente corretos, mas também na aceitação da barganha que o governo oferece. Assim como a felicidade dos pobres é garantida com o assistencialismo paliativo e populista, a felicidade da classe média é mantida com a oferta de milhares de concursos públicos todos os anos.


O que poucos pensam – ou tem condição de pensar – é como estes milhares de empregos públicos criados a cada ano serão pagos. Muitos pensam que a solução é a simples emissão de moedas, desconsiderando os princípios da inflação.

É claro que os empregos públicos serão pagos com o aumento maciço dos impostos e com o acréscimo da dívida pública interna, atualmente impagável. Quanto mais impostos, menos dinheiro no nosso bolso, e mais dinheiro no bolso do estado. E a qualidade da aplicação deste dinheiro, todos nós já conhecemos muito bem qual é.

Enquanto o mundo inteiro caminha para o progresso econômico, caminhamos para um retrógrado socialismo barato, onde toda a economia do país ficará cada vez mais na mão do estado. E nós, cada vez mais dependentes dele.


Ali Kamel, jornalista de O Globo, denunciou o que vem sendo ensinado nas escolas públicas no Brasil: a adoração a líderes sanguinários de esquerda como Mao Tse Tung e Fidel Castro e a criação de inúmeras inverdades históricas, como o motivo da derrocada da URSS e os conceitos – deturpados – de capitalismo e socialismo. Será que um dia vão nos ensinar a gostarmos de ser miseráveis? Quem sabe a gente não se acostuma?

Materia do Site Diego Casagrande

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

BOQUINHA INSACIÁVEL

por Valdo Cruz, na Folha de S.Paulo

Nunca antes na história deste país falou-se tão aberta e explicitamente de distribuição de cargos entre os partidos da base aliada. Taí, essa bem que poderia ser mais uma das inúmeras conquistas que o presidente Lula costuma alardear como realizações de seu governo.

Não que ela seja uma prática nova, mas é fato que na administração petista passou a ser debatida à luz do dia. Talvez até seja uma virtude, expor publicamente as mazelas do jogo do fisiologismo. Quem sabe o eleitor um dia se toca e toca pra fora do Congresso esse pessoal.

Essa, sim, seria uma grande realização lulista, que sucumbiu ao toma-lá-dá-cá, como seus antecessores. Os petistas se defendem dizendo que foram obrigados a seguir a mesma trilha para governar o país.

Nada mais falso. Se tem um partido que se converteu rápida e alegremente à corrida por cargos públicos, foi o PT. Como, então, condenar o apetite dos aliados por boquinhas em ministérios e estatais se o deles é insaciável?

Por sinal, aí está a origem da derrota imposta pelos senadores peemedebistas ao governo na semana passada. Silenciosamente, petistas foram roubando cargos do setor elétrico sob controle do PMDB.

De uma lista de 26 cargos pleiteados pelo partido ao Palácio do Planalto, cerca de dez ainda estão indefinidos. A maioria em estatais ligadas ao Ministério de Minas e Energia, onde se concentra o interesse dos senadores peemedebistas, e o PT foi acampando como quem não queria nada. O que os peemedebistas não dizem abertamente, mas protestam reservadamente, é que essa estratégia contou com o aval do presidente Lula, que acabou recebendo o troco no Senado.

O fato é que o PMDB mostrou ao presidente que sabe lidar com seu jogo de empurra, que costuma prometer, mas cumprir só com a faca no pescoço. Algo lá não muito eficiente. Mas, se essa é a regra, diz o PMDB, que seja seguida. Com muito prazer.