sábado, 30 de junho de 2007

Cuba, a ilha-prisão - Politica e Sociedade


Escrito por Marcelo Andrade


"A revolução de Fidel foi a revolução do ódio, da vingança e das vítimas."(Papa João Paulo II)


Passados quase dez anos da queda do muro de Berlim, ainda há muitas pessoas que admiram Cuba e seu ditador, Fidel Castro. Na verdade, desde muito tempo, Cuba é um mito, não só dos comunistas e dos esquerdistas. Há vários católicos e religiosos que elogiam a ilha-prisão, o que é vergonhoso. Fala-se muito de sua baixa mortalidade infantil, de seus sistemas de saúde e de ensino, da ausência de desigualdades sociais. E, cúmulo do absurdo, dizem que Cuba é o retrato da verdadeira solidariedade cristã! Faremos aqui um breve resumo da história e da realidade atual de Cuba para mostrar que a ilha está longe de ser um "paraíso" como imaginam os seus admiradores. Baseamos nosso trabalho no "Le livre noir du communisme", e em diversos artigos de jornais e revistas: "O Estado de São Paulo", "Veja" e em especial no artigo de 28/12/98 da "Folha de São Paulo".


O objetivo maior da frente de oposição a Fulgêncio Batista (Fidel Castro fazia parte dela) era derrubá-lo do poder e fazer eleições, pois diziam querer a Democracia para Cuba. O próprio Fidel, em 1957, admitiu que não queria o poder; só queria voltar a advogar.


Fidel tomou o poder em 1959, e aí começou o terror: foram executadas 600 pessoas em 5 meses. Muitos desses assassinatos foram transformados em espetáculo ao estilo da Velha Roma. A multidão, excitada pelos revolucionários, apontava para as vítimas e gritava : "É digno de Roma Antiga!". O ditador começa também a perseguir seus antigos companheiros.


Os ex-aliados de Fidel, vendo que foram traídos, formaram uma guerrilha nas montanhas de Escambray, mas foram vencidos pelo ditador e levados para o trabalho forçado nas plantações de tabaco.


Logo depois da tomada do poder, Fidel proibiu associações e suspendeu os direitos fundamentais dos cidadãos. Fez uma "limpeza", livrando-se dos opositores (matando, exilando ou prendendo) no melhor estilo de Stalin, verdadeiros "Processos de Moscou" em Havana. Em 1961, 131 padres são expulsos da ilha. Fidel diz num discurso: "quero que a cúria falangista faça as malas".


Em 1962 as greves são proibidas. Logo depois, Fidel cria a DSE (polícia interna), conhecida pelos cubanos como "Gestapo vermelha", para repressão dos opositores do regime. Torturas e ameaças foram usadas em grande escala para amedontrar a população.


Em 1965 foram criados os campos de concentração, os "UMAP". Mais de 30.000 pessoas foram levadas a eles, entre religiosos e "perigosos para o sistema". Foram tão desumanos que geraram protestos internacionais até de comunistas.


Em 1978 foi aprovada a lei da "periculosidade pré-delitiva", que em muito lembra o período do terror da Revolução Francesa e da época nazista. De acordo com essa lei, qualquer cidadão poderia ser preso por mera suspeita se as autoridades achassem que ele era perigoso para o Estado, e com isso podia ser torturado, preso ou enviado para os campos de trabalho forçado.


Com tanta repressão, muitos habitantes fugiram com barcos precários pelo mar, os famosos "balseros", 7.000 morreram. Fidel Castro, num ato de fúria, chegou a mandar helicópteros para afundá-los.


De acordo com as contas dos exilados cubanos de Miami e do "Le livre noir du communisme", de 1959 até hoje, Fidel Castro matou mais de 15.000 pessoas e exilou quase 2.000.000 de habitantes (quase 20% da população), incluindo sua filha Alina Fernandez (ela se recusa a usar o sobrenome "Castro").


Fidel Castro roubou as propriedades privadas das pessoas e da Igreja Católica, transformando-as em domínio público. Na verdade, transformou-as em suas propriedades, porque faz o que bem entender com elas.


Feito o terror e consolidado o poder, Fidel Castro transformou a ilha num satélite da antiga URSS, com a única diferença de que ela não precisou construir muro ou ter cerca eletrificada, pois ela é cercada de tubarões.


A economia socialista nunca funcionou bem em Cuba (aliás, em nenhum lugar do mundo deu resultado), já que sempre precisou do auxílio da antiga URSS, com a qual trocava petróleo por cana-de-açúcar, realizando um dos melhores négocios do mundo.


Cuba sempre foi sustentada artificialmente pelo bloco soviético. Mas, agora que a "mesada" de Moscou acabou, o ditador foi obrigado a promover reformas capitalistas para sobreviver. Os dados sociais sempre foram "maquiados", nunca correspondendo à realidade das coisas.


Segundo dados do governo cubano (que não são muito dignos de confiança), a mortalidade infantil de Cuba é uma das menores do mundo. Entretanto, esses dados perdem a consistência quando se analisa a taxa de abortos na ilha. É comum as mulheres fazerem 4 ou 5 abortos antes de terem o primeiro filho. O Estado dá todas as condições para as mulheres praticarem o assassinato intra-uterino, já que o aborto é legalizado.


Em Cuba existem duas classes sociais: a de Fidel e seus asseclas, e a do resto da população. A primeira vive muito bem, usufruindo de todos os bens de consumo que o dólar pode comprar (Fidel Castro anda de carro Mercedes-Benz, possui mordomo e adora lagostas).


A segunda é obrigada, por exemplo, a contentar-se com: ½ Kg de carne de porco misturada com soja a cada 15 dias; ½ Kg de carne de vaca e um sabão em pedra a cada 2 meses; 1 par de sapatos a cada 6 meses.


Os salários, apenas para exemplificar: um engenheiro ganha US$ 40, um jornalista US$ 30 e uma faxineira US$ 5 (não deveriam ganhar a mesma coisa?). Para efeito de comparação, uma refeição nos restaurantes ("paladares") custa em torno de US$ 20. Taxistas, porteiros e carregadores de hotéis 5 estrelas, prostitutas (Cuba é um dos destinos preferidos do chamado "turismo sexual") são os que ganham mais, pois recebem gorjetas em dólares. A maioria das pessoas, para não passar fome, faz "bicos" ou trabalha no mercado negro.


Apesar de ser uma ilha, em Cuba a pesca não é estimulada, pois Fidel tem medo que os pescadores fujam com seus barcos.


Para os que não pertencem ao PCC (Partido Comunista Cubano) não há a mínima condição de ascensão social.


Em Cuba, nas cidades, há bairros com esgotos a céu aberto, racionamentos de água, luz e combustíveis. Boa parte vive em cortiços, onde várias famílias se amontoam em espaços exíguos. Há fome no campo, principalmente na região de Guantânamo.


Na ilha havia muitos colégios católicos. Fidel confiscou-os e transformou-os em colégios ateus. Onde era ensinado Catolicismo, hoje se ensina a retórica ultrapassada e macabra do marxismo-leninista.


O governo cubano é nitidamente anti-católico. Os habitantes ficaram privados, durante 28 anos, da festa do Natal. Não podem construir Igrejas nem fazer procissões. Até 1992 o PCC não admitia cristãos entre seus membros.


Na saúde, só os membros do PCC têm acesso aos melhores tratamentos. O resto da população convive com racionamento, ou total falta de medicamentos.


De acordo com "Human Rights Watch", Cuba possui 800 presos políticos. Basta ter mera dissidência política para ser preso; não existem as mínimas garantias processuais.


Vivia-se muito melhor na época de Fulgêncio Batista, porque a repressão não era tão violenta, o aborto era proibido, havia várias escolas católicas, liberdade de culto para os católicos, possibilidade de ascensão social e respeito às propriedades privadas. Cuba, nessa época, possuía a 3a renda "per capita" da América Latina. Com Fidel, tem a 15a .


A história de Cuba de 1959 até hoje mostra um país marcado pela repressão brutal, pelo cerceamento das liberdades religiosas, espoliação das propriedades privadas, assassinatos, massacres e um nível de vida péssimo.


É inacreditável, portanto, ver pessoas elogiando Cuba e seu tirano Fidel Castro. Infelizmente, ainda existem aqueles que gostam dos regimes socialistas que tanta desgraça causaram ao mundo.


Algum tempo atrás, o ditador cubano ganhou o inusitado "Prêmio Muamar Kadafi de direitos humanos". Só falta, agora, ele ganhar algum prêmio instituído por Sadam Hussein ou por Milosevic.


O escritor cubano exilado Cabrera Infante definiu Fidel Castro como sendo: "O Idi Amin Dada branco" (referência ao ditador africano, famoso por sua tirania e crueldades).


Acreditamos que o escritor exagerou, foi muito ríspido, pois Idi Amin poderia ter ficado ofendido..


sábado, 23 de junho de 2007

Europa condena crimes Comunistas


ASSEMBLEIA PARLAMENTAR DO CONSELHO DA EUROPA


Estrasburgo, 25 de Janeiro de 2006


Necessidade de uma condenação internacional dos crimes cometidos pelos regimes comunistas totalitários.


Resolução 1481 (2006)


2. Os regimes totalitários comunistas que governaram na Europa Central e de Leste no século passado, e que continuam ainda no poder em diversos países do mundo, caracterizaram-se, sem excepção, por violações massivas dos direitos humanos. As violações variaram consoante a cultura, o país e o período histórico e incluíram assassínios e execuções individuais e colectivas, mortes em campos de concentração, morte pela fome, deportações, tortura, trabalho forçado e outras formas de terror físico de massas, perseguição por motivos étnicos ou religiosos, atentados à liberdade de consciência, de pensamento e de expressão e à liberdade de imprensa e falta de pluralismo político.


3. Os crimes eram justificados em nome da teoria da luta de classes e do princípio da ditadura do proletariado. A interpretação destes dois princípios tornava legítima a "eliminação" das categorias de pessoas consideradas prejudiciais à construção de uma sociedade nova e, por conseguinte, como inimigos dos regimes comunistas totalitários. Em cada país, as vítimas eram em grande parte nacionais desse país. Foi o caso nomeadamente das populações da ex-URSS que, em número, foram mais vitimadas do que outras nacionalidades.


5. A queda dos regimes comunistas totalitários da Europa Central e Oriental não foi seguida de uma investigação internacional exaustiva e aprofundada, nem de um debate sobre os crimes cometidos por esses regimes. Além disso, os crimes em questão não foram condenados pela comunidade internacional, como foi o caso dos crimes horrendos cometidos pelo nacional-socialismo (nazismo).


6. Em consequência, o grande público está muito pouco consciente dos crimes cometidos pelos regimes comunistas totalitários. Os partidos comunistas são legais e ainda activos em certos países, mesmo quando não se demarcaram dos crimes cometidos no passado pelos regimes comunistas totalitários.


7. A Assembleia está convencida que a tomada de consciência da história é uma das condições a preencher para evitar a repetição de tais crimes no futuro. Além disso, o julgamento moral e a condenação dos crimes cometidos assumem um papel importante na educação dada às novas gerações. Uma posição clara da comunidade internacional sobre este passado poderá servir de referência para a sua acção futura.


9. Ainda subsistem regimes comunistas totalitários em alguns países do mundo e estes continuam a cometer crimes. Os pretensos interesses nacionais não devem impedir os países de criticar devidamente os regimes comunistas totalitários actuais. A Assembleia condena vivamente todas as violações de direitos do homem.


13. Além disso, convida todos os partidos comunistas e pós-comunistas dos seus Estados-membros que ainda o não tenham feito, a reexaminarem a história do comunismo e o seu próprio passado, e a demarcarem-se claramente dos crimes cometidos pelos regimes comunistas totalitários e condená-los sem ambiguidade.


terça-feira, 12 de junho de 2007

MICARETA

Por Fábio Rabello


Protestos públicos estão entrando na moda. A cada dia da semana pode-se assistir a um protesto diferente, numa cidade diferente e por um motivo diferente. O problema maior é que há sempre mais protestos que causas e, como já disse, a manifestação popular virou mania, virou vício. É prazeroso provocar tumulto no meio da Paulista, às três da tarde. É prazeroso abandoar o trabalho pela metade e ir tomar sol e chupar sorvete no centro da cidade. E com um pouquinho de sorte, pode-se aparecer na tv, à noite, segurando aquele toco de madeira com o qual se arrebentou a vidraça do Banco. Mais tarde, depois de gravar o noticiário no videocassete, descobre-se que a manifestação nada tinha a ver com Bancos. O importante, no entanto, é estar na moda. E disso brasileiro entende.


Quando George W. Bush, presidente do Estados Unidos, veio a São Paulo, uma multidão tomou conta das ruas da capital em protesto à visita. “Fora, Bush!”, gritava o povo. “Fora, George W. Bush!”, escreviam os mais estudados numa folha de cartolina velha e suja. Enquanto isso, uma equipe de reportagem de uma das maiores emissoras de rádio do país se encarregou de perguntar aos manifestantes o motivo pelo qual eles faziam tal protesto. “Por causa do Bush”, respondiam. “Quem é Bush”, insistia o repórter. “O homi que qué pegá o Bin Laden”, era a resposta mais ouvida. Ou então “A gente qué que ele vai embora!”. Como se vê, a maioria dos manifestantes não sabia o que e nem por que estava lá. Aquelas pessoas todas eram levadas pelo sentimento irracional do coletivo. É triste, mas a maioria das manifestações populares no Brasil tem um fundamento tão nítido quanto a comemoração do Carnaval. Todo mundo participa, comemora, mas ninguém sabe ao certo o quê. A única diferença entre as duas festas é que, nas manifestações públicas, nem sempre é obrigatório se despir.


Há pouco mais de dez dias, a Rádio Caracas Televisão era a maior emissora da Venezuela. A RCTV, como se tornou conhecida, foi tirada do ar por Hugo Chávez, presidente daquele país, sob a acusação de denegrir a imagem do governo venezuelano. A partir dessa premissa, Chávez fechou a maior instituição democrática de seu país e, por esse motivo, deu margem à realização de protestos públicos violentos. Os venezuelanos mobilizaram a nação com propósito e causa definidos: resgatar o caráter democrático do país. Um terço da população, no entanto, apoiou a atitude de Chávez. Um fato simples de ser explicado. O governo tem um programa que distribui dinheiro àqueles que se registram ao partido do presidente e, por esse motivo, eles passam a apoiá-lo. Não sei o nome do projeto venezuelano, mas sei que aqui no Brasil ele se chama Bolsa Família. Há, no entanto, que se ressaltar uma diferença entre os dois projetos. O de Lula atinge um número muito maior da população. Seria de esperar, então, que os venezuelanos protestassem mais, e os brasileiros, persuadidos pela esmola, menos. Mas não é o que acontece, pois, como já foi dito, tem-se que levar em consideração o caráter carnavalesco do brasileiro. Por isso mesmo, há uma lei em projeto na cidade de São Paulo que, se aprovada, obrigará toda manifestação popular acontecer às margens do rio Tietê, no sambódromo da capital.


Lula poderia imitar o governo de Chávez mais uma vez e fechar também nossa maior emissora de televisão. Eu o apoiaria. Eu concordaria com Lula. Quem sabe vetar aquela novelinha de final de tarde com sua meia dúzia de bonitões seminus não nos faria levantar do sofá para organizar mais um efusivo protesto?


Mesmo tendo certeza de que a manifestação teria como causa primeira a derrubada do governo pela simples volta da baixaria às telas, ainda assim, estaríamos em vantagem.

domingo, 3 de junho de 2007

Nova Batalha entre Nicolas Sarkozy e Segonele Royal


A menos de duas semanas das eleições, direita e esquerda jogam suas forças na batalha pelas legislativas na França: o presidente Nicolas Sarkozy, em posição de força, participava nesta terça-feira de um comício eleitoral no Havre, enquanto os líderes socialistas se uniram para um discurso em Paris.


Este confronto a distância entre Sarkozy e Ségolène Royal, derrotada na eleição presidencial de 6 de maio, aparece como uma espécie de "terceiro turno", com resultado, no entanto, mais uma vez favorável à direita.


O novo presidente estava no Havre (noroeste) para "uma grande congregação republicana", que será sua única participação na campanha.


"Não se deve cair na hipocrisia. É normal e coerente que o presidente da República queira poder aplicar o projeto que conseguiu fazer aprovar surante sua campanha", afirmou Patrick Devedjian, o novo secretário-geral da União por um Movimento Popular (UMP).


Nicolas Sarkozy, que conta, segundo uma pesquisa, com um nível de aprovação de 65%, escolheu para apresentar novamente seu programa uma cidade dirigida por um prefeito de centro-direita mas que acabou votando em Ségolène Royal no segundo turno da eleição presidencial.


Logo depois das legislativas de 10 e 17 de junho, ele pretende levar à aprovação dos deputados leis fiscais, penais, sobre a segurança e a imigração, além de uma lei sobre a autonomia das universidades, no contexto da "ruptura" que prometeu aos franceses.


A intervenção de um chefe de Estado numa campanha para legislativas é inusual na França, mas não inédita: Valéry Giscard d''Estaing (centro-direita) interveio em 1978, e o socialista François Mitterand, em 1986.


As pesquisas sobre as intenções de voto dos franceses são todas amplamente favoráveis à direita. Segundo a última pesquisa, do instituto Ipsos, a UMP reúne 43,5% dos votos, contra 28,5% do Partido Socialista (PS) e seus aliados.


Depois do segundo turno das legislativas, a UMP e seus aliados de direita devem obter entre 380 e 442 das 577 cadeiras do Parlamento, ou seja, muito mais que as 289 necessárias para caracterizar a maioria. Os deputados são eleitos por cinco anos.


Os socialistas ficariam com apenas 102 a 142 cadeiras, e os centristas de François Bayrou (18,57% dos votos nas eleições presidenciais), com apenas um a seis representantes.


Para limitar os danos, os socialistas, cujos líderes têm opiniões diferentes sobre as lições a tirar do fracasso de Ségolène Royal na eleição presidencial, devem tentar na noite desta terça-feira durante um grande comício eleitoral em Paris apresentar uma frente unida e combativa capaz de encarar o "buldôzer" Sarkozy.


Royal lançou segunda-feira um apelo à mobilização para "construir uma nova oposição".


"Quero que as pessoas sintam que eu estou aqui, firme e forte, e que haverá um amanhã", havia dito no sábado, já pensando na eleição presidencial de 2012.


O líder socialista Dominique Strauss-Kahn, da tendência "social-democrata", disse esperar que a derrota do PS nas legislativas não seja muito contundente, para que o partido possa empreender sua renovação.


Para o prefeito de Paris, o socialista Bertrand Delanoë, o presidente Sarkozy "precisa de uma oposição inteligente, construtiva e combativa".


"Um poder que dispõe de todos os comandos e que tem uma cultura autoritária inerente é perigoso para a França", sentenciou.


Fonte:Noticias Terra/ AFP


sábado, 2 de junho de 2007

PT assina acordo com Baath, ex-partido de Saddam Hussein


Da Folha de S.Paulo, em Brasília


O presidente do PT, Ricardo Berzoini, assinou, anteontem em Damasco, acordo de cooperação com o Partido Baath Árabe Socialista. O Baath comanda um regime autoritário na Síria desde 1963 e também foi o partido do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, enforcado em 2006.


O acordo, que tem validade até 2010, estabelece sete compromissos, como "incentivar a troca de visitas", tentar "coordenar os pontos de vista" quando os partidos estiverem presentes em congressos e fóruns regionais e internacionais, "promover a troca de publicações e de documentos partidários importantes" e "fortalecer" a cooperação entre organizações populares e "representantes da sociedade civil", para "intercâmbio de experiências".


Segundo texto divulgado pelo PT, os objetivos são "estreitar laços de amizade" e "melhor servir aos interesses comuns dos dois países e povos".


Para o cientista político Octaciano Nogueira, o acordo representaria um retorno do PT às origens, quando tinha tendências "stalinistas".


"Isso torna as coisas mais difíceis para Lula e nem tanto para o PT. Aliar-se ao Baath, que é um partido totalitário, num país [Síria] onde não há democracia, isso é uma volta à origem radical, ao stalinismo."


Para o professor David Fleischer, da Universidade de Brasília, o PT acompanha o mesmo movimento com o Baath em curso nos Estados Unidos e em Israel. Como o governo brasileiro também possui interesses na Síria, ele vê o acordo como "uma jogada esperta".


"O PT sempre teve um setor de relações internacionais bastante ativo. Essa iniciativa com o Baath, um partido muito reacionário, é inusitada, diferente. Pode ser que tenha aproveitado aproximação feita pelo governo brasileiro com a Síria. Neste sentido é uma jogada esperta."


Fundado em 1947 com proposta nacionalista e socialista, o Baath prega a criação de um Estado único árabe na região e reivindica terras ocupadas por Israel na Guerra dos Seis Dias.


O partido teve seu nome vinculado ao assassinato do ex-primeiro ministro do Líbano, Rafik Hariri, em 2005. Ele foi morto na explosão de um carro bomba, quatro meses depois de deixar o cargo. O presidente Lula visitou a Síria no primeiro ano de seu governo.