quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O testamento de Fidel


Por Demétrio Magnoli

Estadão Online


"Queima o que adoraste e adora o que queimaste!" A senha papal da conversão dos reis bárbaros ao cristianismo deveria ser usada como epígrafe do informe do VI Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC), convocado para abril. Por baixo de uma espessa camada de linguagem orwelliana, o documento anuncia a substituição do sistema econômico estatal por uma economia mista. Seria um "modelo vietnamita", no eufemismo criativo de um regime que, anos atrás, crismou o "modelo chinês" como restauração do capitalismo e hoje teme a assombração de seus próprios epítetos. No texto de 13.295 palavras, "liberdade" não aparece nenhuma vez. O informe, contudo, gira sem cessar em torno do problema da liberdade.

O plano oficial restaura a liberdade, mas apenas um tipo de liberdade. O capital estrangeiro terá liberdade para operar em Cuba. Os cubanos ganharão a liberdade de empreender e de empregar assalariados. Também poderão, livremente, vender a sua força de trabalho, empregando-se em negócios privados de outros cubanos. Porém os domínios da liberdade não ultrapassarão a esfera econômica. Não serão reconhecidos os direitos dos trabalhadores de constituir sindicatos livres ou declarar greve, pois as liberdades "capitalistas" são intoleráveis na sociedade socialista.

No lugar da senha papal, o texto usa como epígrafes uma definição de "Revolução" e um chamado à "batalha econômica". A primeira é assinada por Fidel Castro Ruz, simplesmente; o segundo, pelo "General de Exército Raúl Castro Ruz". Fidel dispensa títulos: ele é o corpo terreno da "Revolução". Raúl omite o título de presidente da República para utilizar outro, que indica a fonte última de seu poder. As primeiras reformas radicais são a demissão de 500 mil trabalhadores do setor estatal e a supressão da "libreta", cartela de racionamento que assegura uma cesta básica subsidiada à maioria dos cubanos sem acesso à moeda forte (o peso convertible). Não há como fazer isso sem, antes, aterrorizar os cidadãos e erguer a lâmina de uma espada sobre os militantes do "partido dirigente".

A espada já desceu sobre Esteban Morales, um alto quadro do PCC, diretor do Centro de Estudos sobre os EUA na Universidade de Havana, que publicou um artigo de alerta no site da União dos Escritores e Artistas (Uneac). "A contrarrevolução", escreveu, "toma posições em certos níveis do Estado e do governo." Ela é representada pelas autoridades que "se preparam financeiramente para quando a Revolução desabar" - o momento da "transferência de patrimônios do Estado para mãos privadas, como ocorreu na antiga URSS". Ato contínuo, o artigo desapareceu da página da Uneac e seu autor foi expelido do PCC. No sistema totalitário, a crítica "de esquerda" não é menos interditada que a crítica "de direita". Ao sugerir que Castro & Castro comandam uma restauração capitalista, o comunista Morales descobre-se tão carente de liberdade de expressão quanto os dissidentes que contestam o sistema de economia planificada.

Morales talvez venha a se encontrar com os outros dissidentes na prisão ou no exílio. Por ora ainda escreve, mas não mais num órgão oficial. Seu artigo seguinte, um apelo às bases do PCC, denuncia o controle do partido pela cúpula, uma "deformação pela qual se pagou caro na URSS". Não há, porém, "deformação", mas norma. Só os intelectuais hipnotizados pelos dogmas leninistas fogem de uma conhecida evidência histórica: em todos os lugares, quando se instala um regime de partido único, a direção partidária asfixia a expressão das bases e um núcleo dirigente, às vezes composto apenas pelo Líder, sufoca a liberdade do restante da direção. A mais recente comprovação da norma é o informe cubano, um verdadeiro testamento de Fidel Castro.

O Estado castrista repousa sobre um contrato implícito de intercâmbio entre liberdade e segurança social. O Estado fica com a liberdade só para si, pagando-a pela distribuição de bens essenciais subsidiados: empregos, alimentos básicos, serviços de saúde e educação. Dentro e fora de Cuba, o contrato da "ditadura benigna" encontra-se na raiz da justificação ideológica do regime. No Brasil, ele é celebrado na escritura "humanista" de Frei Betto, saudado na prosa precária de Lula, cantado no verso lírico de Chico Buarque. Agora, contudo, Castro & Castro proclamam a decisão de suprimir um dos polos do intercâmbio: o Estado desiste da função de fornecer segurança social, mas reitera seu monopólio sobre a liberdade.

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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Deputada: MST tenta politizar traficantes da Rocinha

Por Daniel Gonçalves

Terra Notícias

A deputada federal Marina Magessi (PPS-RJ) afirmou hoje à CPI das Milícias da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro que integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão tentando politizar os traficantes que dominam a favela da Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro. Segundo Magessi, cerca de 20 membros do MST apóiam candidatos da comunidade e convencem os criminosos a realizarem uma revolução social.

A parlamentar disse que na posse do presidente da associação de moradores da Rocinha, Claudinho da Academia (que é candidato a vereador pelo PSDC e, segundo investigação da polícia civil, seria apoiado por traficantes da comunidade), havia bandeiras do MST e a presença do ex-coordenador nacional do movimento José Rainha.

Eu me preocupo com a presença do MST na Rocinha, com o convencimento nos traficantes que mandam ali de que eles podem virar salvadores da pátria. Nós já tivemos isso antes com o Marcinho VP. O MST tem uma força política muito grande", alertou.

Ainda de acordo com Magessi, um dos perigos dessa relação é que o MST promove protestos com foice e facão, já o tráfico utiliza fuzis para fazer prevalecer a sua vontade.

Na época, José Rainha confirmou conhecer Claudinho da Academia, mas que não sabia que ele tinha se candidatado a vereador. Ele negou qualquer ligação com o tráfico de drogas e o envolvimento num esquema para obrigar eleitores a votar em um candidato pré-determinado.

Em nota, o MST informou que José Rainha não faz mais parte do movimento e que ele errou ao usar camisa do MST durante a posse de Claudinho da Academia.

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

O cárcere das almas


Escrito por Waldson Muniz

Movimento Endireitar

O século vinte viu chegarem ao poder nazismo e comunismo, duas ideologias em essência congêneres, a despeito dos seus diferentes aspectos exteriores. Citado por Alain Besançon em A Infelicidade do Século (1), um estudioso francês classifica nazismo e comunismo de gêmeos heterozigotos: o nazista se considera um artista, o comunista, um virtuoso; o nazista vê todo o mal do mundo decorrer da existência de raças inferiores, o comunista, da propriedade privada; ambos se apresentam à pobre e comum humanidade como a perfeição social, moral e intelectual; ambos se baseiam na idéia da total impossibilidade de composição entre "nós" e "eles". A vitória de suas propostas deve fazer-nos pensar, com profundidade, na observação de Hayek, para quem "quase por uma lei da natureza humana, parece ser mais fácil aos homens concordarem sobre um programa negativo - o ódio a um inimigo ou a inveja aos que estão em melhor situação - do que sobre qualquer plano positivo" (2). É dos fundos mais baixos da alma humana que emergem esses dois projetos sociais, região para a qual pretendem levar a todos.

Graças à intensa e diligente aplicação de técnicas de propaganda tão sutis quanto eficientes e de todo insuspeitadas pelo grande público, a esquerda conseguiu não apenas que fosse esquecida sua gênese comum com o nazismo mas também - e principalmente - que, aos olhos da gente comum, comunismo e nazismo parecessem opostos inconciliáveis: um assumiu o papel de ser a mais tirânica e perversa forma de governo, o outro, o de ser a mais pura e democrática, sob a qual e apenas sob a qual, é possível o pleno florescimento material e espiritual. Anos e anos de propaganda sub-reptícia envolveram a esquerda numa couraça de honradez, avanço e bondade, ao mesmo tempo que associaram a direita a retrocesso, obscurantismo e insensibilidade. Hoje, as duas reputações são resistentes a todos os argumentos e fatos.

Dois episódios recentes exemplificam esse estado de coisas: enquanto causou imenso e justo rumor a foto em que o jovem príncipe britânico apareceu com a cruz suástica nazista num braço, fez-se absoluto silêncio acerca das imagens de campos de trabalhos forçados para opositores do regime comunista coreano. Num caso, tem-se a visão do símbolo, ao qual logo se associa todo o mal que produziu aquele insano regime; noutro, a do mal em curso, a produzir vítimas. Para um, todo tipo de reação, da mais sincera, que é a de quem sofreu na pele o jugo nazi-fascista, até a mais oportunista, que é a de quem quer apenas vender jornal.

Na introdução da biografia de Stalin (3), Dmitri Volkogonov alerta o leitor sobre a mais importante característica do "guia genial dos povos": "Tenhamos sempre em mente que foi um mestre em fazer passar seus erros, omissões e crimes como conquistas, sucessos, visão, sabedoria e constante preocupação com o povo". Sem o acréscimo de uma vírgula sequer, a definição serve, à justa, para toda a esquerda. O mesmo espírito moveu Bertolt Brecht a ensinar: "Quem luta pelo comunismo tem de poder lutar e não lutar; dizer a verdade e não dizer a verdade; prestar serviços e negar serviços; manter a palavra e não cumprir a palavra; enfrentar o perigo e evitar o perigo; identificar-se e não se identificar. Quem luta pelo comunismo tem de todas as virtudes apenas uma: a de lutar pelo comunismo." Também é do renomadíssimo dramaturgo a frase que Anne Applebaun cita em Gulag, uma história dos campos de prisioneiros soviéticos (Ediouro, 2004), a propósito da matança de inocentes na União Soviética: "Quanto mais inocentes eles são, mais merecem morrer".

Leitura obrigatória para todo aquele que deseja saber o que foram os anos stalinistas e pós-stalinistas, o livro de Applebaun é em tudo impressionante. À questão de se ter apagado das mentes o que é o inferno comunista ela se refere, relatando o que viu num passeio por Praga, então recentemente democratizada. "Expunham-se pinturas de ruas adequadamente bonitinhas, junto com pechinchas de bijuterias e com chaveiros com a palavra "Praga". Em meio ao bricabraque, podia-se comprar parafernália militar soviética (quepes, insígnias, fivelas) e pequenos "buttons", as imagens de Lênin e Brejnev que os escolares soviéticos outrora prendiam nos uniformes. A cena me pareceu estranha. A maioria dos que compravam esses objetos era de americanos ou europeus ocidentais. Todos eles ficariam enojados com a idéia de usar uma suástica. No entanto, ninguém ali fazia objeções a ostentar a foice e o martelo numa camiseta ou num boné. Foi um episódio menor; mas às vezes é justamente por coisas assim que se observa melhor o clima cultural. Pois ali a lição não poderia ter sido mais clara: se o símbolo de uma matança nos enche de horror, o de outra nos faz rir." Assim Applebaun analisa o fenômeno: "A Guerra Fria produziu James Bond e thrillers, mais os russos de gibi do tipo que aparecem nos filmes de Rambo; nada, porém, tão ambicioso quanto a A Lista de Schindler ou A Escolha de Sofia. Steven Spielberg, provavelmente o principal diretor de Hollywood (gostem ou não), preferiu fazer filmes sobre campos de concentração japoneses (O Império do Sol) e sobre campos de concentração nazistas, mas não sobre campos de concentração stalinistas. Esses últimos não conquistaram da mesma maneira a imaginação de Hollywood." Quem leu a obra Aristóteles em nova perspectiva (4), sabe a importância da imaginação para o pensamento humano e para o domínio dele. Foi precisamente para esse alvo que, a certa altura do combate, a esquerda voltou suas baterias e não encontrou adversários, já que direita, conservadores e liberais simplesmente não tinham como oferecer resistência no novo teatro de operações, o qual eles desconheciam por completo.

Um exemplo do que pode fazer uma propaganda adequadamente preparada é dado por Anne Applebaun no caso de um prisioneiro, vítima de Stalin, que atribuía todo aquele sofrimento à ação de um dos inimigos do povo, tal qual dizia a propaganda oficial. "O poder da propaganda na URSS era tal", diz a autora, "que freqüentemente modificava a percepção da realidade". Ela também cita Alexander Soljenitsin que, em Arquipélago Gulag, dedica todo um capítulo aos comunistas, que "explicavam a detenção, a tortura e a reclusão deles próprios como obra muito astuciosa dos serviços secretos estrangeiros, ou da sabotagem em larga escala, ou de traição". Totalmente embotados pela propaganda, já não conseguiam distinguir o real e o imaginário, o que de fato viam e o que gostariam de ver. Esse dano cognitivo ultrapassou fronteiras e gerações, haja vista Anne Applebaun contar que, em conversa com um político inglês, ouviu dele que os nazistas eram perversos, mas a URSS fora desvirtuada, opinião compartilhada por Volkogonov. A pergunta cabível aqui é a de Jean François Revel (5): se o marxismo e o comunismo são intrinsecamente bons, como se explica que invariavelmente provoquem ditaduras sangrentas, todas as vezes e em todos os lugares onde são instalados?

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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Marx e o pensamento dos outros


Por Ipojuca Pontes

Mídia Sem Máscara

A expressão "pensamento filosófico de Marx" há muito vem sendo encarada como uma contradição em termos. Para significativa corrente do pensar filosófico, o marxismo não passa de uma filodoxia, e o seu criador, não propriamente um filósofo em busca da verdade, mas mero filódoxo, na expressão de Kant (1724-1804), um sujeito que enfrenta os problemas de natureza filosófica sem nenhuma intenção real de resolvê-los.

Um exemplo típico da mistificação de Marx encontra-se na sua tese de nº 11 sobre Fuerbach (1804-1872), em que dá conta de que "o filósofos se limitaram a interpretar o mundo; trata-se, porém de transformá-lo" - afirmação que, encerrando a mística do processo revolucionário como agente transformador da realidade, só consolida a visão da história crítica como substituta da filosofia - o que significa, em última análise, decretar a morte da própria filosofia. De fato, enquanto pensador ou ativista intelectual, Karl Marx (1818-1883) pouco ou em nada se voltou para a investigação metódica do fundamento do ser e do espírito das coisas - objetivo primordial da indagação filosófica -, limitando-se a construir uma obra substancialmente crítica, de feição materialista, toda ela imbricada no questionamento às vezes confuso - mas sempre virulento - do pensamento alheio.

Dispensado o tom arrogante das facciosas análises acadêmicas e verificado o grosso da obra, o pensar de Marx depende virtualmente do que ele leu, chupou, perverteu ou adaptou do pensamento dos outros, a começar por Demócrito (460-370 a.C.) e Epicuro (341-270 a.C.), na sua tese ateísta de doutoramento em Jena, em 1841, passando por Hegel (1770-1831) e o próprio Fuerbach, ainda no campo filosófico, além de Rousseau (1712-1778), Saint-Simon (1760-1825), Fourier (1772-1837) e Proudhon (1809-1865), entre os reformistas sociais franceses, até chegar nos economistas clássicos ingleses Adam Smith (1723-1790), Mill (1773-1836) e sobretudo Ricardo (1772-1823), cuja concepção da teoria do valor-trabalho, mais tarde destroçada pelo austríaco Bohm-Bawerk (1851-1914), serviu de modelo para Marx - aqui também escorado no "erro de conta" de Proudhon - extrair sua célebre mais-valia e acirrar os ânimos da luta de classes, idéia, por sua vez, a ser creditada ao falangista Blanqui (1805-1881), francês considerado inventor da barricada e autor da expressão "ditadura do proletariado".

Embora sempre se manifeste contra o idealismo absoluto, a chupação permanente de Marx tem como fonte básica Friedrich Hegel, filósofo especulativo alemão, autor da complexa "Fenomenologia do Espírito" (Nova Cultural, SP, 2000), que definiu, no dizer acadêmico de Merquior ("Marxismo Ocidental", Nova Fronteira, 1986), "o Absoluto como um Espírito ultra-histórico", associando a ontologia (teoria do ser) com filosofia da história (reflexão sobre o pensamento histórico), procurando, via intermediação dialética, a unidade entre o finito e o infinito para assim chegar ao eterno como fundamento do transitório - e vice-versa. Hegel - que o filósofo Schopenhauer (1788-1860) considerava "um charlatão ordinário" - enxergava no movimento pendular entre as forças da imediação e da mediação (que classifica de "negativas" ou de "auto-alienação") o caminho que conduz ao desenvolvimento do Espírito absoluto, este entendido como realidade única e total.

De fato, para Hegel, o espírito absoluto é Deus e o mundo a forma como Ele se materializa ou, apelando para a fórmula teológica: Ele "é o espírito que se tornou visível". Para demonstrar como a divindade se converte em mundo, Hegel compreende Deus em sua expressão dialética: o "O desenvolvimento do espírito", humano ou divino, diz, é "sair, desenvolver-se negando a si e, ao mesmo tempo, tornar a si mesmo". "No homem", continua, "Deus chega à consciência plena de si mesmo e, dialeticamente, à autoconsciência". Esta autoconsciência, que leva ao autoconhecimento, efetiva-se como o sentido profundo do espírito, manifestado não apenas na existência do indivíduo, mas na própria experiência histórica.

Toda essa complicada e por vezes esotérica argumentação hegeliana, aqui apenas sumariamente esboçada, tem por objetivo identificar no Estado moderno racionalmente organizado a expressão perfeita do Espírito absoluto, o primeiro entendido - estranhamente, quando se percebe que o Estado escraviza - como fundamento da noção da liberdade. Para Hegel, vale insistir, o Estado é o todo perfeito, e o indivíduo, ou cidadão, apenas uma peça dessa totalidade. "Tudo que é real", diz ele referindo-se ao Estado, "é racional" - e "tudo que é racional é real", completa, fazendo uso do jogo dialético.

Na sua especulação filosófica, Hegel define assim os elementos que compõem o seu método para explicar o movimento da história: 1) posição ou imediação (tese), 2) oposição ou mediação (antítese) e 3) ultrapassagem ou sublimação (síntese). Para Hegel, uma vez estabelecido o processo dialético como forma de investigação, não será mais possível operar-se com o formalismo das "verdades eternas" da filosofia reflexiva - como a de Fitche (1762-1814), por exemplo. Na dialética hegeliana, a síntese se opera a partir da contradição entre tese e antítese, repetindo-se no processo de contradição até que atinja um novo estágio.

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sábado, 20 de novembro de 2010

Mais imposto

Editorial do Estadão

Estadão Online

Desde o início do Plano Real, há mais de 15 anos, a história do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) tem sido a história do aumento disfarçado da carga tributária. É cada vez maior a fatia de sua renda que o trabalhador brasileiro precisa entregar para a Receita Federal. Mesmo nos anos em que o Fisco - sempre implacável quando se trata de buscar meios para assegurar o crescimento real da arrecadação - aceitou a contragosto a imposição legal de corrigir a Tabela do IRPF, muitas vezes a correção não foi suficiente para evitar o aumento da carga tributária. Mas o pior para os contribuintes é quando nem essa correção insuficiente lhe é assegurada, como, a persistirem as regras atuais, acontecerá em 2011. O aumento do imposto será muito maior.

Muitas vezes, nos últimos anos, o contribuinte teve de lutar para evitar que o Leão avançasse cada vez mais sobre sua renda. Na década passada, no período de consolidação do Plano Real - cujos efeitos para a renda de todos os brasileiros foram, indiscutivelmente, benéficos -, a Receita rejeitou todas as formas de correção da Tabela do IRPF alegando que o objetivo do plano era justamente a desindexação da economia. Manteve, porém, a correção de suas receitas.

Para os contribuintes, a argumentação seria aceitável se a inflação tivesse desaparecido. Mas, embora baixa, ela continuou a existir, de modo que boa parte do aumento da renda auferida por eles era apenas reposição da inflação passada. Como a Tabela do IRPF não foi corrigida entre 1996 e 2001, muitos trabalhadores isentos do recolhimento passaram a recolhê-lo, mesmo que, em termos reais, sua renda não tenha crescido; os que já recolhiam sofreram aumento da alíquota. Ou seja, para os trabalhadores, a carga tributária aumentou por simples omissão da Receita e do governo.

Desde 2002, a Tabela do IRPF tem passado por correções, mas de maneira espasmódica. Houve correção em alguns anos, mas não em outros. A regra em vigor em 2010 foi definida por uma medida provisória editada no fim de 2006 e que se transformou em lei em 2007. A lei estipula a correção da Tabela do IRPF de 4,5% ao ano até 2010. Para 2011, não há nenhuma correção prevista. (Em 2008, foram criadas duas novas alíquotas, de 7,5% e 22,5%, que continuarão valendo no próximo ano.)

A não correção da Tabela do IRPF resulta em distorções expressivas, com a taxação cada vez mais pesada justamente para os que ganham menos, como mostram estudos que o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) tem feito com regularidade. O mais recente, cujas conclusões foram publicadas pelo jornal O Globo, mostra que, se a tabela tivesse sido corrigida de acordo com a inflação acumulada entre 1995 e 2010, um trabalhador com renda mensal de R$ 2.500 recolheria mensalmente ao Fisco R$ 11,26; com as correções apenas parciais da tabela, ele é obrigado a recolher R$ 101,56. Em termos porcentuais, a comparação é assustadora: esse contribuinte paga 800% mais do que pagaria se a tabela tivesse sido corrigida totalmente. Em 2011, se nada mudar, o adicional será maior.

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A fantasia da redistribuição de riqueza


Por Lorenz Kraus

Mises Brasil

Ler o livro Mises: The Last Knight of Liberalism tem sido uma maravilhosa jornada através da história da economia da Escola Austríaca. Guido Hülsmann faz excelentes introduções às questões econômicas que envolviam Mises e os homens do seu tempo, tornando os tópicos uma leitura muito mais fácil do que se poderia imaginar. Algumas dessas questões são ainda mais intelectualmente instigantes hoje do que eram há 100 anos, quando começaram a ser discutidas.


No capítulo 11, vemos como Mises abordou a questão da distribuição de riqueza, diferenciando entre os indivíduos que têm bens e que não têm. Em específico, ele faz uma distinção entre bens de capital e bens de consumo. Bens de consumo beneficiam amplamente apenas uma pessoa de cada vez. Um indivíduo usufrui os benefícios trazidos por uma determinada camiseta apenas enquanto ele a está vestindo. Bens de capital — o maquinário que produz as camisetas — geram benefícios para uma enxurrada de consumidores de uma só vez.

Por que, então, ainda há essa fixação marxista em relação ao gerenciamento estatal de empresas geradoras de energia elétrica, quando se sabe que seus consumidores têm apenas eletricidade? Mises observou que um consumidor não precisa ser o dono das instalações para ter eletricidade.

Tendo isso em mente, como o sentido convencional de distribuição de riqueza mudaria se excluíssemos os bens de capital dessa questão? Por exemplo, nos EUA, 1% população é dona de 38% da riqueza, dados de 2001. (No Brasil, 1% é dona de 13.3%). Porém, como ficaria essa distribuição de riqueza se os bens de capital forem excluídos? O que é mais provável é que 95% da riqueza do 1% mais rico da população está amarrada aos direitos de propriedade sobre esses bens de capital. Consequentemente, a distribuição da riqueza dos consumidores está muito mais acirrada do que os acadêmicos imaginam. Todos têm acesso a água corrente, telefones, comida e televisão. É isso que interessa para um padrão de vida.

Mises nos ajuda a perceber que a ideia de obter igualdade pela redistribuição de renda nada mais é do que fantasia. Você não pode redistribuir bens de consumo; como poderiam milhões de mulheres vestir o mesmo casaco de pele, as mesmas jóias e regalias, ou os mesmos sapatos que estão no armário de Imelda Marcos? Como poderiam milhões de homens ficar dentro da banheira de hidromassagem de Hugh Hefner? Um pedaço de pão não pode ser repartido infinitamente por várias bocas.

Da mesma maneira, você não pode cortar um fogão em pedaços e dividir tais fatias igualitariamente entre as pessoas — e ainda esperar que o fogão funcione. Você tem de respeitar a integridade de todos os bens de capital para que eles funcionem. Uma central elétrica teria de ser triturada em átomos e repartida em pequenos envelopes para se obter uma distribuição igualitária.

Por sua natureza, bens de capital não podem ser redistribuídos entre as pessoas de qualquer forma que resulte em igualdade e maior riqueza. A redistribuição de riqueza, se levada a sério, significa necessariamente a completa e absoluta destruição de riqueza. Socialismo é niilismo, nada mais do que a destruição de valores.

Os comunistas nunca obtiveram êxito em distribuir riqueza igualitariamente. Isso é inerente à natureza da riqueza. Como a riqueza não pode ser subdivida (somente a propriedade da riqueza pode) entre as massas, eles confiscam a riqueza alheia para benefício da própria camarilha. Todo o resto fica à míngua, morrendo de fome. É assim que a integridade da riqueza faz impor a realidade quando confiscada. Os socialistas não brigam para ser donos do ar; eles brigam para tomar o controle desta estação de rádio, daquela impressora, deste automóvel, ou daquele pedaço de carne estragada. A redistribuição de riqueza é criminalidade pura e ela exige um grau ainda maior de criminalidade após o confisco, como lobos brigando por uma carcaça ou rufiões eliminando seus cúmplices.

E, ainda assim, centenas de milhões de pessoas continuam achando que a redistribuição de riqueza irá gerar ganhos pessoais. Nos EUA, por exemplo, a redistribuição de riqueza implementada por Obama trouxe apenas destruição econômica. Quando Obama abanou a bandeira vermelha e difundiu por seu rebanho a ideia de espalhar a riqueza para todos, o que aquelas pessoas imaginaram? Elas poderiam ter percebido que a riqueza deixaria de existir, mesmo que ela fosse confiscada e meticulosamente redistribuída — e caso tivessem entendido isso, Obama teria sido ridicularizado ainda em seus discursos. E isso vale para todo o planeta que o reverenciou. A diferença entre Obama ser venerado e ser chutado para fora do palco estaria em um eleitorado educado por essa pequena fatia de racionalidade misesiana.

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O SÍTIO POLITICAMENTE INCORRETO

Por Percival Puggina

Blog do Percival Puggina

O poderoso Conselho Nacional de Educação (CNE) decidiu emitir uma notificação de censura ao livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, que seria distribuído à rede de ensino do país. A conselheira Nilma Lino Gomes leu a obra e viu nela preconceitos contra a África e racismo. Exigem, então, os conselheiros, que o texto venha precedido de uma reprovação de seus desalinhos ideológicos com a nova realidade nacional. Tenho certeza de que não faltará quem se habilite a produzir esse importante prefácio corretivo. Seja qual for a estupidez, sempre há quem se considere capaz.

Dei uma investigada no Sítio do Pica Pau Amarelo, uma lida no livro e venho em socorro do Conselho: Caçadas de Pedrinho é politicamente incorreto de capa a capa! O sítio inteiro, aliás, está a exigir cuidadosa inspeção do Ministério Público Federal. Em primeiro lugar porque, há muito tempo, era para estar desapropriado (atenção, Incra!). Que negócio é esse? Uma propriedade rural com utilidade apenas ... literária? Péssimo exemplo para estar sendo apresentado à uma juventude que se quer cidadã e comprometida com as causas sociais.

Tem mais, conselheira Nilma. Cadê a certidão de propriedade do sítio? Alguém já a viu? E não me venha o branquela do "seu" Monteiro Lobato com uma simples trintenária julgando que seja suficiente. Não no Brasil moderno! Quem pode assegurar que Tia Anastácia não fosse quilombola? Detentora dos direitos culturais históricos protegidos pelos artigos 215 e 216 da Constituição Federal? Ou dos muito prováveis direitos de posse mencionados no artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Hum? É admissível que uma republicação de Caçadas de Pedrinho, em tempos de Lula e Dilma, deixe de mencionar tais avanços da sociedade brasileira?

Na pesquisa que fiz, encontrei uma foto da negra Anastácia, datada de 1913 (está disponível na wikipedia). Era magra, de meia idade. Na imagem, aparece tendo ao colo o menino Guilherme, filho de Monteiro Lobato. O autor, reiteradas vezes, admitiu publicamente, que essa Anastácia, essa pobre e infeliz Anastácia, havia inspirado a criação da personagem Tia Anastácia! Basta fazer as contas para perceber que a desventurada senhora foi, ela mesma, escrava. Fugida ou liberta, não importa. E acabou, mais uma vez, sendo explorada pelo patrão branco que promoveu o uso gratuito de seus evidentes direitos de imagem. Pode o Conselho Nacional de Educação silenciar sobre tal iniquidade? Referendar obra que escarnece valores tão significativos? Anota essa outra aí, conselheira Nilma.

Quer mais, o CNE? Debruce-se sobre o personagem Visconde de Sabugosa. Pondere, leitor. O visconde é um personagem da nobreza. Encarna saber e coragem física. Tantas vezes morresse, tantas vezes era ressuscitado com a simples troca do sabugo que compunha seu corpo. É ou não uma exaltação simbólica da elite nacional e de sua perpetuação através dos tempos? Pode haver algo mais antidemocrático e elitista do que um imortal representante da nobreza, além de tudo apresentado como encarnação da sabedoria e do destemor? Eu, hein! E para finalizar: cadê a autorização do Ibama para a Caçada do Pedrinho?

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O chanceler de Lula é só um áulico a caminho da lata de lixo da História


Por Augusto Nunes

Coluna do Augusto Nunes

Se mesmo potências esportivas festejam o segundo lugar num campeonato mundial de qualquer modalidade, manda o bom senso que até a conquista da medalha de prata em taekwondo por um anão olímpico como o Brasil vire notícia de primeira página, certo? Errado, ensinou nesta segunda-feira a Folha de S. Paulo. A façanha da seleção feminina de vôlei no Japão não mereceu um único centímetro, uma só vírgula na página mais nobre do jornal.

Derrotadas pelo ótimo time da Rússia no fim de uma campanha empolgante, as bravas e talentosas lutadoras das quadras não conseguiram mais que a submanchete do caderno de esportes. Sob a foto da líbero Fabi em lágrimas, uma única palavra — VICE — bastou para traduzir a decepção dos editores: nestes trêfegos trópicos, como ensinou Nelson Picquet, o segundo colocado é o primeiro dos últimos. Coerentemente, o noticiário comprimido em menos de duas páginas internas em formato tabloide evocava uma misteriosa “síndrome da Rússia” para atribuir o resultado do jogo não aos acertos das adversárias, mas aos erros das brasileiras.

Nada sobre a medalha de ouro conquistada nos Jogos de 2008, nada sobre as aulas práticas ministradas durante a competição por José Roberto Guimarães, único técnico do planeta a vencer uma Olimpíada com a seleção masculina e outra com a feminina. O texto reiterou que o Brasil trata genuínos vencedores com a arrogância de quem nunca soube o que é perder, embora ganhe só de vez em quando. Em contrapartida, como atestou a mesma edição da Folha, reverencia campeões de araque com os minuetos e salamaleques de subalterno vocacional.

O espaço que faltou para a valentia e o talento da seleção de vôlei sobrou para o palavrório triunfalista do chanceler Celso Amorim. A entrevista de uma página foi destacada na capa com uma chamada de 10 linhas e o título que, inspirado numa das passagens do hino à vassalagem, reverberou a cretinice de antologia: “Para ministro, Pelé só teve um, e igual a Lula não vai ter”. A Folha achou pouco subestimar a medalha de prata da seleção de vôlei. Fez questão de também encampar a afronta ao rei do País do Futebol: se o presidente é igual ao maior jogador de futebol de todos os tempos, então o homem que Amorim chama de “Nosso Guia” é o maior governante desde o Dia da Criação.

Ministro das Relações Exteriores de Itamar Franco e de Lula, o diplomata que há oito anos desonra o Itamaraty é sobretudo um áulico a serviço de qualquer presidente, regime ou ideologia. É apenas um duplo equívoco à caça de emprego. Mas quem canta as maravilhas do país do faz-de-conta rouba espaço de gente que melhora o país real. No pódio em Tóquio, as vice-campeãs do mundo choraram a derrota e pediram desculpas aos brasileiros — como se devessem alguma. Na entrevista, Amorim nem pediu licença para protagonizar o espetáculo da desfaçatez.

“Com o governo acabando, posso falar tranquilamente que o Lula é uma figura excepcional, você vai contar três ou quatro líderes políticos como ele no século”, delirou numa das respostas a Eliane Cantanhêde. “É quase da dimensão do Nelson Mandela, e só não é igual porque a situação lá na África do Sul era mais dramática”. Depois de ouvi-lo desdenhar dos direitos humanos, zombar dos presos políticos cubanos, louvar feitos imaginários consumados pelo governante incomparável e qualificar a política externa brasileira de “ativa e altiva”, a entrevistadora perguntou-lhe o que faria diferente caso pudesse voltar atrás. Resposta: “Vou falar como a Edith Piaf: ‘Je ne regrette rien’”. Ele não lamenta nada.

O problema do Brasil, já se disse aqui mais de uma vez, não é o complexo de vira-lata. Essa disfunção, diagnosticada por Nelson Rodrigues, cingiu-se ao País do Futebol — e só deu as caras entre 1950, quando a derrota na final contra o Uruguai transformou o brasileiro no último dos torcedores, e 1958, quando a Seleção triunfou na Copa da Suécia. O verdadeiro problema nacional é o contrário do complexo de vira-lata: é a síndrome de com-o-Brasil-ninguém-pode.

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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Chávez, o chefão da cocaína?


Por Roger F. Noriega

Mídia Sem Máscara

O presidente venezuelano Hugo Chávez deve estar muito preocupado com o fato de que um homem definido pelo presidente Obama como um dos mais importantes chefes do tráfico internacional de drogas, Walid Makled-Garcia, pode contar em breve a procuradores federais americanos tudo o que sabe sobre os altos membros do governo venezuelano que foram cúmplices em suas operações de tráfico de cocaína. O depoimento devastador de Makled-Garcia vem no vácuo de novos indícios do apoio de Chávez a grupos terroristas da Espanha, Colômbia e Oriente Médio e seu apoio ilegal explícito ao programa de armas nucleares do Irã. Lenta mas inevitavelmente, Chávez está sendo desmascarado como o cabeça de um regime criminoso.

De acordo com um uma acusação formal do governo federal, revelada em Nova Iorque terça-feira passada, de 2006 até agosto de 2010, Makled-Garcia trabalhou com membros do governo venezuelano no envio de toneladas de cocaína a partir de pequenas pistas de pouso naquele país para a América Central, México e por fim aos Estados Unidos. O procurador-público de Manhattan Preet Bharara chamou Makled-Garcia de "o chefe dos chefes." De fato, o Departamento de Justiça o apontou como "um alvo prioritário"; um dos traficantes de narcóticos mais perigosos e produtivos.
Makled-Garcia já foi conhecido como um dos empresários mais ricos da Venezuela. Ele entrou na mira das autoridades antidrogas americanas há um ano, quando suspeitou-se que ele estava usando os negócios de sua família na cidade venezuelana de Puerto Cabello e suas ligações com o exército venezuelano e traficantes colombianos para contrabandear cocaína. Com a cumplicidade ativa de dezenas de importantes autoridades venezuelanas, Makled-Garcia supostamente dirigiu uma rede de contrabando usando pistas de pouso em território venezuelano. A família também é acusada de estar envolvida em dezenas de assassinatos, incluindo o de um importante jornalista venezuelano e um traficante colombiano.

Com base em seu indiciamento, o governo colombiano prendeu Makled-Garcia em 18 de agosto e agora está analisando um pedido de extradição do réu. Enquanto isto, em uma entrevista à rede de TV colombiana RCN, na semana passada, Makled-Garcia disse ter provas bastantes de corrupção do narcotráfico no alto escalão do governo - inclusive vídeos e dados bancários - "para os Estados Unidos intervirem e invadirem a Venezuela, como fizeram com (Manuel Antonio) Noriega, no Panamá."

"Dei dinheiro a 15 generais venezuelanos," disse o prisioneiro de 41 anos à RCN. "Se eu for preso por causa de um (avião) DC-9 carregado de drogas vindo do Aeroporto Simón Bolivar, o general Hugo Carvajal [diretor da inteligência militar venezuelana], o general Henry Rangel Silva [chefe da inteligência interna], o general Luis Mota [comandante da guarda nacional] e o general Nestor Reverón [chefe da divisão anti-drogas] tem que ir para a cadeia pelo mesmo motivo."

Em uma entrevista ao jornal venezuelano El Nacional, mês passado, Makled-Garcia disse: "Como prova do que estou dizendo, tenho recibos e números de contas onde depositei dinheiro em nome de esposas, irmãos e irmãs" de "ministros, generais, almirantes, coronéis e cinco deputados da Assembléia Nacional."

Michele M. Leonhart, chefe da [agência nacional de combate às drogas] Drug Enforcement Administration emitiu uma declaração na quinta-feira, deixando claro que ela espera que Makled-Garcia seja entregue às autoridades americanas. "Devido ao trabalho excepcional de nossos parceiros na Colômbia e em outras partes, Makled-García está atrás das grades e aguardando a extradição para os Estados Unidos pelos crimes deste inquérito," ela disse. "Ele construiu um imenso império global do tráfico baseado em atividades criminosas. Sua prisão terá um impacto mundial no fornecimento de drogas e estamos comprometidos com a garantia de que ele vá à justiça nos Estados Unidos."

Chávez, é claro, está desesperado para pôr as mãos em Makled-Garcia. Ele apelou ao presidente colombiano Juan Manuel Santos para que mandasse o prisioneiro venezuelano para seu país de origem, onde ele seria sem dúvida silenciado pela polícia e juízes chavistas. É improvável que Santos arrisque a aliança de longa data de seu país com Estados Unidos enviando Makled-Garcia para qualquer parte que não eles. Além do mais, como signatário da Convenção contra a Tortura da ONU, o governo colombiano também deve dissipar as preocupações relativas aos direitos humanos estando determinados a que Makled-Garcia não seja submetido a tortura, como será, se for entregue à Venezuela.

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sábado, 13 de novembro de 2010

Escândalo ameaça receita do SBT


Por Marili Ribeiro

Estadão Online

Se a especulação sobre a venda da rede de televisão SBT persistir, na consideração de diretores de planejamento de mídia das principais agências de publicidade consultadas pelo Estado, a emissora ficará vulnerável. "O SBT pode começar a perder entre 20% e 30% do seu faturamento já no começo do ano", diz um deles. "Todos vão querer negociar a compra de mídia na emissora com pesados descontos. Nessa hora, não há solidariedade. Há negócio", diz outro.

A situação, lembram eles, não será diferente do que viveu a Rede Globo, por volta de 2003, quando passou pela reestruturação de sua dívida tendo que vender participação em várias afiliadas. "No momento da negociação do comprometimento anual de pagamento antecipado houve descontos de compra de mídia de até 80% do valor do volume contratado no ano", relembram.

É prática do mercado de propaganda o uso do ‘comprometimento anual’, um recurso para compra antecipada de espaços de veiculação de anúncios com descontos proporcionais ao volume contratado. É uma forma de a emissora fazer caixa. É feito no começo do ano à medida que os grandes empresas definem suas verbas de marketing. Fora isso, nessa mesma época, as emissoras também negociam os patrocínios para os pacotes de programação anual, como grade de esportes, séries, reality shows tipo BBB, entre outros.

Imagem

Não é à toa que Sílvio Santos se preocupa em preservar sua boa imagem. Ele tomou para si a tarefa de escrever do próprio punho o anúncio que pôs no ar desde sexta-feira. Nenhuma agência de propaganda, como seria usual, foi convocada para a tarefa. No comunicado ele destaca que as empresas do Grupo Sílvio Santos valem mais do que o empréstimo que se viu obrigado a contrair para cobrir a fraude no Banco Panamericano, que pertence ao grupo.

Preservar a imagem trata-se de – mais do que uma vaidade natural para um ídolo popular – uma forma de evitar prejuízos para o SBT. A comercialização dos espaços publicitários em qualquer emissora leva em consideração dois aspectos: audiência e credibilidade. A audiência do SBT tem se mantido estável, em torno dos 6 pontos por dia no último ano. Mas a credibilidade pode ficar abalada com o risco de venda e isso provocar perda de receita a médio prazo.

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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Repetência federal


Por Dora Kramer

Estadão Online

É óbvio para qualquer pessoa que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem problemas graves de execução, assim como é evidente que o Ministério da Educação não tem o domínio nem o controle da situação.

Quer dizer, não dispõe do mapa das deficiências nem sabe como resolvê-las.

Durante anos e numa época de tecnologia incomparável com a de hoje realizaram-se exames vestibulares em todo o País, sem que houvesse nada parecido.

A série de erros gravíssimos - vazamento de provas, troca de cabeçalhos em gabaritos, alteração na ordem das questões nos exames - já comprometeu a credibilidade do Enem.

Mas os desastres não foram suficientes para abalar o prestígio do ministro da Educação, Fernando Haddad, junto com presidente Luiz Inácio da Silva, que, segundo consta, pensa em indicá-lo para permanecer no cargo no governo Dilma Rousseff.

Claro que o ministro não pode ser o único culpado por erros administrativos. Mas, como responsável pela área, deve saber corrigi-los e cuidar para que não se repitam. Nesse aspecto, Haddad foi reprovado, pois pelo segundo ano consecutivo o Enem é comprometido por causa de transtornos de gerência.

Ex-reitor da UnB, ex-ministro da Educação, candidato a presidente em 2006 como porta-bandeira da área, o senador Cristovam Buarque lembra que no futebol não há descontrole nem tolerância semelhantes. "Com dois jogos perdidos, os times trocam os técnicos."

O senador não se refere só ao ministro da Educação - embora se refira também - e estende o conceito de indulgência a todo o sistema. "Falhou a máquina do ministério."

Na opinião dele, o ministério deveria tomar três medidas: reavaliar toda a estrutura do Enem (administrativa, educacional e de segurança), encontrar uma maneira de transmitir segurança emocional aos milhões de estudantes que fazem do exame um divisor de águas em suas vidas e patrocinar uma campanha para recuperar a credibilidade do Enem.

"Sem isso temo que acabemos por matar uma ótima ideia", diz ele. Essa "morte", na opinião do senador se daria de duas maneiras. Uma, as universidades podem começar a rejeitar o exame como instrumento de admissão de alunos; outra, pelo reforço da posição de todos os que são contra exames de avaliação.

"E não são poucos nem só os donos de escolas mal avaliadas: há governadores, prefeitos e professores que contestam o próprio instituto do Enem. Isso é muito ruim."

Cristovam, particularmente, prefere outro sistema de avaliação, o PAS, que implantou em Brasília quando governador. Enquanto o Enem é aplicado no fim do segundo grau, o PAS é feito durante os três anos e, no fim, o estudante é avaliado pela média.

A sugestão dele é que o governo convide gente de notório saber para examinar as razões dos erros e as possibilidades de acerto no que concerne ao exame de avaliação, antes que surja algum movimento pela extinção pura e simples das provas.

Mas o senador duvida que o governo se disponha a abrir esse jogo de forma franca. "Quando formei a CPI da Educação para investigar as causas de o Brasil não sair desse apagão educacional não tinha nada a ver com o governo e mesmo assim o palácio mandou sua base retirar as assinaturas. Por isso imagino que não aceite uma avaliação externa."

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

DEM retoma bandeira contra a CPMF


Por Ana Paula Scinocca

Estadão Online

Uma semana depois da eleição, a oposição encontrou a bandeira que parece ter faltado na campanha. Na iminência do retorno da CPMF, o imposto sobre os cheques, o líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), já reativou o "Xô, CPMF". O movimento fez barulho em 2007, época em que a contribuição foi extinta depois de derrota governista no Senado.

Tímido durante a campanha presidencial, o debate em torno da questão dos impostos promete ser acalorado no período de transição para o governo de Dilma Rousseff.

Ontem, o site do movimento (www.xocpmf.com.br) foi reativado e pelo menos duas entidades - a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas - já aderiram às manifestações contrárias ao retorno do tributo. Pelo menos 13 dos 27 governadores se mostram favoráveis à reedição da CPMF para financiar recursos para a área da saúde.

Um dos idealizadores da proposta, Bornhausen já montou estratégia para mobilizar a sociedade civil contra o retorno do imposto. Na próxima semana, um evento do "Xô, CPMF" deve ser realizado no Congresso.

"Essa volta da CPMF é um sanatório geral. Temos de reagir e mobilizar a sociedade civil de fora para dentro", anotou. Com ampla maioria no Congresso, o governo da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), tem grande chance de reeditar o tributo. "Daí a necessidade de as entidades e a sociedade em geral encampar novamente a ideia do Xô CPMF", reforçou o líder do DEM.

Mão de gato. Para Bornhausen, a reedição do tributo é um "tapa na cara com mão de gato". "Se o governo quer mais recursos para a saúde, ele que tire dinheiro de estradas que não constrói e coloque na saúde que não atende", afirmou. "A prioridade deve ser a saúde. As estradas podem ser feitas por meio de concessões, mas falar em volta da CPMF só pode ser deboche."

Em 2007, outra integrante do DEM, a senadora Kátia Abreu (TO), que relatou o projeto de emenda da CPMF no Senado, chamou a atenção ao defender a derrubada do tributo. Ela produziu um relatório taxativo e rodou o Senado com o documento debaixo do braço à caça de votos contrários ao imposto.

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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Não existe oposição “generosa”, nem “má”: existe oposição


Por João Bosco Rabello

Estadão Online

Não foi bem digerida no PSDB e no DEM a proposta do governador Aécio Neves de uma oposição “generosa” ao futuro governo Dilma. O adjetivo poderia ter ficado de fora da declaração do mineiro, sobretudo porque foi simultânea ao lançamento, pelo PSB ,de seu nome para presidir o Senado.

A leitura foi a de que Aécio traça seu próprio projeto de chegar ao posto numa aliança com partidos governistas, à revelia de seus aliados.
De suas declarações decorrem as manifestações em sentido contrário de oposicionistas como o governador de São Paulo, Alberto Goldman, e do próprio senador eleito, Itamar Franco. Ambos corrigem Aécio: oposição é oposição – consciente e ativa, mas sem meios termos.
Itamar, inclusive, defende que ela comece no dia seguinte à posse de Dilma. “Até a posse, tudo são flores”, diz.

De fato, o eleitor já demonstrou não apreciar posições pouco claras ou comportamento dúbio, como ficou patente na campanha de José Serra, criticado por não admitir interferência no trabalho de seu marqueteiro Luis Gonzales.

Nada disso significa oposição irresponsável ou do “quanto pior, melhor”, como a exercida pelo PT durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, quando combateu o plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal e outras medidas, de resto responsáveis pela estabilidade da qual se beneficiou para consolidar um cenário econômico favorável ao País.
O que Aécio, apesar do escorregão, não deixou de assinalar. O rescaldo da derrota já parece estar reorientando o pensamento dos oposicionistas que, mais conscientes da votação obtida – 44 milhões de votos, dez governadores de estados que somam 95 milhões de brasileiros, ou 52% da população -, começam a avaliar o resultado pelo lado positivo – o da representatividade obtida.

A avaliação da derrota elegeu como causa principal a desarticulação da oposição, majoritariamente representada pelo PSDB, que entrou na disputa dividido e a três meses da abertura oficial da campanha.

Nos anos anteriores de governo Lula não exerceu uma oposição permanente, fundada em bases sólidas, programáticas e definidoras de um norte político que propiciasse ao eleitor mais que a repetição de um duelo ideológico entre dois partidos que brigam pelo monopólio de uma esquerda de conceito obsoleto.

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sábado, 6 de novembro de 2010

Gramsci, um comunista finório


Por Pe. David Francisquini

Site Sacralidade

No exercício de minhas atividades paroquiais, sobretudo no pastoreio de almas, não preciso fazer muito esforço para observar nas almas não apenas de meus fiéis, mas sociedade enquanto um todo que as pessoas vão sendo transformadas paulatinamente em suas mentalidades, em seus modos de ser e de viver.

Tais transformações se dão impreterivelmente no sentido oposto aos ensinamentos do Evangelho pregado por Nosso Senhor Jesus Cristo. Na prática, isso significa afastamento das almas em relação a Deus e à religião católica, em contraposição à adoção do ateísmo difuso através da sensualidade desenfreada.

Tudo tende para o igualitarismo e o amor livre por meio de uma revolução nos costumes, na indumentária, nos adornos, na linguagem, no trato social. Ela se passa igualmente nas instituições sociais e culturais como na música, no teatro, nos shows, na família, na forma de propriedade, no ensino. E depois se transformam em leis.

É fácil perceber nas almas o endurecimento dos corações em relação a religião e a Deus, tornando cada vez mais difícil aceitar as máximas do Evangelho, e, assim, cerceando o mais possível o apostolado. Tal fenômeno chegar a levar desânimo a muitos padres, tamanho o desafio. Outros são tentados a entrar na onda.

Como? — Ao mesclar hábitos do mundo com a religião na vã tentativa de atrair fiéis. Diante da dificuldade de atraí-los em razão do forte apelo das paixões desregradas, procuram transformar suas igrejas em palcos de shows, com todos os exageros que podem ser vistos hoje em certos meios católicos.

Há explicação para tal ocorrência? Ela seria espontânea ou dirigida? Quais seriam os mecanismos ou técnicas de manipulação da opinião pública utilizadas para atingir a meta em questão? Afinal, por que o mundo vem piorando dia a dia? Já atingimos o fundo do abismo? Ao ler e estudar Gramsci, pude entender muita coisa do que se passa.

Ateu, materialista e anticatólico, Gramsci quis a destruição da Igreja ao empenhar-se na luta pela mudança social da Itália nas primeiras décadas do século XX rumo à sua meta comunista. Sagazmente, percebeu que para tal só um golpe de estado e a tomada do governo pelas armas não bastariam.

Porquanto ali se encontrava a sede do Papado e a sociedade italiana, à época, se nutria ainda da seiva de séculos de religião católica. Contudo, Gramsci e seus comparsas anelavam destruir os pontos de resistência das almas. Como Arquimedes, ele poderia ter dito: “Dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu mudarei o mundo”.

Gramsci ensinou a seus companheiros o caminho para quebrar a resistência das almas, e só depois dessa indispensável ação demolidora implantar-se-ia o regime antinatural que pregava.

Ao teorizar sobre o que ele chamou de ‘senso comum’ na sociedade organizada, ou seja, o conjunto de valores, hábitos culturais, religiosos, sociais e mentais que dominam o ambiente onde a pessoa nasce e vive, encontrou ele diabolicamente o calcanhar de Aquiles da opinião pública.

No caso italiano, tratava-se da civilização cristã. Uma vez que todo homem possui o instinto de sociabilidade, ele tende a imitar o mundo à sua volta. Esse sentir comum se exerce com tal força no espírito do indivíduo que, dificilmente, alguém escapa a essa regra.Com efeito, quem dominar esse senso comum conquista a sociedade.

Para Gramsci, era necessário então mudar tendenciosamente esse “senso comum” rumo à sociedade atéia e igualitária imaginada. Na medida em que houvesse um deslocamento desse senso para a esquerda, todas as pessoas passariam a viver de acordo com ele.

Gramsci sugeriu uma guerra palmo a palmo à Igreja, minando-A na sua estrutura hierárquica. Propunha também demolir paulatinamente a sociedade: mudança de um costume aqui, uma moda mais imoral ali, com a conseqüente desintegração da família.

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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Maioria dos governadores eleitos quer volta da CPMF para financiar saúde


Estadão Online

Agência Estado

A maioria dos governadores eleitos em outubro defende a recriação de um imposto nos moldes da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), extinta pelo Senado em 2007. Apenas seis governadores de oposição - dois do DEM e quatro do PSDB - disseram ser contra a medida. Mesmo assim, um tucano, o mineiro Antonio Anastasia, está entre os 14 que se manifestaram a favor da volta do imposto do cheque.

O Estado procurou os 27 governadores que continuam no cargo ou tomam posse em janeiro. Dois não foram localizados e cinco não se manifestaram. Entre esses está o alagoano Teotonio Vilela, que em 2007 chegou a dizer que “todos os governadores do PSDB” queriam a aprovação da CPMF. Os cinco petistas eleitos apoiaram a iniciativa.

Ontem, Anastasia lembrou que “a maioria esmagadora” dos governadores se posicionou a favor da manutenção do tributo em 2007, derrubado pelo Senado na principal derrota no Congresso sofrida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “A saúde é a chamada política pública de demanda infinita”, disse o mineiro, que esteve ontem com o senador eleito Aécio Neves (PSDB) em Caeté (MG).

Mobilização. O novo movimento em prol de um tributo para financiar a saúde pública tem à frente os seis governadores eleitos pelo PSB, partido da base de apoio de Lula. Um dia depois de a presidente eleita Dilma Rousseff ter defendido novos mecanismos de financiamento para o setor, os socialistas lançaram sua mobilização, em reunião da Executiva Nacional em Brasília.

“É um sacrificiozinho muito pequeno para cada brasileiro em nome de um grande número de brasileiros que precisa dos serviços de saúde e precisa que esses serviços sejam de qualidade”, afirmou o governador reeleito do Ceará, Cid Gomes.

Cid Gomes defende a regulamentação do artigo 29 da Constituição (conhecida como Emenda 29), que obriga União, Estados e municípios a investirem mais em saúde, e também a aprovação do projeto que cria a Contribuição Social da Saúde, a CSS, com alíquota de 0,10% sobre as movimentações financeiras.

Ambas estão paradas na Câmara dos Deputados. “A vantagem desse projeto é que se trata de uma contribuição para a saúde dentro de recursos que já existem”, disse o governador reeleito do Piauí, Wilson Martins.

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Os idiotas úteis dos socialistas


Por Walter Williams

Mídia Sem Máscara

Uma das maiores fontes de confusão e engano é a diferença entre esquerdistas, progressistas, socialistas, comunistas e fascistas. Eu pensei nisso assim que bati o olho na passeata da "One Nation" [Uma Só Nação], em Washington. Os participantes marchavam com faixas, placas e cartazes dizendo "Socialistas", "Socialistas Democratas de Ohio," "Organização dos Socialistas Internacionais," "Partido Socialista dos EUA," "Construir uma Alternativa Socialista" e outros cartazes manifestando apoio ao socialismo e o comunismo. Havia barracas onde eles vendiam livros de bolso com os títulos de "O Marxismo e o Estado," "Manifesto Comunista," "Quatro Clássicos Marxistas," "O Caminho do Socialismo" e títulos semelhantes.

O encontro teve o apoio da [federação de sindicatos] AFL-CIO e daUnião Internacional dos Empregados de Serviços, de baluartes do Partido Democrata, como Al Sharpton, e de organizações como a [Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor] NAACP, o [lobby hispânico] Conselho Nacional de La Raza, a [ONG ambientalista] Verde para Todos, o [grupo ambientalista] Sierra Club e o Fundo de Proteção às Crianças.

O que passa despercebido é que os socialistas e os comunistas produziram os maiores males da história humana. Você me pergunta, "Williams, do que você está falando? Os socialistas, os comunistas e seus simpatizantes se importam com os mais fracos em sua luta por oportunidades! Eles estão tentando promover a justiça social." Vamos dar uma olhada na história do socialismo e do comunismo.

O nazismo é uma forma de socialismo. Na verdade, nazismo quer dizer "Partido dos Trabalhadores Nacionais Socialistas Alemães." Os nazistas mataram 20 milhões de seu próprio povo e das nações que capturaram. Os atos inomináveis do Partido dos Trabalhadores Socialistas de Adolf Hitler empalidecem em comparação com os horrores cometidos na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Entre 1917 e 1987, Vladimir Lênin, Josef Stálin e seus sucessores assassinaram ou foram responsáveis pela morte de 62 milhões de seu próprio povo. Entre 1949 e 1987, Mao Zedong e seus sucessores foram responsáveis pela morte de 76 milhões de chineses. As estimativas mais abalizadas a respeito dos regimes mais assassinos da história estão em um livro do professor Rudolph J. Rummel, da Universidade do Havaí: "Death by Government" [Morte perpetrada pelo Governo]. Há grande abundância de informações em seu site.

Você diz, "Williams, não é meio injusto colocar no mesmo saco os socialistas e comunistas da 'One Nation' e seus simpatizantes juntamente com assassinos em massa como Hitler, Stalin e Mao? Afinal de contas, eles não expressaram esse objetivo assassino." Quando Hitler, Stálin e Mao faziam campanha para conseguir poder político, você pode apostar que eles não fizeram campanha em cima da promessa de matar milhões de seu próprio povo e provavelmente a ideia de fazer isso não lhes passou pela cabeça. Esses horrores foram simplesmente o resultado final de uma longa evolução de ideias conducentes à consolidação do poder em um governo central, na busca por "justiça social."

Foram gerações de alemães, russos e chineses decentes, como muitos americanos hoje, que teriam recuado diante da ideia do genocídio, que construíram o cavalo de Tróia para um Hitler, um Stálin ou Mao assumir o poder. Mas, como Voltaire disse, "Quem é capaz de te fazer crer em absurdos pode te fazer cometer atrocidades."

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Governo Obama é humilhado na Câmara e mantém maioria no Senado — por enquanto, por apenas 1 voto. Aprende, PSDB!


Por Reinaldo Azevedo

Blog do Reinaldo Azevedo

"Desastre!”

Essa seria uma boa palavra para definir o desempenho do Partido Democrata na disputa pela Câmara nos EUA. Até as 6h da manhã de hoje (hora de Brasília), o partido de Barack Obama havia perdido nada menos de 59 cadeiras, elegendo 180 representantes apenas. As 59 haviam passado para os republicanos, que perfaziam 234 — e eles precisavam de apenas 39 a mais para obter o controle da Casa. Seguiam indefinidas 21.

O desastre só não foi total porque os democratas conseguiram manter a maioria no Senado. Até o início da manhã de hoje, já haviam perdido seis cadeiras, mas conseguiram assegurar pelo menos 51 das 100. Podem chegar, no máximo, a 53. As seis passaram para os republicanos, que ficaram com 46, e três seguiam indefinidas. O consolo para Barack Obama é que seu líder no Senado, Harry Reid, conseguiu vencer em Nevada a republicana Sharron Angle, do Tea Party, por 50,2% a 44,6%. Os democratas lograram sucesso ainda na Califórnia, Delaware, Connecticut e Virgínia Ocidental, estados que consideravam temerários.

Dois líderes bastante salientes do Tea Party se elegeram, no entanto, no Kentucky e na Flórida: respectivamente, Paul Rand e Marco Rubio — nesse caso, a vitória republicana foi humilhante: 48,8% a 20,2% — os democratas perderam para os independentes, que chegaram a 29,7%. Seguiam indefinidos o Alasca — os independentes estavam na frente, com 70% dos votos apurados —, Washington, com ligeira vantagem democrata (62% dos apurados) e Colorado, com discreta dianteira republicana (73% apurados). A maioria no Senado, pois, pode ser de um só voto — três no máximo.

Escrevi na noite de ontem a respeito das eleições americanas. Também expliquei por que elas podem ser instrutivas para as oposições no Brasil. Segue o post das 19h51.
*
Oposicionistas no Brasil podem aprender com o republicanos nos EUA ou repetir os próprios erros. Ou: fazer oposição é uma missão constitucional!

Os dias andam muito animados no Brasil, e quase não há tempo para falar sobre o que vai mundo afora. Os EUA estão realizando eleições hoje. Disputam-se as 435 cadeiras da Câmara, 37 das 100 do Senado e 37 dos 50 governos de estado. Começo com um gracejo: quem entende de eleições americanas é o meu amigo Caio Blinder (bem mais progressista do que eu — mas quase todo mundo é…); eu entendo é de oposição desde o regime militar, hehe. Sempre fui oposição!

Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos há dois anos. Antes que a maioria dos americanos tivesse decidido votar nele, o mundo já o tinha elegido. Reclamei ontem de um repórter do Jornal da Globo que afirmou que a eleição de Dilma “já é histórica” no Brasil, “a primeira mulher”… À época, critiquei a imprensa brasileira e mundial por causa da também chamada “eleição histórica” de Obama, “o primeiro negro” etc e tal. Ninguém é histórico antes da história. A história que se faz com antecedência costuma ser pura mistificação.

É grande a possibilidade de que Obama perca hoje a maioria na Câmara. No Senado, o risco é menor, mas existe. Os republicanos, quem diria?, estão mais vivos do que nunca. O sistema eleitoral americano, que deu uma vitória acachapante para Obama no Colégio eleitoral — 365 votos a 173 — escondia uma verdade importante: Obama obteve 52% dos votos, e John McCain, o republicado, 47%. Como venceu na maioria dos estados, especialmente nos mais populosos, os democratas arrebatavam todos os delegados. O massacre do colégio estava longe de representar um massacre de votos. Embora a imprensa liberal americana — e a influenciada pela esquerda mundo afora — insistisse em declarar a morte dos republicanos, a verdade é que eles estavam vivíssimos.

Por vivos, decidiram fazer valer aqueles 47% — e é claro que estou batendo na cangalha para ver se os tucanos entendem: os tucanos que obtiveram 44% dos votos no Brasil! Obama tomou posse e tinha uma gigantesca tarefa pela frente. Se alguém podia falar em “herança maldita”, esse alguém era ele. Mas, para sorte dos americanos, essa conversa por lá pega mal. O país tem a sorte de ter uma cultura política que considera que devem se apresentar para governar aqueles que julgar ter uma resposta eficiente a dar aos problemas. Ninguém precisa de governo para reclamar das dificuldades e para jogar a culpa nos ombros dos adversários.

Obama tem um forte lado terceiro-mundista no comportamento político. Sua retórica traz laivos de messianismo às vezes; ele também gosta, como fez hoje durante todo o dia em entrevistas a rádios, de separar os políticos entre os que fazem a América “avançar” ou “recuar”, essas coisas… Mas teve de ser comedido na demonização do passado. Os americanos o haviam escolhido para governar em lugar dos republicados, não para reclamar dos antecessores.

Dadas as dificuldades, ele até foi bem-sucedido nesses dois anos. Conseguiu aprovar seu plano para a Saúde; iniciou a retirada das tropas do Iraque, a economia se recupera com mais dificuldade do que se esperava, mas o país saiu da lama. E, bem, Obama é Obama, não é? Conta com a simpatia da esmagadora maioria da imprensa americana… Ocorre que…

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Partido de Obama perde maioria na Câmara, mas mantém a do Senado


Estadão Online

BBC Brasil

O Partido Democrata, do presidente Barack Obama, perdeu a maioria na Câmara dos Representantes, mas manteve o controle do Senado nas eleições legislativas dos Estados Unidos, nesta terça-feira.

Com os resultados definidos para 422 das 435 cadeiras da Câmara dos Representantes, os republicanos haviam garantido 239 assentos, superando os 50%.

No Senado, apesar de o partido de Obama ter perdido ao menos seis vagas para os republicanos, os democratas garantiram a maioria com pelo menos 51 cadeiras, faltando ainda a definição de três dos cem assentos da Casa.

Pouco depois da meia-noite (2h de quarta-feira, em Brasília), o deputado John Boehner, líder republicano que deverá assumir como o novo presidente da Câmara dos Representantes, fez um discurso declarando a vitória de seu partido e prometendo reduzir os gastos do governo e o tamanho do Estado.

Segundo a Casa Branca, Obama telefonou para Boehner e disse que esperava trabalhar com ele e com os republicanos para "fazer o país avançar".

Uma das derrotas mais simbólicas para o presidente americano foi a perda do seu antigo assento no Senado, pelo Estado de Illinois, para o Partido Republicano.

Mas em Nevada, numa das disputas ao Senado consideradas chave nestas eleições, o líder democrata na Casa, Harry Reid, conseguiu manter sua cadeira ao vencer a republicana Sharron Angle, integrante do movimento conservador Tea Party.

Apesar da derrota de muitos candidatos excêntricos ligados ao Tea Party, as eleições desta terça-feira ajudaram a estabelecer o movimento como uma força importante no panorama político americano.

Descontentamento

Obama telefonou para líder republicano para cumprimentá-lo pela vitória

Estavam em jogo nestas eleições todas as 435 cadeiras da Câmara dos Representantes e 37 das cem vagas do Senado. Os eleitores também escolheram governadores de 37 dos 50 Estados americanos.

A virada no comando do Congresso já era prevista e, segundo analistas, deverá tornar mais difícil para Obama levar adiante muitas de suas propostas até o final de seu mandato.

Especialistas afirmam que o resultado das urnas demonstra o descontentamento dos eleitores americanos com os dois primeiros anos do governo de Obama e, principalmente, com a lenta recuperação da economia do país.

Os Estados Unidos conseguiram sair da recessão, mas o ritmo da recuperação econômica tem sido considerado lento demais para reduzir a taxa de desemprego, que permanece há vários meses em torno de 10%.

Analistas dizem ainda que as grandes conquistas dos primeiros dois anos de Obama na Casa Branca, como as reformas da saúde e do sistema financeiro, exigiram medidas impopulares e resultaram em queda nos índices de aprovação do presidente.

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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Decepção com Dilma será inevitável, diz 'The Guardian'


Notícias UOL

Por Grupo UOL

Os eleitores brasileiros optaram pela continuidade do "lulismo" através de Dilma Rousseff, mas a decepção com a próxima presidente será inevitável, na avaliação de um editorial publicado nesta terça-feira pelo diário britânico The Guardian.

"Inevitavelmente, ela decepcionará. Após dois mandatos, Lula tem o status de uma entidade divina no país", afirma o editorial.

O jornal comenta que Lula conseguiu tirar 20 milhões de brasileiros da pobreza extrema, elevar 30 milhões à classe média e reduzir o desemprego a níveis recordes, em "uma mudança que os brasileiros puderam sentir".

Para o Guardian, Dilma é uma "tecnocrata de estilo rápido e direto" e assumirá a Presidência "em circunstâncias diferentes e com habilidades diferentes".

"As questões administrativas de sua Presidência não devem lhe apresentar dificuldade, mas as políticas poderão. A bajulação e a sedução não são seu melhor papel, apesar de chegar ao poder com maiorias nas duas casas do Congresso", diz o texto.

O jornal afirma ainda que o boom econômico vivido pelo Brasil pode também trazer desafios, com a ameaça de desindustrialização caso o país se acomode como exportador de commodities e não invista em seu setor manufatureiro.

"Para isso, o país precisa combater os problemas mais difíceis, como salários, aposentadorias, sistema tributário e dívida pública, os quais Lula mostrou pouco desejo de reformar", diz o Guardian.

Para o jornal, o trabalho de Dilma foi facilitado, mas ela deve enfrentar uma "lua-de-mel" com os eleitores mais curta do que a que Lula teve. Ainda assim, o diário conclui seu editorial afirmando que "a questão importante é que a visão de uma nação que tira milhões da pobreza enquanto sua economia cresce seja mantida viva".

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O que esperar do futuro governo Dilma?


Por Leandro Roque




Sem que ela tenha nomeado sua equipe de governo, já é possível saber de antemão como será o governo Dilma, sem correr qualquer risco de errar.

Daqui a quatro anos:

1) Suas liberdades civis estarão menores.

2) A quantidade de impostos que você pagará será maior.

3) A economia estará ainda mais regulada.

4) O estado estará ainda mais envolvido em empreendimentos.

5) Quem estiver no setor público estará rindo à toa.

6) Quem for empreendedor e tiver contratos com o governo ou tiver funcionários públicos como o grosso de sua clientela também estará ótimo.

7) Quem for empreendedor autônomo, do tipo que não recebe favores do governo, mas que já está em um mercado maduro, seguirá escorchado e tendo de sustentar todo o trem da alegria acima.

8) E, finalmente, quem for empregado do setor privado (exceto bancos) ficará exclusivamente com o ônus de tudo. Não estará morrendo de fome, mas dificilmente sairá do lugar. Por quê?

Salários reais estagnados por 8 anos

Essa tabela de Excel fornecida pelo IBGE mostra que o rendimento médio real dos trabalhadores do setor privado com carteira assinada está atualmente em um nível menor que o de agosto de 2002!

Você realmente deve clicar na tabela e ver (na coluna da esquerda, desde lá de cima da planilha) que o rendimento real dos trabalhadores do setor privado com carteira assinada caiu continuamente de 2002 até 2010, e apenas em setembro agora é que o valor se igualou ao que era em julho de 2002, porém ainda estando menor que o valor de agosto de 2002.

Isso explica o aumento do número de postos de trabalho com carteira assinada. Os salários reais estão estagnados há oito anos, o que de fato estimula a demanda por mão de obra e, consequentemente, o emprego.

Quando se ouve falar que o salário real subiu, está-se levando em conta os salários de toda a população, inclusive funcionários públicos. Porém, se olharmos exclusivamente os assalariados do setor privado com carteira assinada, a situação fica desesperadora: existe emprego (e é disso que o governo se gaba), mas não existe remuneração — essa está, na melhor das hipóteses, estagnada desde 2002.

Esse fenômeno de oferta de emprego relativamente alta e salários constantemente baixos foi explicado aqui, e mais do que nunca permanece válido. Enquanto o governo mantiver seus gastos elevados, seus déficits nominais, sua alta carga tributária e seus inúmeros encargos sociais e trabalhistas, ele estará impedindo a acumulação de capital no setor privado. Consequentemente, ao impedir que haja uma maior quantidade de bens de capital à disposição de trabalhadores, o governo estará tolhendo o aumento da produtividade do setor privado, o que por sua vez impossibilitará substanciais aumentos salariais.

Ao contrário do que ativistas políticos pensam, a prosperidade não pode ser obtida por meio de discursos demagógicos e de ataques à imprensa. Um alto padrão de vida só pode ser obtido por meio de um aumento da produção. Apenas quando há uma abundância de bens e serviços — cuja grande oferta faz com que seus preços sejam baixos —, é que o padrão de vida será maior.

E ao contrário do que economistas acadêmicos pensam, um país não enriquece imprimindo dinheiro e derrubando sua taxa básica de juros, mas sim acumulando capital e utilizando-o para criar a abundância de bens e serviços acima citada.

A política fiscal do governo — de gastos crescentes, déficits constantes, alta carga tributária e inúmeros encargos sociais e trabalhistas — simplesmente impediu qualquer progresso no valor real dos trabalhadores do setor privado. E isso de acordo com os dados do próprio IBGE.

Se Dilma não estiver disposta a desatar esse nó, apenas um surto milagroso de produtividade poderá fazer com que os salários do setor privado cresçam sustentavelmente em termos reais. (Curiosamente, nesse campo, nenhum progressista se dispõe a imitar a Escandinávia, com sua economia privada altamente desregulamentada.)