Por Dora Kramer
Estadão Online
É óbvio para qualquer pessoa que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem problemas graves de execução, assim como é evidente que o Ministério da Educação não tem o domínio nem o controle da situação.
Quer dizer, não dispõe do mapa das deficiências nem sabe como resolvê-las.
Durante anos e numa época de tecnologia incomparável com a de hoje realizaram-se exames vestibulares em todo o País, sem que houvesse nada parecido.
A série de erros gravíssimos - vazamento de provas, troca de cabeçalhos em gabaritos, alteração na ordem das questões nos exames - já comprometeu a credibilidade do Enem.
Mas os desastres não foram suficientes para abalar o prestígio do ministro da Educação, Fernando Haddad, junto com presidente Luiz Inácio da Silva, que, segundo consta, pensa em indicá-lo para permanecer no cargo no governo Dilma Rousseff.
Claro que o ministro não pode ser o único culpado por erros administrativos. Mas, como responsável pela área, deve saber corrigi-los e cuidar para que não se repitam. Nesse aspecto, Haddad foi reprovado, pois pelo segundo ano consecutivo o Enem é comprometido por causa de transtornos de gerência.
Ex-reitor da UnB, ex-ministro da Educação, candidato a presidente em 2006 como porta-bandeira da área, o senador Cristovam Buarque lembra que no futebol não há descontrole nem tolerância semelhantes. "Com dois jogos perdidos, os times trocam os técnicos."
O senador não se refere só ao ministro da Educação - embora se refira também - e estende o conceito de indulgência a todo o sistema. "Falhou a máquina do ministério."
Na opinião dele, o ministério deveria tomar três medidas: reavaliar toda a estrutura do Enem (administrativa, educacional e de segurança), encontrar uma maneira de transmitir segurança emocional aos milhões de estudantes que fazem do exame um divisor de águas em suas vidas e patrocinar uma campanha para recuperar a credibilidade do Enem.
"Sem isso temo que acabemos por matar uma ótima ideia", diz ele. Essa "morte", na opinião do senador se daria de duas maneiras. Uma, as universidades podem começar a rejeitar o exame como instrumento de admissão de alunos; outra, pelo reforço da posição de todos os que são contra exames de avaliação.
"E não são poucos nem só os donos de escolas mal avaliadas: há governadores, prefeitos e professores que contestam o próprio instituto do Enem. Isso é muito ruim."
Cristovam, particularmente, prefere outro sistema de avaliação, o PAS, que implantou em Brasília quando governador. Enquanto o Enem é aplicado no fim do segundo grau, o PAS é feito durante os três anos e, no fim, o estudante é avaliado pela média.
A sugestão dele é que o governo convide gente de notório saber para examinar as razões dos erros e as possibilidades de acerto no que concerne ao exame de avaliação, antes que surja algum movimento pela extinção pura e simples das provas.
Mas o senador duvida que o governo se disponha a abrir esse jogo de forma franca. "Quando formei a CPI da Educação para investigar as causas de o Brasil não sair desse apagão educacional não tinha nada a ver com o governo e mesmo assim o palácio mandou sua base retirar as assinaturas. Por isso imagino que não aceite uma avaliação externa."
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Estadão Online
É óbvio para qualquer pessoa que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem problemas graves de execução, assim como é evidente que o Ministério da Educação não tem o domínio nem o controle da situação.
Quer dizer, não dispõe do mapa das deficiências nem sabe como resolvê-las.
Durante anos e numa época de tecnologia incomparável com a de hoje realizaram-se exames vestibulares em todo o País, sem que houvesse nada parecido.
A série de erros gravíssimos - vazamento de provas, troca de cabeçalhos em gabaritos, alteração na ordem das questões nos exames - já comprometeu a credibilidade do Enem.
Mas os desastres não foram suficientes para abalar o prestígio do ministro da Educação, Fernando Haddad, junto com presidente Luiz Inácio da Silva, que, segundo consta, pensa em indicá-lo para permanecer no cargo no governo Dilma Rousseff.
Claro que o ministro não pode ser o único culpado por erros administrativos. Mas, como responsável pela área, deve saber corrigi-los e cuidar para que não se repitam. Nesse aspecto, Haddad foi reprovado, pois pelo segundo ano consecutivo o Enem é comprometido por causa de transtornos de gerência.
Ex-reitor da UnB, ex-ministro da Educação, candidato a presidente em 2006 como porta-bandeira da área, o senador Cristovam Buarque lembra que no futebol não há descontrole nem tolerância semelhantes. "Com dois jogos perdidos, os times trocam os técnicos."
O senador não se refere só ao ministro da Educação - embora se refira também - e estende o conceito de indulgência a todo o sistema. "Falhou a máquina do ministério."
Na opinião dele, o ministério deveria tomar três medidas: reavaliar toda a estrutura do Enem (administrativa, educacional e de segurança), encontrar uma maneira de transmitir segurança emocional aos milhões de estudantes que fazem do exame um divisor de águas em suas vidas e patrocinar uma campanha para recuperar a credibilidade do Enem.
"Sem isso temo que acabemos por matar uma ótima ideia", diz ele. Essa "morte", na opinião do senador se daria de duas maneiras. Uma, as universidades podem começar a rejeitar o exame como instrumento de admissão de alunos; outra, pelo reforço da posição de todos os que são contra exames de avaliação.
"E não são poucos nem só os donos de escolas mal avaliadas: há governadores, prefeitos e professores que contestam o próprio instituto do Enem. Isso é muito ruim."
Cristovam, particularmente, prefere outro sistema de avaliação, o PAS, que implantou em Brasília quando governador. Enquanto o Enem é aplicado no fim do segundo grau, o PAS é feito durante os três anos e, no fim, o estudante é avaliado pela média.
A sugestão dele é que o governo convide gente de notório saber para examinar as razões dos erros e as possibilidades de acerto no que concerne ao exame de avaliação, antes que surja algum movimento pela extinção pura e simples das provas.
Mas o senador duvida que o governo se disponha a abrir esse jogo de forma franca. "Quando formei a CPI da Educação para investigar as causas de o Brasil não sair desse apagão educacional não tinha nada a ver com o governo e mesmo assim o palácio mandou sua base retirar as assinaturas. Por isso imagino que não aceite uma avaliação externa."
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