sexta-feira, 17 de julho de 2009

Fraudes escolares


Por Leonardo Bruno




Que tipo de escola é essa que não monitora a qualificação do que é ensinado nas salas de aula? O professor Gustavo Brígido, simplesmente, está defendendo um assassino julgado e condenado por um tribunal de um país democrático, por conta de suas duvidosas convicções políticas.


Dias atrás, acompanhei um vídeo de uma escola privada do Ceará, que é um monumento a desinformação dos alunos. Acrescentemos, esse colégio, conhecido como Ari de Sá Cavalcante, é considerado de elite em Fortaleza. Era uma aula de “atualidades", ministrada por um cidadão chamado Gustavo Brígido, que é, sabe-se lá por alguma má sorte do destino, professor de história de segundo grau. Os assuntos eram variados: Faixa de Gaza, Hugo Chavez, Revolução Iraniana, crise americana e outros temas bastante controversos.


Confesso que me senti profundamente incomodado com sua exposição, com certa sensação de perplexidade. O que assisti foi um amontoado de distorções incrivelmente desonestas, no intento de induzir ao erro os seus próprios alunos. Uma dessas falácias me chamou a atenção, em especial: o seu comentário a respeito da concessão de asilo político ao criminoso terrorista Cesare Batistti, pelo governo brasileiro. Na exposição do professor Gustavo, ele diz, ao arrepio dos fatos, que a Itália vivia sob uma ditadura militar nos anos 70 do século XX. Inclusive, ele faz uma analogia entre as “duas” ditaduras: a da Itália e do Brasil. Ou ao menos tenta dar a entender isso. Eu responderia com uma seguinte objeção: isso é uma fraude e da grossa. A Itália é um país democrático desde o fim da ditadura fascista de Benito Mussolini, em 1945, e sua Constituição, datada de 1948, foi orientada pelo glorioso estadista católico, membro da democracia cristã e ferrenho antifascista e anticomunista De Gasperi. Desde então, a Itália teve eleições livres, pluripartidarismo, tribunais independentes, inclusive, com a participação dos partidos e intelectuais de esquerda divulgando suas idéias livremente pelo país.


No âmago da minha perplexidade, os relatos do Sr. Brigido me levam a crer em duas coisas: ou ele nunca leu nada da história italiana ou então age de má fé, ao impor suas convicções ideológicas pessoais, distorcendo fatos e falsificando a história. Aliás, cabe um detalhe histórico que o Sr. Gustavo omitiu: Cesare Batistti faz parte de uma triste fase da história italiana, quando alguns grupelhos de esquerda, seguindo as idéias radicais e totalitárias das revoltas estudantis de 1968 e embebidos por Che Guevara, Mao Tse Tung, Lênin e outros tipos criminosos, causaram um banho de sangue e terror sobre o democrático país nos anos 70. Cesare Batistti assassinou quatro pessoas na Itália e foi condenado por um tribunal comum, onde poderia se defender dos crimes pelos quais foi acusado. Aliás, o Brasil já se tornou porto seguro para terroristas. Nesta mesma época, outro terrorista italiano (hoje exilado no Brasil e ideólogo do PSOL), Achille Lollo, assassinou dois jovens na Itália, carbonizados, depois que o celerado jogou gasolina na casa de um pobre gari que fazia parte de um partido conservador.


Parece que o Sr. Brígido desconhece as ações das Brigadas Vermelhas, que em 1978, seqüestraram e mataram o deputado da Democracia Cristã, Aldo Moro e abandonaram seu cadáver, crivado de balas, num porta-malas, no centro de Roma. Também pudera, um sujeito que usa Carta Capital, CMI, Isto É, e outras fontes ridículas, compradas a peso de ouro pelo governo federal, só pode dar nisso: desinformação, tolices e asneiras para confundir e manipular os alunos.


Aí me pergunto: que tipo de escola é essa que contrata gente que ensina a delinqüência, a mentira e a falsificação histórica para distorcer os fatos e mesmo manipular as almas dos jovens alunos? Que tipo de escola é essa que não monitora a qualificação do que é ensinado nas salas de aula? O professor Brígido, simplesmente, está defendendo um assassino julgado e condenado por um tribunal de um país democrático, por conta de suas duvidosas convicções políticas. Se não bastasse o esforço que certos pais devem pagar pelas mensalidades para ter uma educação decente, os garotos estão sendo direcionados a decorar as tolices do Sr. Brígido! Em suma, é de uma extrema irresponsabilidade que as escolas privadas aceitem bovinamente as determinações do MEC, sem questionarem seus programas, seus métodos, seus direcionamentos, que são puras doutrinações ideológicas disfarçadas de conhecimento. Neste caso, ao professor Brígido cabe este papel, não de educador, mas de um doutrinador, um destruidor de mentes.


No mesmo vídeo, é paradoxal que o professor faça clamor sobre as liberdades e garantias fundamentais da Constituição Federal, em nome da "soberania" brasileira, para defender um assassino frio e covarde. No entanto, o mesmíssimo governo corrupto que dá status político a criminosos comuns, deporta dois jovens atletas cubanos inocentes, cuja única culpa foi discordar da ditadura de Fidel Castro. Claro que o professor escondeu esse mero detalhe para seus alunos.


Por outro lado, quando o professor fala sobre a guerra da faixa de Gaza, ele, mais uma vez, falseia a história e induz o aluno ao erro. Por mais que houvesse um acordo entre Israel e o Hamas num cessar-fogo, a verdade é que o Hamas jamais respeitou o pacto em nenhum momento. Lembremos, o grupo palestino terrorista nunca negou o desejo de destruir o Estado judeu: aproveitou a trégua para se armar com a ajuda do Irã e continuou atacando o país vizinho. Israel foi o único lado da história que respeitou o cessar-fogo. E esperou que acabasse o prazo para revidar contra os palestinos. Ao contrário do que o professor afirma, a Faixa de Gaza não foi ocupada em 1948, como se supõe, porém, em 1967, na guerra dos seis dias, já que o Egito tinha soberania sobre aquele território ocupado. Acrescentemos: a Faixa de Gaza foi desocupada em 2005.


Em outros detalhes, que não procurarei comentar, o Sr. Gustavo Brígido parte de um antiamericanismo primário, um jogo retórico de slogans e chavões vazios, a respeito de questões que são bastante complexas, como as relações internacionais, em particular, da guerra fria. De fato, não parece que é a primeira vez que o professor tem esse tipo de problema. Ele deve ser aquele tipo de educador manipulador e autoritário, que explora a credulidade dos jovens, através de uma mistura de chantagem psicológica sobre alunos recalcitrantes e adulação aos alunos mais servis. O professor esquerdista militante, por regra, é assim na sala de aula.


Nota: Depois de publicado esse artigo, descobri, recentemente, que o vídeo foi tirado do ar. De fato, escutei o depoimento de muitas pessoas que ficaram indignadas com as artimanhas do Sr. Gustavo Brígido e enviaram emails à escola, para exigir providências em relação ao teor de suas aulas. Parece que alguém da diretoria do citado colégio tomou vergonha na cara. Salvou a consciência dos alunos de um fiasco completo! Quem quiser conferir o link, é só clicar aqui.





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