Alemães exigem uma Merkel mais forte ao lado dos liberais de Guido
Quando for a anfitriã das celebrações dos 20 anos da queda do Muro de Berlim, a 9 de Novembro, Angela Merkel já quer ter o seu novo governo a trabalhar. Vencedora das legislativas de dia 27, a chanceler viu os alemães darem-lhe um novo mandato e até conseguiu trocar os sociais-democratas do SPD de Frank-Walter Steinmeier pelos liberais do FDP de Guido Westerwelle como parceiros de coligação. Mas o resultados histórico conseguido por este partido revela que os eleitores exigem não só uma viragem à direita como uma chanceler mais forte, depois de quatro anos de compromissos numa 'grande coligação'.
Juntos, a CDU/CSU de Merkel e o FDP conseguiram 332 dos 622 deputados do próximo Parlamento. Mas um resultado que reforça a liderança da chanceler cristã-democrata, mas que a deixa dependente do novo parceiro de coligação. De facto, com 14,6% dos votos, os liberais conseguiram o seu melhor resultado de sempre, que lhes permitiu regressar ao Governo depois de 11 anos de afastamento. Os dois partidos governaram juntos entre 1982 e 1998, com Helmut Kohl como chanceler.
Se, como tudo indica, se mantiver a tradição, Guido Westerwelle deverá dirigir o ministério dos Negócios Estrangeiros, actualmente nas mãos de Frank-Walter Stein- meier, o líder do SPD e grande derrotado destas eleições. Aos 47 anos, o líder do FDP, advogado e homossexual assumido, não tem qualquer experiência de política externa.
Na sua primeira conferência depois da euforia da vitória, Merkel fez questão de definir os limites da influência do FDP no novo governo, ao sublinhar que quer ser "a chanceler de todos os alemães" e garantir que a CDU "continua ao centro".
As garantias de Merkel não convencem os media alemães que ontem exibiam títulos como o "Chanceler pela graça de Guido" da revista Der Spiegel. No seu site, esta afirmava ontem que a coligação preta-amarela (cores da CDU/CSU e do FDP) vai obrigar Merkel a ser mais agressiva. Sem o SPD na equipa, a chanceler já não terá desculpas para não fazer as reformas que considera necessárias em termos económicos.
Mas esta Merkel que surge enfraquecida a nível pessoal, apesar de ver o mandato reforçado tem pela frente um duplo desafio. Por um lado, a contestação à sua liderança dentro da CDU não deverá tardar. Por outro, tem de lidar com um FDP que surge como o elo mais forte da coligação de poder.
As primeiras tensões podem surgir já na questão dos impostos, que os liberais, próximos do sector empresarial, querem baixar, mesmo que isso agrave o já gigantesco défice alemão (em 2010 deverá chegar aos 90 mil milhões de euros). A reforma do sistema de saúde, proposta pela CDU e contra a qual Westerwelle já se pronunciou várias vezes deverá ser outro desafio ao entendimento dentro da nova equipa de Merkel.
Um comentário:
Esta é uma democracia parlamentarista que deveria servir de exemplo aos que querem crescer e se livrar dos males do passado. A Alemanha com toda a crise é a maior econômia da Europa. Note bem que a esquerda assume o poder em muitos países da Europa e quando derrotada entrega o cargo sem questionar. As sociedades não correm nenhum risco de um golpismo tipo dos talibãs bolivarianos. Eles já estão calejados por erros cometiddos. Por aqui parece que nós queremos experimentar e por isso é que ainda somos atrasados!
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