quinta-feira, 10 de setembro de 2009

OS “MOVIMENTOS SOCIAIS” E A VIOLÊNCIA


Por Percival Puggina




O MST promove invasões com a mesma tranquilidade com que o leitor vai ao banheiro do restaurante. A diferença é que literalmente destrói aquilo que invade e só sai quando lhe dá na veneta. Ordens judiciais são penduradas na “casinha”, para uso dos companheiros. Pois numa dessas incontáveis operações de desocupação, um sem-terra acabou ferido mortalmente por tiro de espingarda. Tudo indica que a arma do crime estava em mãos de um policial militar.


Não deixa de me parecer curioso, numa operação dessa natureza, que os da lei se defendam com balas de borracha. Em contrapartida, não são de borracha os facões e as foices dos fora da lei, nem suas lanças são apenas robustos cotonetes com pontas de algodão. Pelo que leio, contudo, a encrenca tem que ser resolvida assim mesmo, com inferioridade de material bélico, rigoroso cumprimento de preceitos que os malfeitores dispensam, e sabendo que publicidade do fato servirá ao MST porque a propaganda também é a alma do seu negócio.


Aliás, já vi reportagens em que ferimentos causados por balas de borracha também eram exibidos como símbolos da “brutalidade policial”. E aí? Vista uma farda, leitor, e entre numa operação dessas. Depois me conte como ficou sua família em casa e como você se sentiu por lá. A perda de uma vida humana é fato grave, em qualquer circunstância, embora inúmeros policiais sejam mortos zelando por nossa segurança, sem nenhum estardalhaço e com minguado reconhecimento social. Para que não fiquem dúvidas, afirmarei o óbvio: quem matou o sem-terra deve enfrentar a Justiça e pagar pelo que fez. E os sem-terra que feriram policiais?


Meses atrás, houve uma tentativa, frustrada, dentro do Ministério Público Estadual, no sentido de coibir as ações do MST. Nada mais prudente! Acolher tal iniciativa seria uma forma de evitar tais males, restabelecer o império da lei e firmar o respeito à ordem pública naturais ao Estado Democrático de Direito. As mazelas sociais, em nações democráticas, se resolvem pela via política e não com organizações paramilitares atuando sob manto protetor de incompreensível tolerância. Se o leitor, em ato solitário, fizer o que o MST faz, arcará com as consequências. Mas se entrar para um movimento social poderá fazer o que quiser.


Na segunda-feira passada, o promotor que patrocinara a tese de que o Ministério Público Estadual deveria agir para dissolver o MST estava convidado a proferir a aula inaugural do turno da noite na Faculdade de Direito da UCS. Mas não conseguiu. De repente, em meio às chaminés, pátios de contêineres e arranha-céus da urbanizada e industrializada Caxias do Sul, um grupo de sem-terra emergiu na universidade para impedir a palestra sobre “Os movimentos sociais e a violência”. E mais uma vez, a ordem pública e a liberdade dos demais foram afrontados. A administração universitária, surpreendentemente, desautorizou a palestra horas antes de sua realização.


Pode ser, leitor, que não lhe pareça significativo este alerta sobre o conteúdo totalitário que transborda das ações do MST. Conteúdo que extravasa dele e daqueles que o conceberam, dirigem e defendem, com unhas e dentes, facões e foices alheios. No entanto, saiba: suas palavras e atos, ídolos e modelos, ódios e rancores coincidem com os dos maiores criminosos políticos dos últimos cem anos. Todos se diziam movidos pelas mesmas causas e em nome delas chegaram ao mesmo totalitarismo pelo qual se empenham as lideranças do MST. Trabalhar na terra, há muito, não é mais seu objetivo verdadeiro.




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