Chávez viu-se obrigado a cancelar sua anunciada visita ao Uruguai por causa de um novo escândalo provocado pelo seu costume de financiar as campanhas dos candidatos que têm afinidade ideológica com ele, e de imiscuir-se nos assuntos internos de outros países.
O embaixador da Venezuela no Uruguai, Franklin González, tratou inutilmente de minimizar o escândalo. Informou que Chávez postergou sua visita para depois das eleições presidenciais, para não dar razão aos detratores do projeto do "socialismo do século XXI", que diriam que ele iria influir na disputa eleitoral. Mas o motivo real do cancelamento foi o descobrimento de um estratagema que serviu para o envio de cerca de trinta e dois milhões de dólares destinados ao financiamento da campanha presidencial do candidato da Frente Ampla, partido que está no governo, o ex-guerrilheiro Tupamaro e senador comunista José Mujica. Esse ex-guerrilheiro é amigo íntimo do presidente Chávez.
O escândalo foi descoberto pelo parlamentar do Partido Nacional, Roberto Long. Está sendo investigado pela juíza Graciela Gatti, especializada no crime organizado, e pelo promotor Ricardo Perciballe.
O incidente desastroso da maleta contendo 800 mil dólares, que foi o segundo (não o primeiro) dos envios de Chávez para a atual presidenta da Argentina, a Sra. Cristina Fernández de Kirchner, e que lhe serviu para ganhar as eleições naquele país, levou-o a buscar métodos mais criativos e "seguros" para enviar dinheiro e financiar as campanhas dos camaradas.
Desta vez decidiram, esbanjando imaginação para a fraude, comprar no Uruguai cinqüenta mil livros de texto, destinados ao Exército venezuelano. Os livros levavam o logotipo do Ministério do Poder Popular para o Ambiente, e do Instituto Geográfico Simón Bolívar da Venezuela. A transação despertou suspeita, porque o valor de cada livro era cerca de cinco dólares e oitenta centavos, e Chávez pagava por eles quatrocentos e noventa e oito dólares cada um. Era uma maneira de colocar nas mãos do candidato da situação, o Tupamaro senador José Mujica, cerca de trinta e dois milhões de dólares.
Todo mundo sabe que Chávez repartiu milhões de dólares para seus camaradas. Em algumas ocasiões repartiu como no caso de Evo Morales que, sem o mínimo pudor, admitiu publicamente que ia diretamente à embaixada da Venezuela, na Bolívia, para buscar o dinheiro que lhe enviava Chávez. Outras vezes utilizou maletas, ou vôos privados como os que pousavam na fazenda do deposto presidente hondurenho Zelaya.
A "Operação Uruguai" começou em dezembro de 2008. Interessante: a empresa de fachada Apliser S. A., que determinou a impressão dos livros para enviá-los para Chávez, foi fundada no ano passado por um primo da senadora governista Lucia Topolansky, nada menos do que a esposa do Tupamaro candidato à presidência. Essa empresa fantasma que enviou os livros nunca fez nenhuma exportação. A Apliser S. A. foi aberta somente para a operação fraudulenta que permitiria a Chávez enviar trinta e dois milhões de dólares por debaixo da mesa para quem ele classificou de "velho guerrilheiro" e "muito amigo". E a empresa venezuelana que comprou e pagou os livros está registrada em seu país como provedora do Estado Bolivariano... Pode haver alguma dúvida?
Seria interessante saber o que diz o vistoso secretário da OEA, o inefável Insulza, desta nova ingerência de seu protetor, o presidente Hugo Chávez...
Artigo publicado em 31/08/2009 no diário Las Americas, em Miami, com o título Descubren que Hugo Chávez está financiando la campaña del candidato oficialista en Uruguay.
Tradução: André F. Falleiro Garcia
Armando Valladares, escritor e ex-preso político cubano, foi embaixador dos Estados Unidos ante a Comissão de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, durante as administrações Reagan e Bush.
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