Por Luís Dufaur
A Coréia, nação de milenar história, abriu-se outrora de modo alvissareiro à evangelização. Os primeiros difusores do catolicismo não foram missionários, mas membros da nobreza local.
Em 1777, uma embaixada de nobres da Coréia foi à Corte do Imperador da China, para entregar presentes rituais. Eles queriam também conhecer a religião verdadeira. Em Pequim, encontraram livros católicos, entusiasmaram-se com a doutrina, e decidiram “viver cristãmente”.
Entretanto, não havia missionários para pregar na Coréia e voltaram sozinhos. Mas não desanimaram. Eles próprios iniciaram o apostolado convertendo boa parte da nobreza. Quando, anos mais tarde, chegaram os primeiros sacerdotes, o número de batismos foi imenso. Tal surto de conversões foi interrompido por feroz perseguição por parte dos Imperadores chineses. A partir de então, ao longo dos séculos, houve milhares de mártires, vários dos quais canonizados. Como os santos Paulo Khoan, Pierre Hieu e J. B. Thanh.
Hoje, os católicos formam uma minoria importante e em expansão na Coréia.
Domínio do terror
No fim da II Guerra Mundial, tropas soviéticas ocuparam a parte norte da península. Essa ocupação deu origem à atual Coréia do Norte, subjugada por férrea ditadura comunista, hoje sustentada pela China.
A parte meridional da península formou a Coréia do Sul, a qual teve progresso econômico impressionante no pós-guerra. Nesse mesmo período, ao Norte o comunismo fechou as fronteiras e seguiu uma política externa de provocação armada contínua. Internamente, aplicou as reformas de estrutura almejadas pelos socialistas e comunistas de todas as latitudes, inclusive do Brasil.
Carne humana para evitar a morte
Qual foi o resultado?
A Reforma Agrária destruiu a produção; e a fome atinge aspectos tétricos. A inépcia da gestão socializada do campo assombra até os funcionários da FAO: eles não sabem o que fazer, nem quando chove nem quando há seca.
Verifica-se também casos de canibalismo e de assassinato para vender carne humana em mercados clandestinos, informou "O Globo" de 2-10-97, citando declarações de fugitivos do país ao jornal “South China Morning Post”, de Hong Kong. Refugiados e viajantes chineses descreveram cenas de terror: corpos estendidos nas ruas, violência e doenças por toda a parte, além de antropofagia, acrescentou notícia publicada em “O Globo” de 12-4-98. “Nossos vizinhos comeram a própria filha para não morrer de fome. É verdade. Vi com meus próprios olhos”, disse uma testemunha de 23 anos ao referido jornal de Hong Kong (apud “Diário do Grande ABC”, 12-4-98).
A atual fome matou cerca de dois milhões de pessoas, o equivalente a 10% da população, reconheceram funcionários do governo norte-coreano que escaparam do país. Uma estudante de engenharia de 27 anos, também fugitiva, disse não ser mais possível contar os mortos. A falta de alimentos, acrescentou, faz as pessoas circularem desesperadas por todo o território (“O Globo”, 12-2-98). Tais cifras somam-se aos 1,6 milhão de vítimas causadas pelo comunismo na Coréia, no período 1917-1997, segundo o jornal “Izvestia” de Moscou (apud “Globo”, 31-10-97).
Comunistas desviam ajuda ocidental
Organismos humanitários internacionais enviaram grandes quantidades de alimentos para os famintos. Mas, em vão! O Exército comunista, segundo a organização Médicos sem Fronteiras, confiscou o material, consumindo-o ele próprio ou revendendo-o no mercado negro.
A esse respeito, é sumamente significativa a reportagem do jornalista Ignacio Cembrero, do quotidiano espanhol “El País”. Visitou ele instituições oficiais. Portanto, o que o regime norte-coreano possui de mais propagandístico para exibir. Apesar disso, saiu espantado. Os olhares perdidos e as atitudes ausentes dos bebês de um ano numa creche oficial, estarreceram-no. Crianças afetadas por anemia, escorbuto, pelagra, marasmo e barriga d'água formavam a maioria. Ao lado delas, brincava uma minoria razoavelmente alimentada: eram os filhos dos membros do partido do governo igualitário socialista! (apud “Jornal do Brasil”, 4-10-98).
A Coréia do Norte é oficialmente um “paraíso dos operários”. Por isso mesmo, mendigar é tido como ofensa ao regime. “Aqui sofre-se e morre-se entre quatro paredes, em silêncio”, declarou um professor ao representante de “El País”. As paupérrimas safras são estocadas pelo Exército. A distribuição beneficia a nomenclatura que tiraniza o país. Lee Ok Sun, diretora da Granja Cooperativa Up, confessou que as crianças recebem comida inadequada, mas estão melhor do que os adultos, alguns dos quais simplesmente faleceram de fome.
E, enquanto a população morre de inanição, o governo popular desenvolve armas nucleares, foguetes balísticos e usinas atômicas com tecnologia chinesa e ... ocidental!
Na hora em que as crises financeiras abalam a economia mundial e muitos comunistas metamorfoseados em ex-comunistas reconquistam destaque na mídia e galgam postos em importantes países ocidentais e do Leste europeu, a dantesca lição da Coréia do Norte representa dramático brado de alerta contra falsas soluções que devem ser rejeitadas.
Que o sangue dos gloriosos mártires coreanos, sempre presente ante o trono de Deus, atraia sobre os infelizes que gemem naquele desditoso país o perdão e a misericórdia divina, pela intercessão de Maria Santíssima!
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