A cidade do Rio, como sabe o jornalismo que cobre a área, era mesmo considerada a franca favorita na corrida pelas Olimpíadas de 2016. Os motivos eram muitos, mas os, como chamar?, “políticos” não eram menores. O discurso de que só o preconceito impedia a América do Sul de sediar os jogos colou. Estamos vivendo a era das reparações. Das 28 edições dos jogos até hoje realizadas (a de 2012 será a 29º), a América Latina recebeu o evento uma única vez: em 1968, no México. E a única cidade finalista da região era o Rio. Isso não quer dizer que não se tenha feito um lobby profissional em favor da cidade. Tudo caminhava para ser uma vitória mais ou menos previsível, com as glórias de Lula devidamente cantadas, é óbvio. Mas poderia ser uma vitória estrondosa?
Faltava alguém que ressaltasse a densidade geopolítica da vitória do Rio — e de Lula. E então ele apareceu. Até a chegada de Barack Obama ao poder, nunca antes da história dos EUA, que já sediaram os jogos quatro vezes (1904 - Saint Louis; 1932 - Los Angeles; 1984 - Los Angeles; 1996 - Atlanta), um presidente dos EUA havia comparecido ao evento para fazer lobby. E aconteceu. Com Michelle e tudo. “Estou pedindo para que vocês escolham Chicago. Peço para que vocês escolham a América,” chegou a dizer a primeira-dama a membros do comitê. Também nisso o Rio já saiu levando vantagem: Mariza Letícia não discursou.
É evidente que Lula aparece no cenário como “O homem que venceu Obama”. Não é para já, não é para o ano que vem, é para o tempo vindouro, o futuro: essa mobilização de Barack Hussein — feita, ademais, às pressas, de afogadilho, de modo atrapalhado, sem sacar qual era o espírito da coisa — diz bem da inexperiência política dele próprio, da turma que o cerca, do governo que ele quase lidera.
Uma coisa é o governo de um país emergente entrar de cabeça na disputa e fazer dela uma espécie de salvação da pátria; outra é o país que ainda lidera o Ocidente resolver co-estrelar a pantomima. No primeiro caso, se o esforço é bem-sucedido, acontece o que se vê agora: a consagração do governante; se der tudo errado, acusa-se o preconceito dos ricos. E pronto. Já Obama só poderia entrar pessoalmente, como entrou, com a certeza da vitória. Quem pretende ser maior do que é age como Lula. Quem pretende o contrário faz como Obama. Esse cara é ruim pra chuchu.
O nosso Obama é bem mais esperto do que o Lula dos americanos.
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