Por Roberto Lameirinhas
Ledezma: 'Fui vítima de um golpe de Estado de Chávez'
Um dos opositores mais conhecidos da Venezuela, Antonio Ledezma, prefeito de Caracas, em visita ao 'Estado', denuncia endurecimento do presidente Hugo Chávez:
O presidente Hugo Chávez reformou a administração após sua vitória no ano passado e tirou da Prefeitura de Caracas boa parte das atribuições. Como o sr. tem reagido a isso?
Denunciamos na Organização dos Estados Americanos (OEA) o que eu considero um golpe de Estado e fiz uma greve de fome para chamar a atenção sobre o que acontece na Venezuela. Temos um presidente que se utiliza da democracia para pôr fim à democracia. Só nos últimos meses, o governo fez mais 11 presos políticos - jornalistas, estudantes e trabalhadores acusados sem provas de delitos que vão da subversão à incitação à guerra civil. Viemos ao Brasil para denunciar o assédio do governo contra os opositores e contra imprensa livre. Estamos promovendo e trazendo ao Brasil a campanha "Natal sem preso político". O presidente Chávez, que exige a presença da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em Honduras, proíbe que essa mesma comissão visite a Venezuela há seis anos.
Como o Brasil pode ajudar nesse processo?
Houve um protesto ontem (segunda-feira) na frente da embaixada brasileira em Caracas (um grupo de estudantes acorrentou-se no portão da missão) para pedir ao Brasil uma ação mais efetiva contra os abusos de Chávez. Recebemos de algumas autoridades o compromisso de que tentarão convencer o presidente a permitir a visita da CIDH.
Qual a avaliação do sr. sobre a entrada da Venezuela no Mercosul, a ser definida pelo Congresso brasileiro nos próximos dias?
Digo isso muito sinceramente: é preciso que o Brasil e os demais países-membros aceitem a Venezuela no Mercosul. E isso por uma razão que me parece lógica: Chávez é muito mais perigoso isolado. Para nós, a oposição, é importante que Chávez esteja na Comunidade Andina, na OEA, no Mercosul e em tantos outros fóruns internacionais que possam pôr limites às suas ações. Essa seria uma medida muito positiva para a democracia venezuelana.
A oposição está unida para enfrentar o chavismo nas eleições legislativas de dezembro e nas presidenciais de 2012?
Sim. Sabemos que só teremos chance de vencer unidos. Sabemos que talvez não seja tão difícil reconstruir algo da infraestrutura do país. Mais duro do que isso será recuperar a confiança dos venezuelanos, pôr fim ao ódio e à divisão.
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