Amorim não confirma ação das Farc em sequestro de brasileiro
Andrei Netto e Alexandre Calais, enviados especiais de O Estado de S. Paulo
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil ainda não confirma a participação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no desaparecimento do empresário brasileiro Vicente Aguiar Vieira, sequestrado há dois meses em Ciudad Bolívar, na Venezuela. A informação foi revelada nesta segunda-feira, 5, à noite, em Estocolmo, pelo chanceler Celso Amorim.
De acordo com o ministro, o governo brasileiro segue em busca de informações precisas sobre se o sequestro de Vieira, mas ainda não pode confirmar se o ato foi cometido pela guerrilha colombiana de extrema-esquerda ou se por criminosos comuns. "Não temos a informação clara e nítida de que tenham sido as Farc. Não estou negando que seja, mas também não sei", disse Amorim, falando por volta de 22h30min - 17h30min de Brasília - na chegada ao Grand Hotel, onde a delegação brasileira está hospedada.
Amorim afirmou ainda que o Itamaraty continua "acompanhando" a situação, e ressaltou que seu ministério não tem como fazer investigações sobre o caso, porque não é sua atribuição. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar o desaparecimento, e não se descarta que a ação seja obra de paramilitares de extrema-direita. "A parte diplomática não tem como fazer investigações. Estamos tentando obter as informações", reiterou o chanceler, sem descartar que a ação seja de responsabilidade da guerrilha. "Pode ser que seja, mas também pode ser que tenha sido outro tipo de sequestro."
Segundo reportagem da revista Veja, Vieira teria sido sequestrado na Venezuela e levado para a selva colombiana pelos guerrilheiros. Em carta datada de 9 de agosto e escrita de próprio punho à sua mulher, o empresário disse estar em poder das Farc. Os extremistas teriam pedido um resgate de R$ 800 mil, valor que não chegou a ser pago. Desde o fracasso das negociações, a família não tem mais informações sobre o paradeiro de Vieira.
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