O superávit primário do setor público consolidado em julho foi o pior para o mês desde o início da série histórica, em 2001. Isso significa que Banco Central, Tesouro, Previdência, governos estaduais, municipais e empresas estatais reduziram a economia feita para honrar seus compromissos financeiros. O superávit primário representa a economia do governo para o pagamento de juros da dívida pública.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes. Segundo ele, o superávit primário do setor público consolidado no mês passado foi de 3,18 bilhões de reais.
A marca é resultado da união do superávit do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central), de 1,691 bilhão de reais, com o superávit dos governos regionais, de 797 milhões de reais - o mais baixo desde 2003. Soma-se ainda o superávit primário das estatais, de 692 milhões de reais - o melhor desde 2004.
Apesar dos resultados, o chefe do Departamento Econômico do BC afirmou que trabalha com a expectativa de cumprimento da meta de superávit primário de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. De acordo com dados divulgados nesta quinta, o setor público registra, nos 12 meses encerrados em julho, superávit primário de 1,76% do PIB.
Altamir afirmou que o menor esforço fiscal deste ano reflete a redução do nível de atividade econômica, bem como as desonerações realizadas pelo governo dentro da política de combate à crise. "Esse desempenho era já esperado e não nos preocupa. Nós trabalhamos com o cumprimento da meta", disse.
Lopes disse ainda que espera que a relação entre a dívida líquida e o PIB feche o mês de agosto em 44,2%, com uma ligeira alta em relação aos 44,1% registrados em julho. "Mas isso vai depender do comportamento do câmbio e do IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna)", disse ele, explicando que o IGP-DI interfere no cálculo do PIB utilizado como referência para a dívida. Ele explicou que, neste ano, o PIB valorizado pelo IGP-DI contribuiu com 0,8 ponto porcentual para a elevação da relação entre a dívida e o PIB.
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