Por Alejandro Peña Esclusa
Uma coisa diz Chávez e outra - muito diferente - o que opinam os venezuelanos sobre Micheletti só que aquele monopoliza as manchetes de jornais, enquanto que estes se expressam através de Twitter e Internet. O mesmo pode-se dizer da Kirchner vs. os argentinos, Correa vs. os equatorianos, Ortega vs. os nicaragüenses e assim sucessivamente.
Uma onda crescente de indignação e de raiva está percorrendo a América Latina, devido à forma cruel e sem consideração como os governos da região estão tratando os hondurenhos.
Surpreende que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos se desloque até Tegucigalpa, que os Estados Unidos suspenda a emissão de vistos, que o presidente da República Dominicana proponha a desincorporação de Honduras do TLC, que diversas instituições ameacem colapsar financeiramente esse país, que o juiz Garzón viaje a Tegucigalpa para pontificar sobre a violação dos direitos humanos e que os chanceleres da OEA se apresentem em Honduras para pressionar pelo regresso de Zelaya.
Surpreende, e ao mesmo tempo aborrece porque, a estas alturas, é evidente que os hondurenhos destituíram Zelaya simplesmente para evitar que ele violasse a Constituição e se perpetuasse no poder. É tão difícil de entender isso?
A fúria da OEA contra os hondurenhos contrasta com o silêncio cúmplice dessa organização frente ao expansionismo de Chávez, suas agressões contra a Colômbia, o fechamento dos meios de comunicação na Venezuela, a feroz repressão contra opositores, as valises cheias de dinheiro para financiar campanhas eleitorais, as relações de Chávez e Correa com as FARC e centenas de outros problemas infinitamente mais graves do que a sucessão constitucional em Honduras.
Por isso, existe um claro divórcio entre as declarações dos governantes latino-americanos sobre Honduras e as expressões de apoio aos hondurenhos por parte dos povos.
Uma coisa diz Chávez e outra - muito diferente - o que opinam os venezuelanos sobre Micheletti só que aquele monopoliza as manchetes de jornais, enquanto que estes se expressam através de Twitter e Internet. O mesmo pode-se dizer da Kirchner vs. os argentinos, Correa vs. os equatorianos, Ortega vs. os nicaragüenses e assim sucessivamente.
Os que de maneira tão desalmada atacam os hondurenhos, estão gerando - sem se dar conta - uma simpatia sem precedentes para com esse povo humilde e simples, que só pretende levar a cabo logo as eleições, para normalizar sua situação.
Provavelmente os hondurenhos se sentem sós e desconcertados frente a tantas agressões, porém os povos da América Latina os observam com simpatia e com admiração.
É de se supor que no curto prazo, o valente testemunho dos hondurenhos inspire outros povos para que restituam a democracia em suas nações.
É justamente o temor de serem castigados por seus povos - como ocorreu com Zelaya - o que move muitos presidentes latino-americanos a criticar os hondurenhos. Na realidade, não lhes interessa a democracia em Honduras só lhes importa proteger seu próprio futuro.
Tradução: Graça Salgueiro
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