Instituto Federalista
Os afundamentos econômicos
Ora, uma economia que não cresce não pode ser afetada
Muita gente não entendeu ainda porque a crise não chegou com tanta força ao Brasil, embora tenha feito alguns estragos por aqui também. Aproveitou-se, politicamente, é lógico, para se dizer que os fundamentos da economia brasileira são sólidos. Até a imprensa estrangeira abordou o assunto, isolando o Brasil do resto da crise. Mas as coisas não são bem assim.
Alguém ouviu falar da crise em Cuba? Lógico que não, não há como existir mais crise dentro da crise sistêmica que domina a “ilha cárcere” há 50 anos. Usamos este exemplo para explicar que o Brasil não foi tão afetado, pelo menos ainda, porque não há tanta atividade econômica assim, especialmente a de crédito. Mais da metade da economia nacional é informal. O volume de crédito em todo o País, é de cerca de 40% do PIB, já que todo o resto restringe-se aos papéis do governo – títulos de divida pública, que financiam os bancos. As exportações são baseadas em commodities, especialmente no setor agrícola, e, convenhamos, comida continua a ser necessidade do dia a dia.
O mercado acionário é especulativo. Mesmo com as quedas das taxas de juros por ordem do Presidente da República, a entrada de dólares especulativos continua alta e em tendência de assim continuar – o cambio já se aproxima de nova barreira psicológica, podendo chegar logo a R$ 1,90. Uma montanha russa para as empresas do setor manufatureiro que havia iniciado seus planos de exportação. E os juros na ponta do consumo continuam extorsivos, verdadeiro caso de polícia.
Os demais componentes engessadores da economia permanecem – carga tributária extorsiva, tributando estupidamente a produção, carga burocrática, carga trabalhista, carga regulatória - todas com tendência a piorar com as MPs emanadas do Executivo, graças a paralisação do Congresso, perdido em meio aos escândalos diários. Ora, uma economia que não cresce não pode ser afetada.
Perceba-se que tudo está amarrado, engessado. Somente um vigoroso processo de descentralização dos poderes e atribuições do Estado poderá reverter esse quadro. Mas a estatização que vem ocorrendo em outros países é o pior efeito da crise internacional, criada pela própria interferência do Estado na economia e nas finanças, ao manipular taxas de juros e o mercado de crédito. A bolha está se tornando em “A Coisa”. Elogiados que somos pelos “fundamentos” até pelo Financial Times, podemos dizer que não sentiremos muita diferença – é a tal “zona de conforto”. Mais adiante se tornará muito desconfortável para quem ainda conhece os princípios da liberdade e propriedade. Mas, como dizia Keynes, no futuro, todos estaremos mortos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário