sábado, 2 de maio de 2009

Católicos vietnamitas resistem à ditadura comunista

Por Luis Dufaur

Catolicismo Revista de Cultura e Atualidades




Católicos resistem à demolição de prédios eclesiásticos, nas maiores manifestações desde que o comunismo tomou o poder no Vietnã. O governo censura as notícias, e no Ocidente a mídia abafa as informações.

Em Hanói, capital do Vietnã, os católicos tentam impedir a destruição dos prédios da paróquia de Thai Há, ordenada pela ditadura marxista. Pedem que a propriedade seja restituída aos padres redentoristas.(1)


O socialismo e o comunismo não admitem a propriedade privada, que está fundamentada em dois Mandamentos da Lei de Deus: o 7º (“Não roubarás”) e o 10º (“Não cobiçarás os bens alheios”), e na própria Lei natural. No Vietnã, as propriedades da Igreja Católica foram todas confiscadas pelo regime comunista. Recentemente, o governo mandou demolir vários prédios religiosos, inclusive a paróquia de Thai Há, para erguer nesses locais áreas de “lazer” e fábricas. Os fiéis iniciaram vigílias junto a um cruzeiro e duas imagens –– de Nossa Senhora das Graças e de Lourdes — visando impedir a sacrílega iniciativa governamental.


Os responsáveis da segurança pública ameaçaram com a repressão o arcebispo de Hanói, D. Ngo Quang Kiet, sacerdotes e fiéis. Em resposta, o bispo de Thai Binh, D. Francis Nguyen Van Sang, publicou uma declaração intitulada “Quem pega na espada, morrerá pela espada”. Por sua vez, D. Cosme Hoang Van Dat, bispo de Bac Ninh, no norte do país, foi até Thai Há com 39 sacerdotes e centenas de fiéis, para prestar seu apoio aos católicos dessa paróquia. Acorreu também D. Paul Cao Dinh Thuyen, de 83 anos, que viajou 334 quilômetros –– de sua diocese de Vinh, no centro de Vietnã –– até Hanói.

Repressão e violência


Segundo a agência AsiaNews,(2) desceram das montanhas muitos católicos da etnia Hmong com seus instrumentos musicais típicos. Os Hmong tiveram participação ativa nas manifestações, em Hanói, a favor da restituição do prédio da ex-Nunciatura. A polícia prendeu 16 mulheres Hmong. Entre elas figura Nguyen Thi Nhi, acusada de “atividades ilegais e contra-revolucionárias”. Nhi está desaparecida desde 1º de setembro.


Em 22 de setembro, quinhentos católicos foram atacados no local por uma centena de “criminosos” amparados por meio milhar de policiais comunistas.(3) Os delinqüentes destruíram imagens religiosas.
No mesmo dia, mais de 10 mil católicos realizaram uma procissão até o prédio da Nunciatura Apostólica, que começou a ser arrasado pelos marxistas. Foi a maior manifestação católica desde que o comunismo tomou o poder em 1954. O bispo de Lang Son, D. Joseph Dang Duc Ngan e centenas de sacerdotes participaram do ato. No leito da rua, diante da Nunciatura, ergueram um altar com uma imagem de Nossa Senhora.(4)


Os católicos haviam suspendido as vigílias diante da Nunciatura ameaçada, após falsas promessas do governo, o qual mantém tratativas de aproximação com a diplomacia da Santa Sé. Os fiéis estão comprovando, por ocasião da atual perseguição religiosa movida pelo governo, a falsidade dessa política de aproximação.


No dia 24, sete mil católicos fizeram uma vigília de orações em Saigon, a capital do sul do país, em apoio aos católicos resistentes de Hanói.(5)


No dia 26, os comunistas voltaram ao ataque em Hanói. Segundo AsiaNews,(6) “ônibus do governo conduziram membros das associações comunistas de jovens e veteranos de guerra”, que espancaram os presentes, derrubaram um cruzeiro de metal e roubaram uma imagem de Nossa Senhora da Piedade.


Alguns fiéis fizeram soar os sinos da catedral de São José, pedindo ajuda. Os militantes dos “movimentos sociais” fugiram diante da multidão de católicos que acorria pelas ruas, em auxílio de seus irmãos na fé. O governo propôs então um “diálogo” aos bispos, durante o qual o primeiro-ministro Nguyen Tan Dung ameaçou: se os prelados não abafarem a reação católica, o governo interromperá a aproximação diplomática com o Vaticano.(7) A Conferência Episcopal Vietnamita comemorou o “diálogo” assim iniciado, enquanto os marxistas moveram uma perseguição contra a paróquia de M?c Thuong, composta apenas por 300 fiéis.(8)


O exemplo do Vietnã


O caso do Vietnã traz uma lição especial para os brasileiros. Quando aquela infeliz nação foi subjugada pelo comunismo, vozes eclesiásticas declararam que o Brasil devia se preparar para uma situação análoga à do comunismo vietnamita.


Na ocasião, a Regional Sul II da CNBB fez um elogio da colaboração dos bispos vietnamitas com o regime comunista. Os prelados asseveraram que “essa Igreja dos confins da Ásia nos dará o primeiro exemplo de como a Igreja pode existir e agir eficazmente na sua missão salvadora, sob um regime de ditadura do proletariado”.(9) Os dois arcebispos e 17 bispos da Regional Sul II fizeram seu o seguinte juízo enunciado pelos bispos vietnamitas: “O regime que ‘libertou’ nosso povo pode agora escravizar nossa Igreja [...]. Mas o que importa a Igreja ir às catacumbas, se o povo — que é sua missão primeira e única — vive finalmente em paz, tem trabalho, e sobretudo dignidade?”.


O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em sua obra A Igreja ante a escalada da ameaça comunista — Apelo aos bispos silenciosos, publicada em 1976, denunciou essa funesta estratégia episcopal. Desde então, entidades ligadas à CNBB, como a CPT, o CIMI e movimentos apoiados por ela, como o MST, atuaram e continuam agindo para que o Brasil seja subjugado por um regime socialista ou comunista.


Hoje, 32 anos depois, fica patente o acerto dessa denúncia. O exemplo dos católicos vietnamitas atuais constitui comprovação cabal do judicioso alerta lançado pelo Prof. Plinio Correa de Oliveira.


Elevemos fervorosas orações para que Nossa Senhora liberte os fiéis vietnamitas, tão cedo quanto possível, do flagelo comunista. E, sobretudo, afaste do Brasil a ameaça de que tal flagelo possa se abater sobre nossa Pátria.

9. cfr. “Voz do Paraná”, hebdomadário católico de Curitiba, semana de 25 de abril a 1º de maio de 1976.

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