quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O fracasso da incubação keynesiana


Por Lew Rockwell

Mídia Sem Máscara

Dois anos atrás, a economia americana encontrava-se seriamente enfraquecida em meio a uma impressionante crise bancária, a qual se espalhava por todo o mundo. A ilusão criada pelo crédito fácil - a de que o setor imobiliário poderia se valorizar eternamente e que os americanos viveriam sob uma permanente prosperidade trazida pela expansão monetária - foi destroçada pela inevitável realidade dos acontecimentos. Os americanos subitamente se descobriram no meio de uma depressão econômica.

Naquele momento, o país estava em uma bifurcação. A medida sábia seria deixar a depressão ocorrer. Deixar que os investimentos ruins fossem expurgados do sistema. Deixar que os preços dos imóveis caíssem. Deixar que os bancos quebrassem. Deixar que os salários caíssem e permitir que mercado realocasse todos os recursos que até então estavam empacados em projetos insustentáveis, típicos de bolha, para projetos que fizessem sentido econômico. Essa foi a direção escolhida pela administração Reagan em 1981 e pela administração Harding em 1921. O resultado, em ambos os casos, foi uma recessão curta seguida de uma recuperação vigorosa.

Porém, a administração Bush, em uma política que viria a ser mantida e aprofundada pela administração Obama, tentou uma tática semelhante àquela retratada no filme A Origem: incubar os sonhos. A ideia era injetar estímulos artificiais no ambiente macroeconômico. Vários programas de gastos governamentais aleatórios foram criados, o banco central imprimiu enormes quantias de dinheiro para comprar dívidas podres que estavam em posse do sistema bancário, colossais truques tributários foram inventados, dinheiro foi jogado a rodo em programas de incentivos, e inúmeras estratégias de contratações artificiais foram criadas apenas para dar a impressão de que tudo estava indo bem.

No filme, o objetivo da incubação do sonho era implantar uma ideia dentro da cabeça de um indivíduo incauto, que então passaria a agir de modo diferente do seu normal. Na versão da vida real dessa incubação, o governo americano tentou implantar na cabeça de toda a população a ideia de que não havia depressão, não havia colapso econômico, não havia crise imobiliária, não havia necessidade de queda nos preços dos imóveis, e que realmente não havia absolutamente nenhum problema sério que o estado não pudesse consertar - desde que toda a população fosse obediente e seguisse todas as ordens do governo.

Na versão cinematográfica, a tentativa de incubação é temporal. Os criadores de sonhos são capazes de manter o indivíduo em um estado de letargia somente durante um determinado tempo. Na versão da vida real, as coisas são bem mais desordenadas e confusas. As manchetes de jornais falaram, todos os dias e durante todo esse tempo, sobre uma "recuperação iminente", sem que houvesse qualquer evidência desse fenômeno. Tudo o que os estímulos realmente conseguiram fazer foi postergar um pouco mais a inevitabilidade dos eventos ruins. Eles nunca conseguiram impedi-los, contudo.

Hoje, com o mercado financeiro em franco derretimento e o consenso quase universal de que os EUA voltaram à recessão, todo mundo já acordou. Já está bem claro que a incubação não funcionou. Os dados do desemprego são absolutamente aterradores. Como relata o Wall Street Journal, apenas 59% dos homens com mais de 20 anos de idade possuem empregos em tempo integral (na década de 1950, esse número era de 85%). E apenas 61% de toda a população americana com mais de 20 anos possui algum tipo de emprego, qualquer que seja.

Tradução: Leandro Augusto Gomes Roque

Publicado no site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.


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