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Ao observador atento não terá escapado a percepção de que no interregno entre a publicação da última bateria de pesquisas e o momento atual os estrategistas da candidatura Dilma executaram um teste do potencial de vôo da candidata sem os empurrões de Lula. Ao que tudo indica o teste fracassou.
No momento que Dilma ultrapassou Serra nas pesquisas publicadas pelo Ibope e pelo Vox Populi, na última semana de junho, Lula declarou à imprensa que sua candidata havia adquirido condições de seguir sozinha. Ato contínuo Lula viajou para a África e Dilma começou a se expor sem a presença de Lula ao seu lado em diversos eventos.
No entanto, no início de julho, após semanas seguidas de propaganda na TV, nos horários do PPS, do PTB e do PSDB, Serra buscou a diferença e empatou com Dilma, segundo o Datafolha, e nova pesquisa do Ibope.
Desde então não se viram mais pesquisas publicadas. Mas, observaram-se mudanças de comportamento de Lula que, desde o lançamento do edital do trem-bala voltou a pedir votos para sua candidata e a se expor ao lado de Dilma, afrontando a legislação eleitoral ao ponto de, inclusive, colocar-se na delicada posição de alvo de processo por improbidade administrativa e de deixar Dilma sob risco de impugnação por uso da máquina pública.
No campo adversário, as manchetes recentes emergem da boca de Serra estampando a afirmação: “Dilma não tem condições de andar sozinha”. Isto é, Dilma não teria condições de crescer nas pesquisas sem o apoio explícito de Lula.
As evidências, portanto, partem de ambos os lados. Ninguém mais do que os estrategistas de Dilma e Serra tem acesso a pesquisas diárias, não publicadas, a partir das quais monitoram o pulso do eleitor e tomam as decisões sobre os movimentos táticos das candidaturas. E os movimentos táticos de ambas as campanhas sugerem que essa é a leitura feita nos bastidores.
Sem o empurrão de Lula, Dilma pode ter caído, ou, no mínimo, parado de crescer num momento em que Serra, em função da exposição na TV, antes da última bateria de pesquisas publicadas, ganhou fôlego ao alcançar o empate técnico nas pesquisas.
A se confirmar essa análise, constitui-se um impasse estratégico para a candidatura de Dilma. Por quê? Porque o eixo estratégico da candidatura Dilma está na transferência do prestígio de Lula. E o eixo estratégico da candidatura Serra está na aposta de que, num determinado momento da disputa Dilma precisará provar ao eleitor que tem luz própria para conduzir a nação sem a tutela de Lula.
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