segunda-feira, 12 de julho de 2010

Cuba de branco dá adeus aos primeiros libertados

Agências Internacionais

Dcomércio.com.br

Em uma operação logística que surpreendeu pela rapidez, os primeiros dez presos políticos libertados no fim de semana pelo governo cubano chegaram ontem a Havana, onde passam por exames médicos e trâmites legais para deixar a ilha rumo à Espanha. A embaixada espanhola deve terminar hoje a emissão dos vistos de entrada para os dissidentes e para cerca de uma centena de familiares que os acompanharão ao exílio.

Até a tarde de ontem, pelo menos dez dos 17 dissidentes que viajarão à Espanha já estavam sendo submetidos a exames médicos no Hospital Penal Combinado del Este, em Havana. Os parentes dos prisioneiros foram levados a uma unidade militar do Ministério do Interior, no distrito de Valle Grande, na capital, para aguardar a viagem, mas, segundo fontes cubanas, o reencontro familiar só será possível no avião.

Segundo Laura Pollán, líder do movimento Damas de Branco – que reúne familiares de opositores políticos presos em Cuba desde 2003 – (acima à esq.), 26 dos 52 prisioneiros políticos anistiados já foram informados e questionados sobre uma eventual viagem à Espanha. Desse grupo, 20 teriam aceitado o exílio e outros seis manifestaram o desejo de permanecer na ilha.

Enquanto ainda se aguarda um cronograma oficial da libertação dos demais prisioneiros políticos, ontem o governo do Chile se ofereceu para dar asilo aos cubanos que desejem viver no país.

Surpresa - A rapidez do traslado dos prisioneiros e familiares após a conclusão das negociações – intermediadas pela Igreja Católica e pelo chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos – para a soltura de 52 dos 75 dissidentes presos desde 2003 na chamada "Primavera Negra" surpreendeu analistas e os próprios cubanos.

Para especialistas, a decisão repentina do governo de Havana pode ser interpretada como um recado ao presidente Barack Obama, em Washington. Acredita-se que o sucesso da intervenção espanhola nas negociações seja usado por Havana como uma prova de confiabilidade e de sua abertura às mudanças.

A iminência de um colapso econômico na ilha – que precisa importar 70% do que consome – faz o governo Castro ter interesse imediato em restabelecer relações políticas e econômicas com a União Europeia. A libertação dos dissidentes seria uma prova de que o país está disposto a repensar a questão dos direitos humanos – como exigem os norte-americanos – e a negociar a suspensão do embargo econômico à ilha.

"Tudo isso acontece no momento em que o Congresso norte-americano discute um projeto de lei para acabar com as restrições de viagem à ilha", observou Frank López Ballesteros, do jornal venezuelano El Universal.

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