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No romance “Os Irmãos Karamazov”, de Fiódor Dostoievski, o personagem Ivan, o mais velho dos irmãos, durante extensa conversa com o diabo em pessoa, ao ser tomado por incontrolável impulso de euforia, observa: “Se Deus não existe, tudo é permitido!”.
Alguns analistas da mais importante obra do escritor russo sugerem que Ivan, intelectual ateu sobrevivendo no epicentro de uma crise familiar (dentro de um país que se desintegrava), pretende justificar, com a frase niilista, o assassinato do pai, o devasso Pávlovich, do qual, julga-se, é o mentor intelectual.
Dostoievski escreveu “Os Irmãos Karamazov”, seu último romance, entre 1877/1880, quando a infeliz Rússia, movida pelo conflito entre a fé cristã e a razão iluminista, dava os primeiros passos rumo ao regime de terror revolucionário que seria instalado por Lenin et caterva em outubro de 1917.
Pois bem: associando a calamitosa situação do Brasil de 2009 à da Rússia pré-revolucionária do fim do século 19, que levou o mundo ao pesadelo do comunismo, entendo que a tarefa de quem escreve e fala é a de responsabilizar o atual presidente da República pelo caos moral, político e social que corrói os alicerces da nação, principiando por parafrasear o personagem do mestre russo: “Se Lula existe, tudo é permitido!”.
E não o digo só por mim: outro dia, numa feira pública de Copacabana, um delinqüente embriagado, cheio de si, arrancou a bolsa de uma idosa. Ao ser admoestado por um feirante, o marginal saiu-se com resposta modelar:
- “E daí?... Se Lula pode e faz pior, por que é que eu não posso?”
Com efeito, basta o sujeito andar pelas ruas ou ler o noticiário dos jornais para pressentir que, sob a tutela de Lula e sua exemplar corriola socialista o Brasil tornou-se o tablado diário do mais sórdido vale-tudo moral jamais travado nos seus cinco séculos de existência, onde pontificam roubos oficiais, fraudes ministeriais, desvio de verbas públicas, mentiras institucionais, chantagens e manipulações governamentais, crimes hediondos cometidos por autoridades que deveriam combatê-los, leis permissivas criadas para achacar o cidadão, prevaricação, concussão, etc. - tudo a formar um monstruoso leque de iniqüidades que a população, tal qual uma manada ao entrar no matadouro, a tudo assiste entre humilhada e impotente.
Sim, é fato, o Brasil “moderno” já viu de tudo: desde o massacre dos fanáticos de Canudos pela Quarta Expedição do General Artur Oscar, passando pelos incríveis golpes do ladrão Meneghetti na São Paulo dos anos 20 e a Revolta da Armada, promovida pela Marinha, que bombardeou o Rio de Janeiro contra as manobras continuístas do Marechal Floriano; desde a incrível (e covarde) Intentona Vermelha de 1935 financiada por Moscou até o crime da Fera da Penha, que nos anos 1960 seqüestrou e tocou fogo numa menina de 4 anos, passando pela a ação criminosa de Virgulino Lampião, que tinha como prazer sádico o ato de capar velhos que se cassassem com adolescentes, fazendo-os engolir depois pênis e testículos para - segundo ele - “dar o ensino”; desde o brutal “justiçamento” da adolescente Elza Fernandes, a “Garota”, que foi estrangulada por um fio de varal e quebrada em duas partes, em 1936, por ordens do indigitado Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança Malograda, passando pelas tragédias, artimanhas e fraudes políticas vividas por Vargas, Juscelino, Jânio, Jango, Geisel, Sarney, Collor e FHC até os atos canibalescos do famigerado Febrônio, tarado que violentava crianças e depois comia-lhes fígado e intestinos, aterrorizando o imaginário da população do eixo Rio-São Paulo nos anos 1930 – nada ou muito pouco escapou a nossa reconhecida capacidade de cultivar a barbárie.
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