Parlata
Hoje, mais uma vez assisti a uma reportagem do noticiário local em que denunciam problemas de atendimento em hospitais públicos. Estas tomadas são diárias: falta de médicos (ou médicos que faltam), falta de remédios (ou sobras que vencem), gente morrendo, as instalações a ponto de desabar, máquinas caríssimas esquecidas num canto sem que jamais tivessem sido postas em operação; ambulâncias que mais parecem galinheiros, etc.
Malgrado tudo isto, no ano que vem uma nova campanha eleitoral terá como tônica oferecer mais saúde pública "de graça" e "de qualidade" para a população. Um "de graça" que não é nada barato: a parcela do orçamento dos três entes estatais (governo federal, estados e municípios) é considerável, e não me surpreenda que ultrapasse, em termos percentuais, os orçamentos das pessoas comuns com planos de saúde. Um "de qualidade", que é assim julgado não pelos usuários, mas pelos próprios políticos: por eles, a saúde anda à "beira da perfeição", não é Sr. Presidente?
No Pará, o governo anterior entregou o Hospital Metropolitano de Belém, cujas filmagens de propaganda atestavam o alto nível de atendimento no tempo de sua inauguração, repleto de depoimentos felizes de médicos, de funcionários e de populares. Hoje este hospital faz parte dos noticiários pelo caos no atendimento, com a falta de remédios, equipamentos, médicos, e tudo aquilo que já citamos no parágrafo anterior. Sabotagem do atual governo? Sim, claro, perfeitamente. Também por aqui ficaram famosas as notícias de mortes de bebês em série na Santa Casa de Misericórdia, pertencente ao estado, logo após os barbudos tomarem conta do lugar, bem como da absoluta falência do Pronto Socorro Municipal, este administrado pela prefeitura de Belém.
Isto sempre acontece. Ninguém quer amamentar filho do outro - esta á a máxima mais aplicada na política. Os políticos são como os leões - não por seu garbo, mas pelo que de mais bestial há na natureza destes animais - porque, os novos que chegam, ao derrotarem o então dono do pedaço, matam os filhotes e as fêmeas, temerosas pela própria pele, entram logo no cio, afirmando a lealdade ao novo rei. No nosso caso, os filhotes são as obras e as fêmeas, os servidores públicos.
Podemos dar explicações sobre algumas destas mazelas. Eu disse explicações, e não justificativas! Médicos faltam por absoluto corporativismo dentro da gestão pública. Remédios faltam e sobram porque são adquiridos por meio de licitações, cujas quantidades são mal previstas, umas a menor, outras a maior, e isto se estes procedimentos não estiverem viciados por corrupção ou novelisticamente atrasados por impugnações ou recursos de ordem administrativa ou jurídica. A conservação dos prédios, dos equipamentos e das ambulâncias também deriva de licitações, cujos contratos são fiscalizados por funcionários públicos negligentes, isto se a Administração não começa a atrasar o pagamento das empresas contratadas. Enfim, tudo isto depende do orçamento, que pode ser diminuído porque o novo governo pretende fazer novas obras que lhe rendam novas propagandas.
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