sábado, 2 de outubro de 2010

Nós, os 4%. Mas podem chamar de 49%


Texto escrito por Sérgio Vaz

Blog 50 anos de texto

O Brasil é um país dividido ao meio.

Dizem que somos 4%. Eu, pessoalmente, até gosto disso. É bom o gostinho de ser a ínfima minoria que não concorda com a banda dos contentes. É bom ser da turma de Bertold Brecht, de Marlene Dietrich – e não dos 90 e sei lá quantos por cento que aplaudiam Hitler. É bom ser da turma de Sakharov, de Soljenitsin, de Pasternak, e não dos 90 e sei quantos por cento que aplaudiam o stalinismo.


Mas dizer que somos 4% é falácia, é mentira. Somos em torno de 50%. Às vezes somos 54%, às vezes 48%.

O Brasil é um país dividido ao meio. Exatamente como os Estados Unidos, como o Chile. Um pouco como a França, a Itália, a Espanha, Portugal.

Somos um país dividido ao meio pelo menos desde 1994. Naquele ano, Fernando Henrique venceu Lula no primeiro turno com 54,3% dos votos válidos. Em 1998, Fernando Henrique venceu Lula também no primeiro turno com 53,1% – de novo, pouco mais que a metade. Pertinho da metade.

Em 2002, Lula passou para o segundo turno com 46,4% dos votos. Depois de quatro anos de muita bolsa para os pobres, os menos informados, passou para o segundo turno com 48% dos votos.

Depois de oito anos em que, em vez de presidente da República, Lula foi orador de comícios, fez um discurso por dia (cacilda: são cerca de 2.900 discursos!), conquistou o fantástico, incrível apoio de 80% da população, e dedicou todo santo dia de seus magníficos 80% de aprovação, ao longo dos dois últimos anos, a propagandear sua candidata poste, sua candidata poste tem metade das intenções de voto.

Exatamente a metade.

Nesta véspera do dia da eleição, não dá para saber se haverá segundo turno ou não. Dilma pode levar já, ou pode não levar já. O que os institutos de pesquisa mostram é que ela tem em torno de 50% das intenções de voto.

Exatamente a metade.

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