Estadão Online
Bolivianos dissidentes estão formando, em países como o Peru, o Brasil e os EUA, uma cada vez mais numerosa comunidade de exilados. A oposição acusa o governo de perseguição política e compara a situação com a de Cuba, após a revolução, e a da Venezuela, nos últimos anos.
O presidente Evo Morales diz que os que estão saindo do país são fugitivos – criminosos procurados pela Justiça. O fato é que desde 2006, quando Evo assumiu seu primeiro mandato, 140 opositores deixaram a Bolívia, segundo o jornal La Razón, de La Paz.
Só no período que antecedeu as eleições regionais do dia 4, foram dez opositores, entre eles o candidato à prefeitura de La Paz, Guillermo Fortún, que pediu asilo político ao Peru, mas teve a solicitação negada. Também estão entre os que deixaram o país o ex-governador de Cochabamba Manfred Reyes Villa, o ex-governador de La Paz José Luis Paredes, o ex-presidente do comitê cívico de Santa Cruz Branko Marinkovic e dezenas opositores da região de Pando, refugiados no Acre.
A debandada ocorre porque foram abertos contra esses opositores processos pelos mais variados tipos de delitos – desde “corrupção” até “aquisição ilegal de terras”, “sedição”, “genocídio” ou “terrorismo”. A possibilidade de que tenham um julgamento justo está sendo bastante questionada desde que Evo nomeou por decreto (ainda que provisoriamente) 18 juízes para os principais tribunais do país. Alguns dos magistrados são até filiados ao seu partido.
Entre os opositores processados, há casos de figuras complicadas – que aparentemente têm um histórico de corrupção, por exemplo. Mas outras são mesmo vítimas de perseguição política”, diz o cientista político Gonzálo Chávez, da Universidade Católica Boliviana. “A questão é que, como Evo controla tanto a Justiça como o Congresso, nenhum opositor na Bolívia tem a garantia de que será julgado de forma justa e de acordo com leis justas. Quando o processo é aberto, a maior parte prefere fugir.”
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