Por Mário Guerreiro
Desde o momento em que foi lançada por Lula como a sua candidata ao pleito eleitoral de 2010 - coisa que muita gente do PT não gostou mas teve que engolir - a companheira Dilma, que os sindicalistas já estão chamando de Dil-Má, por causa do salário mínimo de R$ 575, passou por um verdadeiro up-grade.
Procurou os serviços de especialistas na fala, de modo a atenuar sua notória dislexia. Estes fizeram tudo que puderam, mas parece que não adiantou muito. FHC, quando indagado sobre o que achava das ideias de Dilma, disse que não sabia dizer, porque ela não completava uma frase... Não sou FHC, mas também constatei isso.
Mas o up-grade incluía muitas outras coisas além das inconvenientes de caráter fonoaudiológico. Especialistas em retórica, que hoje tem o nome de arte de falar em público, procuraram complementar o trabalho de seu marqueteiro político, ambos preocupados com a imagem e a expressão verbal de Dilma.
E por falar em imagem, não poderia estar faltando um especialista em make up (maquiagem). Um novo penteado, cremes de rejuvenescimento para camuflar rugas e pés-de-galinha, entre todas aquelas coisas atormentam a existência de qualquer mulher, principalmente quando se trata de uma mulher pública, quer dizer: de uma ex-burocrata do Poder Executivo candidata a Presidente do Brasil. “Presidenta” só pode ser coisa de
“ignoranta”.
Tal como seu antecessor, Dilma especializou-se também na arte de dizer e se desdizer sem a mínima preocupação com a coerência e sem o menor pejo.
Apesar de ter feito várias declarações a favor do aborto, coisa que conseguiu angariar a antipatia de religiosos conservadores – católicos, cristãos ortodoxos, protestantes, kardecistas, israelitas, etc. - na sua campanha eleitoral disse que jamais defendera semelhante abominação e foi até a Basílica de Nossa Senhora de Aparecida, para ser filmada e fotografada fazendo o sinal da cruz erradamente. Tudo indica que conseguiu convencer milhões de ingênuos e mal-informados – uns 85% da população adulta do Brasil, o mesmo índice dos que aprovaram os (des)governos Lula.
Em matéria de desfaçatez econômica, Lula já havia emitido uma pérola para seu eleitorado de apedeutas e pascácios: dissera que tinha zerado a dívida externa. Não se pode dizer que ele tenha mentido, mas sim omitido. Zerou a dívida externa engrossando ainda mais a interna, que já está ultrapassando um trilhão de reais.
Por sua vez, Dilma já entrou no governo anunciando uma política de austeridade econômica, como se fosse ela a Margaret Thatcher dos trópicos.
Aparentemente contrariando o expansionismo de seu antecessor e de todos os cepalinos, i.e. membros e admiradores da CEPAL, Dilma inflou os pulmões e disse, para quem quisesse e quem não quisesse ouvir, que faria um corte no orçamento de 50.000.000.000 de reais.
Uau! Não parecia coisa pouca, tanto que os congressistas não gostaram nem um pouco da ideia, uma vez que ele incluía dilacerantes cortes de navalha nas suas infindáveis emendas ao Orçamento da União, velha colcha de retalhos.
Em face do caráter avultado do referido corte, eu mesmo cheguei a pensar que se tratava de uma necessária contenção de gastos, medida esta sempre louvável em qualquer governo, desde o de prefeitura de pequena cidade do interior até o do Governo Federal.
No entanto, graças ao excelente artigo de Alexandre Schwartsman *, economista-chefe do Banco Santander, publicado na Folha de São Paulo em 16/2/2011, fui esclarecido de que o que parecia um grande corte, era na verdade um bifinho daqueles que às vezes fazem os que têm o hábito de se barbear frequentemente - o que não é o meu caso nem tampouco o de Dilma, e assim, ainda que por diferentes razões, temos ao menos uma coisa em comum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário