Por Márcio Leopoldo
Escola Sem Partido
Nem o Che escapou. Depois da polêmica em torno do artigo que reverenciava o santo revolucionário, os responsáveis pelo site Escola Kids decidiram transformá-lo no que George Orwell chamou de “impessoa”. O artigo desapareceu do site, ou melhor, nunca existiu. Não deixa de ser coerente, a esquerda revolucionária não se retratava, tinha por hábito apagar; de tudo um pouco. Sumiam fatos, coisas e pessoas. Uma fotografia alterada aqui, um massacre ali e a esquerda revolucionária ia tecendo a história. Esse é o problema com as ideias infalíveis, quando falham “não falharam”.
Em 1940, logo após invadir a Polônia, soldados da União Soviética executaram, estima-se, 22 mil pessoas. Além de ordenar o massacre, as autoridades soviéticas esconderam o “milagre”. Pouco tempo depois culparam os nazista, antigos parceiros na divisão da Polônia. Durante as longas décadas que o seu país ficou sob domínio soviético, os poloneses foram obrigados a esquecer aquilo que sabiam e reconhecer a versão comunista como verdadeira. Convenhamos, foram sensatos. Enquanto o Massacre de Katyn permanecia em sua versão alternativa, Stalin passava a borracha nas fotografias. Mao Tsé-Tung logo dominou a técnica. Segundo as estimativas mais humildes, riscou do mapa 50 milhões de chineses!
A “superioridade” moral das ideias desses revolucionários não é compatível com o que eles realmente fazem na realidade, então é preciso apagar e reescrever. O Millôr Fernandes tem uma frase que, embora simples, capta com precisão a essência do projeto: “O comunismo é uma espécie de alfaiate que quando a roupa não fica boa faz alterações no cliente”. É a Reversal Russa.
E cá estão muitos dos nossos historiadores manipulando a história, tentam – e conseguem – criar no imaginário coisas que não aconteceram e apagar aquelas que realmente aconteceram. Há algo ainda mais sórdido na fábula criada pelo historiador do Escola Kids sobre o Che Guevara, além da manipulação e da mentira, o objetivo ao apresentar esse tipo de conteúdo para crianças (adolescentes) é blindar a imagem do Che para o dia em que essas crianças forem expostas à verdade. É bem provável que nesse dia as pilhas de corpos, os fuzilamentos, os campos de reeducação sejam inócuos para os seus corações e mentes. Talvez até digam um “bem feito” quando de fábula passarem para o escárnio do adversário. Aliás, normalmente o termo não é adversário, mas inimigo do povo.
Há um lado evidentemente positivo no sumiço do Che Guevara do site Escola Kids, antes era a verdade que sofria com a versão idílica do historiador. agora é a mentira que sofre um revés. É um avanço, porém, o melhor seria reconhecer o erro e contar a história verdadeira do Che. Como fizeram, fica parecendo que o artigo nunca existiu. O que realmente nunca existiu, e nisso os responsáveis pelo Escola Kids tem razão, é aquele Che Guevara que estava lá.
A foto acima é um dos clássico exemplos dos retoques fotográficos promovidos pelo stalinismo. Depois do retoque, Trotsky desapareceu da foto.
Fernandes, Millôr. A Bíblia do Caos, p. 109
Escola Sem Partido
Nem o Che escapou. Depois da polêmica em torno do artigo que reverenciava o santo revolucionário, os responsáveis pelo site Escola Kids decidiram transformá-lo no que George Orwell chamou de “impessoa”. O artigo desapareceu do site, ou melhor, nunca existiu. Não deixa de ser coerente, a esquerda revolucionária não se retratava, tinha por hábito apagar; de tudo um pouco. Sumiam fatos, coisas e pessoas. Uma fotografia alterada aqui, um massacre ali e a esquerda revolucionária ia tecendo a história. Esse é o problema com as ideias infalíveis, quando falham “não falharam”.
Em 1940, logo após invadir a Polônia, soldados da União Soviética executaram, estima-se, 22 mil pessoas. Além de ordenar o massacre, as autoridades soviéticas esconderam o “milagre”. Pouco tempo depois culparam os nazista, antigos parceiros na divisão da Polônia. Durante as longas décadas que o seu país ficou sob domínio soviético, os poloneses foram obrigados a esquecer aquilo que sabiam e reconhecer a versão comunista como verdadeira. Convenhamos, foram sensatos. Enquanto o Massacre de Katyn permanecia em sua versão alternativa, Stalin passava a borracha nas fotografias. Mao Tsé-Tung logo dominou a técnica. Segundo as estimativas mais humildes, riscou do mapa 50 milhões de chineses!
A “superioridade” moral das ideias desses revolucionários não é compatível com o que eles realmente fazem na realidade, então é preciso apagar e reescrever. O Millôr Fernandes tem uma frase que, embora simples, capta com precisão a essência do projeto: “O comunismo é uma espécie de alfaiate que quando a roupa não fica boa faz alterações no cliente”. É a Reversal Russa.
E cá estão muitos dos nossos historiadores manipulando a história, tentam – e conseguem – criar no imaginário coisas que não aconteceram e apagar aquelas que realmente aconteceram. Há algo ainda mais sórdido na fábula criada pelo historiador do Escola Kids sobre o Che Guevara, além da manipulação e da mentira, o objetivo ao apresentar esse tipo de conteúdo para crianças (adolescentes) é blindar a imagem do Che para o dia em que essas crianças forem expostas à verdade. É bem provável que nesse dia as pilhas de corpos, os fuzilamentos, os campos de reeducação sejam inócuos para os seus corações e mentes. Talvez até digam um “bem feito” quando de fábula passarem para o escárnio do adversário. Aliás, normalmente o termo não é adversário, mas inimigo do povo.
Há um lado evidentemente positivo no sumiço do Che Guevara do site Escola Kids, antes era a verdade que sofria com a versão idílica do historiador. agora é a mentira que sofre um revés. É um avanço, porém, o melhor seria reconhecer o erro e contar a história verdadeira do Che. Como fizeram, fica parecendo que o artigo nunca existiu. O que realmente nunca existiu, e nisso os responsáveis pelo Escola Kids tem razão, é aquele Che Guevara que estava lá.
A foto acima é um dos clássico exemplos dos retoques fotográficos promovidos pelo stalinismo. Depois do retoque, Trotsky desapareceu da foto.
Fernandes, Millôr. A Bíblia do Caos, p. 109
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