quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

WikiLeaks põe Brasil na rota da droga


Por Jamil Chade

Estadão Online

Para a diplomacia americana, o Brasil é peça central na rota do tráfico de drogas no mundo, segundo uma série de telegramas enviados de diversas embaixadas dos EUA e vazados pelo WikiLeaks. Os documentos ainda mostram como o Itamaraty estaria "preocupado" com a "conexão entre o governo boliviano e os produtores de coca" e revela dados alarmantes sobre o volume do tráfico entre Bolívia e Brasil.

O Estado mostrou ontem como a droga que sai do Brasil estaria ajudando a financiar as atividades da Al-Qaeda no Magreb. Agora, os telegramas indicam que as rotas são ainda mais complexas e o Brasil, para muitos traficantes, tornou-se o caminho para permitir que a droga chegue à Europa, EUA e Ásia.

Uma das preocupações centrais dos americanos refere-se ao governo do boliviano Evo Morales. Os documentos mostram um debate que chegou a contaminar a eleição presidencial brasileira: o suposto envolvimento de autoridades no tráfico.

Em um telegrama de 19 de fevereiro, o governo americano diz que o Itamaraty vê com grande preocupação a relação entre o governo boliviano e os produtores de coca. Em uma reunião entre o embaixador americano no País, Thomas Shannon, e a subsecretária de Política da chancelaria, Vera Machado, a brasileira não esconde o temor.

"(Vera) Machado acredita que a situação na Bolívia se estabilizou, mas se mantém preocupada sobre as conexões entre o governo e os produtores de coca", registra Shannon. "Ela (Vera) admitiu a ameaça para a região do tráfico de drogas, mas identificou como principal fonte o problema do consumo nos países ricos", disse.

Telegramas da Embaixada dos EUA em La Paz dão uma demonstração de como o Brasil de fato tem motivos para estar preocupado. Em 17 de dezembro de 2009, um telegrama estima em 175 o número de aviões suspeitos de carregar cocaína que cruzaram a fronteira entre Bolívia e Brasil em apenas dois meses.

Autoridades americanas teriam traçado um cenário sombrio a diplomatas americanos: "A falta de controle sobre seu espaço aéreo resulta em praticamente uma liberdade total para o narcotráfico."

Mas, em outro telegrama, de julho de 2010, o presidente do Senado boliviano, Oscar Ortíz, prefere colocar a culpa no Brasil. Em conversa com o embaixador Shannon, Ortíz "lamentou o aumento do tráfico de drogas e o fato de brasileiros e a União Europeia tolerarem isso".

Via Maputo. Mas não é apenas a droga direcionada à Europa que passa pelo Brasil. Em um telegrama de 16 de novembro de 2009, a embaixada americana da capital moçambicana, Maputo, informa Washington como "a rota principal para a cocaína por via aérea que chega em Maputo vem do Brasil".

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Luciana Genro e Pedro Ruras admitem que eram falsas suas denúncias sobre gravações contra Yeda



Políbio Braga Online

Por Políbio Braga

Está tudo nos autos da ação civil 001/1.09.0085539-1, movida pelo empresário gaúcho Humberto Busnello, em andamento na 2a. Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre.

Busnello também move contra Luciana uma queixa-crime. Ela tentou adiar a audiência do dia 22, mas a juiza Fabiana Zaffari Lacerda não aceitou o pedido. Não há engano. A própria Zero Hora deste domingo confirma tudo. O jornal usou o mesmo raciocínio reverso utilizado por Luciana Genro e por Pedro Ruas na 2a. Vara Cível, na vã suposição de que os leitores só compreendem parágrafos inteiros se eles forem desenhados. Nunca se viu nada igual no Rio Grande do Sul. Trata-se do maior escândalo político do ano. Depois do governo Lula confessar que perseguiu Yeda e denunciou o projeto Duplica RS para impedir o sucesso dela na área, chegou a vez de Luciana Genro e Pedro Ruas confessarem em juízo que tudo que disseram contra o empresário Busnello, mas sobretuco contra Yeda foi pura calúnia, difamação e injúria, já que nunca tiveram prova alguma e denunciasram que a urdidura aconteceu numa ação orquestrada dentro do Palacinho com o vice Paulo Feijó, um homem que segundo ele mesmo, o ex-deputado Cesar Busatto tentou comprá-lo, e que segundo Genro e Ruas, Lair Ferst, o "Fator Lair", tentou comprar. Veja os posts que o editor disponibilizou neste domingo no seu Twitter:

Esta farsa Feijo-Psol, desmascarada dia 16 por Luciana , é coisa de ré confessa e partícipe do Eixo do Mal, conforme denunciei várias vezes, formada para mentir, denunciar e linchar politicamente Yeda e o seu governo, preparando o caminho para a eleição de Tarso Genro.

.Nem terminou o governo e farsa Da troika Feijo-Genro-Ruas mais Lair é dedmascarada por Lucuana juízo. Eu sempre disse que Genro e Ruas mentiam sobre "áudios e imagens claras como filme de cinema. Ambos admitem, agora.

.Denuncias de Genro e Ruas, dia 16, 2a Vara Civel, provam que Feijó transformou Palacinho no covil das armações contaa Yeda. Luciana tentou adiar a audiência, mas a juiza indeferiu a manobra. Ela responde a queixa-crime também.

.Feijó, que abriu gravação privada com com Busato, não prendeu Lair ? Que autoridade admite receber dinheiro de delator confesso ? Todo mundo ofereceu dinheiro pra Feijó ? Que autoridade é essa que chegam tão fácil pra comprar ?

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Escritor dos EUA testa na pele vida de cubanos

Por Guilherme Russo

Estadão Online

Afirmando em quase todas as declarações que as mudanças previstas para Cuba em 2011 servirão para reforçar o socialismo na ilha, o presidente Raúl Castro tem anunciado medidas de abertura com a intenção de criar uma economia de mercado no país. Especialistas indicam que a principal mudança sentida no dia a dia será o fim do livreto de abastecimento, que serve para registrar a compra de alimentos subsidiada pelo Estado.

Para sentir na pele o que significa se alimentar como os cubanos, o escritor americano Patrick Symmes resolveu passar um mês vivendo apenas com o salário médio no país, US$ 15, tentando pagar pela comida o mesmo que os donos dos livretos. Ele relatou sua experiência na revista Harpers". Em entrevista ao Estado, Symmes disse que contou "cada caloria" que ingeriu durante os 30 dias em Cuba - limite para a permanência no país com visto de turista.

"Perdi cerca de 30 mil calorias, que eu precisaria para permanecer com o mesmo peso (de 99 kg). Perdi pouco mais de 5 kg. Nesse ritmo, morreria em seis meses", afirmou. "Obviamente, os cubanos sobrevivem melhor. Resolvem a situação com qualquer coisa que tenham de fazer para conseguir comer."

Symmes relatou que, durante sua estada, participou de um roubo em troca de um prato de comida. "Ajudei amigos a roubar 250 kg de cimento. Foi um ato muito corriqueiro, feito em plena luz do dia - mais uma transação do mercado negro do que um roubo. Às vezes, alguém paga para o inspetor fazer vista grossa. Não tive problemas (com as autoridades) e, como a maioria dos cubanos precisa fazer isso, quase ninguém tem problemas por isso. Tentei demonstrar exatamente como eles sobrevivem."

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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Ensino em uma Sociedade Livre

Por Klauber Cristofen Pires

Movimento Endireitar

Possivelmente ocorra aos estudantes serem apresentados a textos pretensamente críticos sobre o ensino no Brasil, sobre a sua estrutura e suas deficiências. Isto provavelmente acontecerá mais amiúde aos alunos das Ciências Humanas. Críticas ao ensino considerado “mercadoria”, às faculdades “fábricas de diplomas”, a um sem número de disciplinas que deveriam constar dos currículos e outras que deveriam ser dispensadas, e até mesmo efusivas reivindicações trabalhistas marcam o tom deste discurso.

Algumas destas reivindicações carimbam o nonsense na testa de seus autores. Imagine, por exemplo, a sugestão de que a nomenclatura em latim das fórmulas jurídicas consagradas pelo Direito Romano, a principal vertente formadora da tradição jurídica no Direito pátrio, seja alijada do ambiente acadêmico de uma vez por todas, e que as aulas de Língua Portuguesa sejam tornadas obrigatórias para todos os semestres. Pode parecer hilário, mas o autor deste texto fez estas considerações sustentando-se no fato de que os jovens chegam às faculdades praticamente analfabetos, e que nada adianta estudar termos em latim se nem sequer sabem se expressar em Português. Em breve, farei um artigo especialmente para este texto. Por ora, basta perguntar se a função do ensino superior é ensinar o que o ensino fundamental e o médio deveriam e não fizeram, ou considerar que o domínio do vernáculo deve ser exigido como um pressuposto óbvio para o ingresso em qualquer das cátedras.

Analisando as grades curriculares dos cursos de nível superior, um liberal pode constatar o quanto um aluno gasta em tempo e dinheiro para ser aprovado em praticamente uma centena de cursos, dos quais o aproveitamento efetivo em sua futura vida profissional será próximo de dez por cento, na melhor das hipóteses. Não me refiro aqui somente ao fato de o aluno não vir a ter um efetivo contato com o campo de aplicação delas antes que o tempo o leve ao esquecimento, mas sim, trato pura e simplesmente de afirmar categoricamente que diversas destas disciplinas são absolutamente dispensáveis, ou mais propriamente, são um estorvo.

No meu próprio curso, analisando friamente, das dezenove (!) disciplinas que abrangem o primeiro ano da graduação em Direito, apenas duas, a rigor, despertaram-me o interesse. Por força do Estado, eu fui obrigado a pagar por cursos tais como Inglês Instrumental, Redação e Comunicação (ou qualquer denominação parecida), Informática (cujas aulas foram invariavelmente apresentadas em quadro branco!), e Sociologia, a “superestrutura do marxismo”, entre outras inutilidades.

Todo este “enxugamento de gelo” ocorre devido a um único fator: a obrigação de cumprir um currículo estabelecido coercitivamente pelo estado. Certo é que as próprias instituições de ensino, bem como os chamados conselhos de classe, participam deste processo, fazendo lobby: às primeiras, interessa praticar o que denomino aqui de “venda casada legal”, o que lhes rende um produto com um valor agregado artificialmente aumentado, e aos segundos, interessa estabelecer um grau relativamente mais dificultoso de ingresso dos novos profissionais no mercado de trabalho.

Com este panorama em tela, incumbo-me de aqui traçar um cenário onde todo o ensino permanecesse nas mãos dos particulares, tal como o foi antigamente: um ensino totalmente livre. Nem todo este cenário é puramente imaginário. Aqui e alhures, uma ou outra profissão é exercida conforme moldes mais libertários. No Brasil, por exemplo, os melhores jornalistas jamais esquentaram um banco na faculdade.

Como seria então, para nos determos no Direito, o ensino em uma sociedade plenamente livre? Eu entendo que não haveria muitas faculdades integrais de Direito, mas sim muito poucas, destinadas possivelmente a profundos estudos jurídicos, mais próprios para um jurista do que propriamente para a lida diária em algum ramo específico.

A maioria dos operadores de Direito, portanto, fariam não um curso integral, mas sim “cursos” específicos que estivessem de acordo com as suas perspectivas relativamente às atividades profissionais que viessem já desempenhando. Em suma, a intensa prática profissional seria a ênfase de sua formação. Por exemplo, para que um profissional do Direito ligado ao Direito Marítimo haveria de ter de perder tempo estudando Direito Agrário? Nas salas de aula, inúmeros professores “especialistas” respectivamente em suas áreas, confessam abertamente desconhecer as disposições e ou a doutrina das áreas que lhes são alheias. Perderam tempo e dinheiro, é bom lembrar.

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O aborteiro Sérgio Cabral


Por Nivaldo Cordeiro


Mídia Sem Máscara

A má fé daqueles que se engajam na nefanda causa do aborto teve ontem, com Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, uma manifestação bastante didática. Vou comentá-la aqui para demonstrar que, sob qualquer ângulo, a questão do aborto é insustentável ante a ética cristã. Pela boca de Sérgio Cabral falou a legião daqueles que fazem o cultivo da cultura de morte, de que nos falava João Paulo II.

O primeiro recurso sofístico cabralino é assumir que a generalização de um vício torna a sua repetição uma necessidade de positivização no sistema jurídico. Foi enfático:"Quem aqui não teve uma namoradinha que precisou abortar? Meus amigos, vamos encarar a vida como ela é", falou retórico. O problema de ter tido uma namoradinha que levou ao aborto coloca a necessidade de se abrir o olho moral daqueles que estavam cegos para a enormidade do crime que estavam praticando. Ao invés disso, de se buscar a correção do malfeito, o filosofar cabralense propõe o caminho oposto: que se regulamente e permita legalmente o aborto, como se isso fosse algo moralmente aceitável e resolvesse o problema da gravidez indesejada.

O fato que se esconde por detrás da argumentação é que Cabral assume que o corpo é para o prazer e não para as tarefas existenciais, como a procriação. Assume também que o feto não é um ser, é desprovido de qualquer direito. É como uma espécie de verme habitando o ventre da mãe, que pode e deve ser descartado a qualquer tempo. Essa visão é uma alucinação.

Poderíamos repetir: "Quem aqui não fumou um cigarro de maconha? Que aqui não cheiro um pó de cocaína? Quem não avançou um sinal vermelho? Quem deixou de ajudar um cego a atravessar a rua? Quem deixou de ajudar um faminto por dureza do coração? Ora, cada ser é uma coleção continuada de pecados, maiores e menores, e de vícios, e nem por isso essa prática continuada pode servir de fundamento para a sua aceitação moral e jurídica. A repetição inevitável de pecados e vícios não os transforma em seu oposto. O sistema jurídico deve proteger os bons costumes e as virtudes, não os vícios e os crimes conhecidos desde a lei natural.

Para reforçar sua argumentação estúpida, Cabral dá testemunho de que não defende a prática em causa própria: "Fiz vasectomia e sou muito bem casado". Bem sabemos que a defesa institucional do aborto é uma agenda dos chamados globalistas, que defendem o governo mundial, e ela tem por meta alcançar três objetivos:

1- Destruir a ética cristã no que ela tem de mais essencial; 2- Fazer o controle das populações mais pobres, inclusive e sobretudo das populações não brancas; e 3- Destruir a família pela base. Casamentos desfeitos e a não geração de descendentes torna a população atomizada cada vez mais cliente dependente do Estado, que passa a ocupar o papel agregador e protetor da família tradicional. Portanto, nem que Sérgio Cabral tivesse sido castrado ele mudaria sua posição sobre o tema, pois está alinhado com a causa globalista, que peleja sobre o assunto desde a ONU e seus tentáculos.

Continuou: "Do jeito que está, está errado, falso, hipócrita. Isso é uma vergonha para o Brasil. Vamos pegar países onde a religião tem um peso. Espanha, Portugal, França, Inglaterra, Estados Unidos. Eles gostam menos da vida do que nós? Esse é o ponto." Esse é um típico argumento globalista. Eles tentam simultaneamente obter sua vitória política em todos nos países. Quando conseguem em algum parametrizam para facilitar a vitória no seguinte. Circunstâncias legislativas permitiram que essas legislações nefandas fossem alhures aprovadas, tudo manipulado pelos globalistas. É precisamente o contrário: vergonha é o fato de aqueles países terem aprovado a matança de fetos antes do nascedouro. De fato, aqueles governos, imitados pelo afã cabralino, gostam menos da vida, sim, sobretudo da vida dos pobres e das populações não brancas. Devemos nos regozijar de, em nosso país, termos resistido a esse crime hediondo que é o aborto institucionalmente patrocinado.

Cabral, um sujeito que faz campanha aberta pelo aborto, teve o desplante de afirmar: "Ninguém é a favor do aborto, mas uma coisa é uma mulher, por alguma necessidade, física ou psicológica, psiquiátrica ou orgânica, desejar interromper uma gravidez". A mulher não tem necessidade de abortar, ela tem necessidade de procriar. O aborto é uma aberração, uma chaga moral que provoca seqüelas físicas e psíquicas. Veja-se que a argumentação cabralina é pura tergiversação e mentira para suportar sua monstruosidade moral. O fato é que aborto é uma abominação e o Estado não pode ser posto a seu serviço.

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

WikiLeaks: Cuba não tem recursos para sobreviver mais de três anos


O Globo

Site Globo.com

Previsões de conselheiros comerciais do Brasil e de outros vários países, incluindo a China, apontam que a crise financeira global e a falta de capacidade de Havana de lidar com a dívida externa agravaram a situação econômica em Cuba de tal forma que "podem ser fatais em dois ou três anos". É o que indicam documentos da diplomacia americana filtrados pelo site WikiLeaks e citados nesta quinta-feira pelo jornal espanhol "El País".

O relato foi feito pela seção de interesses dos EUA em Havana em fevereiro passado, com base no que foi ouvido por um representante americano durante um jantar com sete conselheiros econômicos internacionais, de França, Japão (países credores), China (aliado político e comercial de Cuba), Espanha, Itália, Canadá e Brasil (principais investidores na ilha depois da Venezuela).

Apesar do futuro sombrio, a correspondência americana praticamente descarta uma liberalização comercial substancial. Os comentários mais fortes são do representante italiano.

"A Itália disse que suas fontes de governo de Cuba sugerem que a ilha poderia se tornar insolvente em 2011", afirma o documento, para depois ressaltar a preocupação chinesa com a rigidez cubana: "uma dor de cabeça".

Resumindo a opinião dos colegas de mesa, Jonathan D. Farrar, chefe da seção de interesses americana, afirma: "(Havana) teme as consequências políticas de mudanças muito demoradas".

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Por trás das restrições de viagens impostas aos cubanos, uma verdadeira indústria migratória alimentada pelos Castro




Editorial Veja

Veja.com

Embora tenha sido laureado pelo Parlamento Europeu com o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Expressão em 21 de outubro, o dissidente cubano Guillermo Fariñas voltou a se deparar com uma dura realidade que assombra os cubanos há mais de 50 anos. Após ter seguido longos passos para conseguir uma permissão do governo para viajar a Estrasburgo, na França, e ser homenageado, Cuba não permitiu sua saída do país. Um lamento para aqueles que prezam os direitos humanos, completamente ignorados pelo regime castrista.

Todo cubano, para conseguir viajar ao exterior, precisa passar por um processo longo, burocrático e dispendioso. Em entrevista ao site de VEJA por telefone, Fariñas demonstra sua revolta. “Em Cuba, viola-se o artigo da declaração de direitos humanos que diz que todo homem e mulher têm direito de sair e entrar em seu país, embora o governo insista em dizer que o cumpre”, diz. “Em qualquer parte do mundo os passaportes podem ser expedidos rapidamente, aqui temos que esperar por pelo menos 30 dias.”

Custos - Somente para se obter o passaporte, é necessário pagar uma taxa de mais de 55 "pesos conversíveis" (que equivalem ao dólar americano). “Cuba vive essa dualidade monetária faz 15 anos. As pessoas recebem seus salários na moeda nacional, mas têm que pagar taxas em pesos conversíveis para garantir documentos obrigatórios”, explica a filóloga, blogueira e opositora cubana Yoani Sanchéz.

Segundo ela, a quantia representa o equivalente a mais de três meses de trabalho, já que um salário médio no país gira em torno de 15 pesos conversíveis. "Para uma pessoa ter um passaporte, ela precisa deixar de gastar com comida, transporte ou roupas”, explica.

Como em qualquer outro país, depois de obter o documento, os cubanos precisam ir à embaixada estrangeira em questão para receber o visto. “Como as embaixadas ficam em Havana, para aqueles que estão no interior, como é o meu caso (ele mora no município de Santa Clara), o custo do deslocamento também é alto”, pontua Fariñas. Já o próximo passo é particular a Cuba: pedir permissão a um tipo de "consultoria jurídica". Todos aqueles que querem sair do país tem que receber um convite formal de alguém do exterior, que deve ser transmitido através da embaixada cubana no país.

Depois de a carta chegar a Cuba, sua retirada também requer um pagamento, de cerca de 300 dólares, de acordo com Yoani. Somente com esse convite em mãos, um cubano pode solicitar uma autorização para viajar – o chamado “permiso de salida”, também conhecido como “tarjeta blanca”, que pode ser temporário ou permanente. Finalmente, com esta autorização, pode-se comprar as passagens.

O processo todo dura até um ano e o custo com a burocracia chega a 500 dólares no total, segundo Yoani. “É uma verdadeira indústria migratória que arrecada a cada ano milhares de dólares", explica.

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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Zé Dirceu e o controle da mídia

Para Dirceu, mídia 'teme concorrência'

Estadão Online

Por ALFREDO JUNQUEIRA

O ex-ministro da Casa Civil e deputado federal cassado José Dirceu (PT-SP) afirmou nesta segunda-feira que os grandes veículos de imprensa temem a concorrência de novas empresas privadas. Em discurso durante o evento "Democracia e Liberdade Sempre", promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), o líder petista disse ainda que o País passa por uma batalha no campo da comunicação social.

"Não é uma batalha simples. E não é uma batalha só de uma forma de luta, só de um campo. Vai ter muitas nuances, muitas formas", afirmou. "O que eles não querem é concorrência. É o que eles temem. Não é imprensa alternativa, de esquerda ou sindical. É a própria concorrência capitalista. Essa é a questão fundamental", acrescentou.

Questionado posteriormente se estava defendendo a abertura do mercado brasileiro para a entrada de grupos estrangeiros no mercado de comunicação, Dirceu negou. Disse que estava apenas defendendo a ampliação do número de veículos no País.

Homenageado com o Prêmio CUT Liberdade e Democracia Sempre!, o petista ainda disse que a vitória da presidente Dilma Rousseff representava a chegada definitiva da geração de 68 ao poder. Dirceu não quis, no entanto, fazer declarações sobre o futuro governo, para, segundo ele, evitar polêmica.

O ex-ministro ainda lamentou o fato de que uma turma de formandos da Academia Militar das Agulhas Negras tenha decidido homenagear o ex-presidente Emílio Garrastazu Médici.

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Réu, chamado de “chefe de quadrilha”, pede controle da mídia. Faz sentido!

Por Reinaldo Azevedo

Blog do Reinaldo Azevedo

A Central única dos Trabalhadores promoveu ontem um evento chamado “Democracia e Liberdade Sempre”. Conferiu prêmios a alguns batutas que, a seu juízo, foram expressões nessa área. Entre eles, estava José Dirceu! O encontro também serviu como um desagravo a Dilma Rousseff porque a Central considera que a sua opção, no passado, pela luta armada foi criminalizada. Ué! Achei que ela só tocasse piano e lesse poesia na VAR-Palmares… Não vão me dizer agora que ela pegou em armas e até participou do planejamento de assalto a bancos! Estou chocado! Pois bem: se a patuscada era para celebrar “democracia” e “liberdade”, nada como descer o porrete na “mídia”, certo? Foi o que fez o deputado cassado por corrupção José Dirceu, réu que a Procuradoria Geral da República chama “chefe de quadrilha”.

Pois bem: ele disse que a “mídia” precisa, sim, de regulação, “como existe nos EUA, na França e na Inglaterra”. Mas, ressalvou o agora “consultor de empresas privadas”, há de ser uma regulação adaptada à nossa realidade. Ocorre que a regulação “adaptada à nossa realidade” já existe. Pode até ser aperfeiçoada, mas é uma farsa grotesca essa história de que o setor existe num vácuo legal. A quem interessa essa mentira? Àqueles que, sob o pretexto de nos propor uma “técnica”, querem nos impor uma “política”.

O Zé sempre sempre foi dono de teses um tanto exóticas e tem o seu jeito de trabalhar, não é?, que lhe rendeu a perda dos direitos políticos e lhe conferiu a alcunha de “chefe de quadrilha”. O aspecto mais deletério do que se conhece da proposta do governo é mesmo o “controle de conteúdo”, uma forma oblíqua de instituir a censura no país. O chefão do PT acha tudo isso bobagem e afirmou que as empresas não querem regulação porque temem a concorrência: “Não é uma batalha simples. Vai ter muitas nuances, muitas formas. O que eles [as empresas de comunicação] não querem é concorrência. É o que eles temem. Não é imprensa alternativa, de esquerda ou sindical. É a própria concorrência capitalista”.

Huuummm… Devo entender, então, que Dirceu está empenhado em “manter a concorrência capitalista” no setor. À sua maneira, o governo Lula já faz isso, usando o nosso dinheiro, aquela fatia reservada à publicidade oficial e de estatais. Todos os veículos amigos são generosamente aquinhoados. Há até um galinheiro no fundo do quintal moral do Palácio para sustentar — seja com financiamento direto, seja com triangulações — a guerra suja na Internet. Petistas hoje já se orgulham de “ter” três redes de televisão, duas revistas semanais e dois portais da Internet. Esses são os que a turma tem literalmente no bolso, onde não há risco ser publicada uma informação independente.

O problema é que falta público. No fim das contas, o jornalismo que interessa não se vende, mas vende, e o que se vende não vende: custa caro e não interessa. O leitor, o ouvinte, o telespectador e o Internauta realmente relevantes sabem onde buscar informações e análises — e não costuma ser nos veículos da turma do nariz marrom. E isso os deixa furiosos; inflama aqueles velhos corações leninistas, embora seja hoje um leninismo perfeitamente adaptado ao mercado — não o mercado com regras, mas o selvagem. Em matéria de capitalismo, os petistas também são primitivos.

A abordagem de Dirceu é curiosa porque, até onde se sabe, não há nenhuma proposta para alterar, por exemplo, a presença de capital estrangeiro nas empresas de comunicação, hoje limitado a 30%. Um debate que ainda promete render é que essa limitação não vale para empresas de telefonia, por exemplo, que atuam na Internet, muitas delas prestando serviços jornalísticos, mas sem as limitações impostas às empresas de comunicação propriamente.

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Assessora de senadora petista leva R$ 4,7 milhões


Editorial Exame

Exame.com

Uma entidade em nome de uma assessora da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), que assumiu semana passada a relatoria do Orçamento de 2011, conseguiu R$ 4,7 milhões em convênios com o governo sem precisar de licitação. No processo para aprovar a liberação do dinheiro, a assessora assinou uma declaração falsa de que não trabalha no Senado.

O dinheiro, oriundo de emendas de parlamentares do PT, é destinado a shows e eventos culturais. A entidade é o Instituto de Pesquisa e Ação Modular (Ipam), presidido por Liane Maria Muhlenberg, que trabalha no Senado desde 2007. No dia 9 de agosto deste ano ela foi transferida do gabinete de Serys para a segunda-vice presidência do Senado, dirigida pela petista.

O Estado analisou nove convênios da entidade com o governo. Liane entregou aos Ministérios do Turismo e da Cultura uma declaração, com data de 2 de março de 2010, em que afirma que os dirigentes do Ipam, incluindo ela, “não são membros dos Poderes Executivo, Legislativo”. Em entrevista concedida ontem ao Estado Liane admitiu que assinou o documento com a falsa informação. “Foi uma irresponsabilidade minha. Uma desatenção, um equívoco”, disse.

Ela afirmou ainda que ontem enviou, por e-mail, um pedido de demissão do cargo à senadora Serys. Embora seja lotada na segunda vice-presidência do Senado, Liane disse que cumpre expediente no gabinete pessoal da senadora petista.

Vantagens

A entidade da assessora de Serys recebeu no ano passado R$ 900 mil dos cofres públicos. Para 2010, já foi liberado R$ 1,5 milhão. Outros R$ 2,3 milhões estão empenhados, ou seja, garantidos pelo governo ao Ipam para exercício de 2010. Esses convênios são fechados para a realização de eventos culturais e turísticos, sem necessidade de concorrência pública.

Como assessora de uma senadora do PT, a presidente do Ipam beneficiou-se de emendas de integrantes do partido, entre eles os deputados Jilmar Tatto (SP), Geraldo Magela (DF) e Paulo Rocha (PA). A senadora Fátima Cleide (RO), o ex-senador João Pedro (AM) e o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), recém-eleito senador, também destinaram recursos do Orçamento para o Ipam.

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Carta de Fernando Henrique Cardoso ao jornal O Estado de S. Paulo

Por Fernando Henrique Cardoso

Li com espanto a entrevista do sr. Gilberto Carvalho publicada neste jornal na edição de domingo passado (“Ninguém engana a Dilma nem põe faca no pescoço dela”, 5/12, A10). Espanto porque imaginei que o entrevistado devesse estar mais preocupado em se defender de insinuações que podem manchar a sua biografia – a de haver sido receptador de propinas extorquidas por um bando de seus companheiros de partido que teriam usado a administração petista de Santo André para obter recursos para uso político, como afirmam procuradores estaduais – do que em dar curso a calúnias contra mim.

Lula, segundo o entrevistado, recusa o termo “mensalão” para caracterizar os desatinos praticados nas relações entre seu governo e a Câmara dos Deputados, quando da alegada compra de apoios políticos. Na verdade, trata-se de mero jogo de palavras para negar a periodicidade da propina, e não sua existência. Artifício semelhante a outro – este com consequências jurídicas maiores – quando afirmou que o dinheiro utilizado naquelas práticas teria sido obtido de “sobras de campanha”, esquecendo-se de que houve transações entre poder público e agentes privados como no caso da Visanet.

Para melhorar a imagem presidencial, Gilberto Carvalho diz que Lula, ao negar que seu governo tenha comprado votos, me acusa nominalmente de tê-lo feito para aprovar a emenda da reeleição. Ora, jamais houve qualquer indício nem qualquer afirmação direta de que eu assim procedera. Mais ainda, os rumores sobre uma escuta telefônica feita entre deputados de um Estado que estariam envolvidos em tais práticas aberrantes surgiram num jornal meses depois de aprovada a referida emenda, com votação avassaladora – 80% no Senado e margem de mais de 20 votos acima dos 308 requeridos na Câmara.

No caso, a referida escuta teria feito alusão ao primeiro nome de um de meus ministros. Para evitar dúvidas o ministro eventualmente aludido foi, por decisão própria, à Comissão de Justiça da Câmara, prestou todos os esclarecimentos e desafiou quem dissesse o contrário da verdade, que era sua inocência. Posteriormente, três ou quatro deputados – mais tarde ligados à base do governo Lula – renunciaram a seus mandatos para evitar cassações, confessando culpa, mas sem qualquer envolvimento do PSDB e muito menos do governo ou meu.

Se não fosse o suficiente ser um procedimento contrário à ética, mesmo em termos pragmáticos, seria de todo descabido comprar o que era, explicitamente, oferecido: a opinião pública, os editoriais de toda a mídia e a maioria avassaladora do Congresso Nacional eram favoráveis à emenda da reeleição, contra a qual se batiam isoladamente o PT e os “malufistas”, pela razão de haver nessas correntes quem quisesse disputar as eleições presidenciais e temesse minha força eleitoral, comprovada na reeleição em primeiro turno em 1998. Estes são os fatos.

Custa-me a crer que Lula, para se defender do indefensável no caso do mensalão, ataque a honra de um ex-presidente que foi seu amigo nas horas difíceis e que não usa de artimanhas para desacreditar adversários. Dói mais ainda que pessoas como Gilberto Carvalho ecoem o sabidamente falso para endeusar o chefe. Sinal dos tempos, que arrastam mesmo os que parecem ser melhores a cair na calúnia, na mesquinharia e na mediocridade.

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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Marx e a mais-valia




Por Ipojuca Pontes

Mídia Sem Máscara

O que é a mais-valia marxista, fundamentalmente baseada na teoria do valor-trabalho de Ricardo? O próprio Marx, através de caminhos tortuosos, constrói um arrazoado explicativo no Capítulo XII do volume I de "O Capital" (Abril Cultural, SP, 1963):
"O trabalhador, durante parte do processo de trabalho, apenas produz o valor de sua força de trabalho, isto é, o valor dos meios de subsistência de que necessita. Produzindo num contexto que se baseia na divisão social do trabalho, ele não produz os seus meios de subsistência diretamente, mas sob a forma de mercadoria particular, fio, por exemplo, um valor igual ao valor dos seus meios de subsistência ou ao dinheiro com o qual os compra".

Perito na arte de complicar o óbvio, Marx continua:
"A parte de sua jornada de trabalho que ele precisa para isso é maior ou menor conforme o valor de seus meios de subsistência diários médios, conforme, portanto, o tempo de trabalho diário médio exigido para a produção. Se o valor dos seus meios médios de subsistência representa 6 horas de trabalho objetivado, o trabalhador necessita trabalhar em média 6 horas por dia para produzi-lo. Se ele não trabalhasse para o capitalista, mas para si mesmo, teria de trabalhar em média a mesma parte alíquota da jornada para produzir o valor de sua força de trabalho e assim obter os meios de subsistência necessários à sua manutenção ou reprodução continua. Mas como na parte de trabalho em que produz o valor diário da força de trabalho, digamos 3 xelins, ele produz apenas um equivalente ao valor dela já pago pelo capitalista e, portanto, repõe apenas o valor adiantado do capital variável pelo novo valor criado, aparece essa produção de valor como mera reprodução. A parte da jornada de trabalho em que sucede essa reprodução, é o que chamo de trabalho necessário, e de trabalho necessário o trabalho despendido durante esse tempo. Necessário ao trabalhador, por ser independente da forma social de seu trabalho. Necessário ao capital e seu mundo, por ser a existência contínua do trabalhador e sua base".


"O segundo período do processo de trabalho", continua Marx, "em que o trabalhador labuta além dos limites do trabalho necessário, embora lhe custe trabalho, dispêndio da força de trabalho, não cria para ele nenhum valor. Ele gera a mais-valia, que sorri ao capitalista com todo o encanto de uma criação do nada. Essa parte da jornada de trabalho chamo de tempo excedente, e o trabalho despendido nela: mais-trabalho".

O texto é obscuro, mas deixo a critério do leitor as diferenças essenciais entre o que dizem Ricardo, Proudhon e Marx sobre a mais-valia, e aqui peço licença ao leitor, por oportuno, para passar às criticas do economista Eugen von Bohm-Bawerk, autor da "Teoria Positiva do Capital" (1889) e um dos representantes da Escola Austríaca, celebrizada pela aplicação da teoria da utilidade marginal. Para Bohm-Bawerk, a teoria do valor-trabalho de Ricardo (e, por extensão, a mais-valia de Marx), para além de falaciosa, apresenta uma noção de valor absolutamente inútil, porque não leva em conta o valor de uso, ou melhor, suas valorações subjetivas. Para os integrantes da Escola Austríaca, valorar significa escolher entre distintas opções e escolher compreende querer isso mais do que aquilo. Cada ato de escolha, por sua vez, se caracteriza por uma densidade de psíquica de sentimentos, que é própria a quem compra e vende. O valor (preços), portanto, não passa da expressão do desejo das pessoas de adquirirem mercadorias.

A base da economia moderna - completa outro representante da Escola Austríaca, Ludwig von Mises (1881-1973), em "Ação Humana" (Instituto Liberal, Rio, 1990) - "é a noção de que é precisamente a disparidade de valor atribuído aos objetos trocados que resulta na sua troca. As pessoas compram e vendem unicamente porque atribuem um maior valor àquilo que recebem do que àquilo que cedem. Assim, uma noção de medição (metodologia) de valor é inútil. Essa noção só pode ser aferida pelo mercado, onde prevalece, por definição, a democracia econômica: é nele, por força da livre ação dos indivíduos (elegendo ou rejeitando mercadorias) que se determina o valor dos preços.

Essa, aliás, é a razão básica pela qual, segundo a Escola Austríaca, a economia planejada ou centralizada nas mãos do governo não funciona: a tecnoburocracia simplesmente não substitui a pluralidade ou a complexidade do mercado e dos seus agentes na formação dos preços, indicativo, no capitalismo, da diversidade da produção e do consumo - o que explica, na prática, o melhor desempenho econômico e a maior produtividade do sistema capitalista.

Para continuarmos nossa apreciação sobre a raiz do pensamento de Marx, que sobrevive basicamente como uma atitude crítica em face do pensamento dos outros, faz-se necessário tecer algumas considerações sobre o seu caráter. Desde a infância, o pai do "socialismo científico" cultivou a rebeldia como uma flor de estufa. No dizer da própria mãe, Henriette, detestava o banho e qualquer tipo de limpeza ou organização pessoal, ao tempo em que manifestava total aversão pelas formas tradicionais de hierarquia. Quando estudante em Bonn, tornou-se bêbado contumaz (dirigia um clube de porristas) e, para não pagar os credores, em geral, partia para a briga armada - sendo autuado, certa vez, por porte de arma. Depois de uma dessas prolongadas bebedeiras, disputou irresponsavelmente um duelo em que saiu ferido de raspão e, tempos depois, provocou um outro em que um admirador, "tomando suas dores", também saiu ferido.

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Marxismo: A Máquina Assassina


Por R.J. Rummel

Movimento Endireitar

Com a queda da União Soviética e dos governos comunistas da Europa Oriental, a grande maioria das pessoas tem a impressão de que o marxismo, a religião do comunismo, está morto. Nada disso. O marxismo está bem vivo em muitos países hoje, tais como Coréia do Norte, China, Cuba, Vietnã, Laos, um grupo barulhento de países africanos e na mente de muitos líderes políticos da América do Sul. No entanto, o que é mais importante para o futuro da democracia é que o comunismo ainda polui o pensamento de uma vasta multidão de acadêmicos e intelectuais do Ocidente.

De todas as religiões, seculares ou não, o marxismo é de longe a mais sangrenta — mais sangrenta do que a Inquisição Católica, as várias cruzadas católicas e a Guerra dos Trinta Anos entre católicos e protestantes. Na prática, o marxismo significa terrorismo sanguinário, expurgos mortais, campos letais de prisioneiros e trabalhos forçados assassinos, deportações fatais, fomes provocadas por homens, execuções extrajudiciais e julgamentos “teatrais”, descarado genocídio e assassinatos em massa.

No total, os regimes marxistas assassinaram aproximadamente 110 milhões de pessoas de 1917 a 1987. Para se ter uma perspectiva desse incrível alto preço em vidas humanas, note que todas as guerras internas e estrangeiras durante o século 20 mataram 35 milhões de pessoas. Isso é, quando marxistas controlam países, o marxismo é mais mortal do que todas as guerras do século 20, inclusive a 1 e 2 Guerra Mundial e as Guerras da Coréia e do Vietnã.

E o que o marxismo, o maior dos experimentos sociais humanos, realizou para seus cidadãos pobres, nesse muitíssimo sangrento custo em vidas? Nada de positivo. Deixou em seu rastro desastres econômicos, ambientais, sociais e culturais.

O Khmer Vermelho — comunistas cambojanos que governaram o Camboja por quatro anos —revela o motivo por que os marxistas acreditavam que era necessário e moralmente certo massacrar muitos de seus semelhantes. O marxismo deles estava casado com o poder absoluto. Eles criam sem uma sombra de dúvida que eles sabiam a verdade, que eles construiriam o maior bem-estar e felicidade humana e que para alcançar essa utopia, eles precisavam cruelmente demolir a velha ordem feudal ou capitalista e a cultura budista, e então reconstruir uma sociedade totalmente comunista. Não se poderia deixar nada atrapalhando no caminho dessa realização. O governo — o Partido Comunista — estava acima das leis. Todas as outras instituições, normas culturais, tradições e sentimentos eram descartáveis.

Os marxistas viram a construção dessa utopia como uma guerra contra a pobreza, a exploração, o imperialismo e a desigualdade — e, como numa guerra real, mesmo quem não estivesse no combate seria infelizmente pego na guerra. Haveria necessária perda de vida entre os inimigos: o clero, a burguesia, os capitalistas, os “sabotadores”, os intelectuais, os contra-revolucionários, os direitistas, os tiranos, os ricos e os proprietários de terras. Como numa guerra, milhões poderiam morrer, mas essas mortes seriam justificadas pelos fins, como na derrota de Hitler na 2 Guerra Mundial. Para os marxistas no governo, a meta de uma utopia comunista era suficiente para justificar todas as mortes.

A ironia é que na prática, mesmo depois de décadas de controle total, o marxismo não melhorou a sorte das pessoas comuns, mas geralmente tornou as condições de vida piores do que antes da revolução. Não é por acaso que as maiores fomes do mundo aconteceram dentro da União Soviética (aproximadamente 5 milhões de mortos entre 1921-23 e 7 milhões de 1932-3, inclusive 2 milhões fora da Ucrânia) e China (aproximadamente 30 milhões de mortos em 1959-61). No total, no último século quase 55 milhões de pessoas morreram em várias fomes e epidemias associadas provocadas por marxistas, e o resto morreu como conseqüência despropositada da coletivização e das políticas agrícolas marxistas.

O que é espantoso é que essa “moeda” da morte do marxismo não envolve milhares ou mesmo centenas de milhares, mas milhões de mortes. Isso é quase incompreensível — é como se a população inteira da Europa Oriental fosse aniquilada. Por volta de 35 milhões escaparam de países marxistas como refugiados, e isso mais do que tudo é um voto contra as pretensões dos marxistas utópicos. O equivalente seria todo mundo fugindo do Estado de São Paulo esvaziando-o de todos os seres humanos.

Há uma lição supremamente importante para a vida humana e para o bem-estar das pessoas que precisamos aprender com esse horrendo sacrifício oferecido no altar de uma ideologia: Não se pode confiar em ninguém que tenha poder ilimitado.

Quanto mais poder um governo tem para impor as convicções de uma elite ideológica ou religiosa, ou decretar os caprichos de um ditador, mais probabilidade há de que o bem-estar e vidas humanas serão sacrificados. À medida que o poder do governo vai ficando sem controle e alcança todos os cantos de uma cultura e sociedade, mais probabilidade há de que esse poder matará seus próprios cidadãos.

Como uma elite no governo tem o poder de fazer tudo o que quer, quer para satisfazer suas próprias vontades pessoais ou, como o desejo dos marxistas de hoje, seguir o que crê ser certo e verdadeiro, essa mesma elite pode fazer isso quaisquer que sejam os custos em vidas humanas. Aí, o poder é a condição necessária para os assassinatos em massa. Quando uma elite obtém autoridade plena, outras causas e condições poderão operar para produzir o genocídio imediato, o terrorismo, os massacres e quaisquer assassinatos que os membros dessa elite sintam que são necessários. Mas é o poder — sem nada que o iniba, limite e controle — que é o verdadeiro assassino.


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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Os barões


Por Olavo de Carvalho

Mídia Sem Máscara

Um leitor pede, gentilmente, que eu lhe diga quem, afinal, são os tão falados e jamais nomeados "barões da droga". Quem ganha com o crescimento ilimitado das quadrilhas de narcotraficantes e sua transformação em força revolucionária organizada, ideologicamente fanatizada, adestrada em táticas de guerrilha urbana, capacitada a enfrentar com vantagem as forças policiais e não raro as militares?

A resposta é simplicíssima: quem ganha com o tráfico de drogas é quem produz e vende drogas. O maior, se não o único fornecedor de drogas ao mercado brasileiro são as Farc, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. São elas, também, que dão adestramento militar e assistência técnica ao Comando Vermelho, ao PCC e a outras quadrilhas locais.

Já faz dez anos que o então principal traficante brasileiro, Fernandinho Beira-Mar, preso na Colômbia, descreveu em detalhes a operação em que trocava armas contrabandeadas do Líbano por duas toneladas anuais de cocaína das Farc. Também faz dez anos que uma investigação da Polícia Federal chegou à seguinte conclusão: "A guerrilha tem o comando das drogas" (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/031002jt.htm ).

Se alguém ainda tem dúvidas, está gravemente afetado da Síndrome do Piu-Piu: "Será que vi um gatinho?"

Mas, dirá o leitor, não há políticos envolvidos na trama, gente das altas esferas, que dirige tudo de longe, sem mostrar a cara ou sujar as mãozinhas? Claro que há. Mas só são invisíveis a quem tenha medo de os enxergar. Para descobri-los, basta averiguar quem, na política, protege as Farc. Não preciso dar nomes: para avivar a memória, leia as listas de participantes do Foro de São Paulo, entidade criada precisamente para articular, numa estratégia revolucionária abrangente, a política e o crime.

Alguns ganham muito dinheiro com isso, mas nem todos, na lista, têm interesse financeiro direto no narcotráfico - o que não os torna menos criminosos. As Farc e organizações similares servem-lhes de arma de barganha, para criar o caos social, intimidar o inimigo e extorquir dele concessões políticas que valem muito mais do que dinheiro.

Quando a guerrilha está em vantagem, os políticos sublinham com as armas da retórica a retórica das armas, anunciando o advento de uma sociedade justa gerada no ventre do morticínio redentor. Quando a guerrilha está perdendo, usam o restinho dela como instrumento de chantagem, oferecendo a "paz" em troca da transformação dos bandos armados em partidos políticos, de modo a premiar a lista de crimes hediondos com a abertura de uma estrada risonha e franca para a conquista do poder.

São esses os barões. Não há outros. A parceria deles com o narcotráfico vem de longe. Começou na Ilha Grande, nos idos de 70, quando terroristas presos começaram a doutrinar os bandidos comuns e a ensinar-lhes os rudimentos da guerrilha urbana, segundo o manual de Carlos Marighela. Naquela época, os guerrilheiros e a liderança esquerdista em geral tinham um complexo de inferioridade: viam-se como uma elite isolada, sem raízes nem ressonância no "povo", em cujo nome falavam com um sorriso amarelo.

Por feliz coincidência, foram parar na cadeia numa época em que o filósofo germano-americano Herbert Marcuse lhes dera uma idéia genial: a faixa de população mais sensível à pregação revolucionária não eram os trabalhadores, como pretendia Karl Marx, e sim os marginais - ladrões, assassinos, narcotraficantes. Que parassem de pregar nas fábricas e buscassem audiência no submundo - tal era o caminho do sucesso. Quando as portas do cárcere se fecharam às suas costas, abriram-se para eles as portas da mais doce esperança: lá estava, no pátio da prisão, o tão ambicionado "povo". Sua função no esquema? Transmutar o reduzido círculo de guerrilheiros em movimento armado das massas revolucionárias.

Em 1991, o projeto, em formato definitivo, já vinha exposto com toda a clareza no livro Quatrocentos Contra Um, do líder do Comando Vermelho, William da Silva Lima, publicado pela Labortexto e lançado ao público na sede da Associação Brasileira da Imprensa, entre aplausos de mandarins da intelectualidade esquerdista que ali viam materializados seus sonhos mais belos de justiça e caridade.

Mais que materializados, ampliados: "Conseguimos o que a guerrilha não conseguiu: o apoio da população carente. Vou aos morros e vejo crianças com disposição, fumando e vendendo baseado. Futuramente, elas serão três milhões de adolescentes, que matarão vocês nas esquinas." Todo o descalabro sangrento que hoje aterroriza a população do Rio de Janeiro não é senão a efetivação do plano aí esboçado com a ajuda dos mesmos luminares do esquerdismo que hoje pontificam sobre "segurança pública".

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Documentos confidenciais revelam que, para EUA, Itamaraty é adversário

Por FERNANDO RODRIGUES

Folha Online

Telegramas confidenciais de diplomatas dos EUA indicam que o governo daquele país considera o Ministério das Relações Exteriores do Brasil como um adversário que adota uma "inclinação antinorte-americana".

Esses mesmos documentos mostram que os EUA enxergam o ministro da Defesa, Nelson Jobim, como um aliado em contraposição ao quase inimigo Itamaraty.

Mantido no cargo no governo de Dilma Rousseff, o ministro é elogiado e descrito como "talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil".

A Folha leu com exclusividade seis telegramas de um lote de 1.947 documentos elaborados pela Embaixada dos EUA em Brasília, sobretudo na última década.

Os despachos foram obtidos pela organização não governamental WikiLeaks. As íntegras desses papéis estarão hoje no site da ONG, que também produzirá reportagens em português. O site da Folha divulgará os telegramas completos.

Num dos telegramas, de 25 de janeiro de 2008, o então embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, relata aos seus superiores como havia sido um almoço mantido dias antes com Nelson Jobim. Nesse encontro, o ministro brasileiro contribuiu para reforçar a imagem negativa do Itamaraty perante os norte-americanos.

Indagado sobre acordos bilaterais entre os dois países, Jobim citou o então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães.

Segundo o relato produzido por Clifford Sobel, "Jobim disse que Guimarães 'odeia os EUA' e trabalha para criar problemas na relação [entre os dois países]".

Não há nos seis telegramas confidenciais lidos pela Folha nenhuma menção a atos ilícitos nas relações bilaterais Brasil-EUA. São apenas descrições de encontros, almoços e reuniões.

Ao mencionar um acordo bilateral, Clifford Sobel diz que caberá ao presidente Lula decidir entre as posições de um "inusualmente ativo ministro da Defesa interessado em desenvolver laços mais próximos com os EUA e um Ministério das Relações Exteriores firmemente comprometido em manter controle sobre todos os aspectos da política internacional".

Num telegrama de 13 de março de 2008, Sobel afirma que o Itamaraty trabalhou ativamente para limitar a agenda de uma viagem de Jobim aos EUA.

Ao relatar a visita (de 18 a 21 de março de 2008), os EUA pareciam frustrados: "Embora existam boas perspectivas para melhorar nossa relação na área de defesa com o Brasil, a obstrução do Itamaraty continuará um problema".

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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O testamento de Fidel


Por Demétrio Magnoli

Estadão Online


"Queima o que adoraste e adora o que queimaste!" A senha papal da conversão dos reis bárbaros ao cristianismo deveria ser usada como epígrafe do informe do VI Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC), convocado para abril. Por baixo de uma espessa camada de linguagem orwelliana, o documento anuncia a substituição do sistema econômico estatal por uma economia mista. Seria um "modelo vietnamita", no eufemismo criativo de um regime que, anos atrás, crismou o "modelo chinês" como restauração do capitalismo e hoje teme a assombração de seus próprios epítetos. No texto de 13.295 palavras, "liberdade" não aparece nenhuma vez. O informe, contudo, gira sem cessar em torno do problema da liberdade.

O plano oficial restaura a liberdade, mas apenas um tipo de liberdade. O capital estrangeiro terá liberdade para operar em Cuba. Os cubanos ganharão a liberdade de empreender e de empregar assalariados. Também poderão, livremente, vender a sua força de trabalho, empregando-se em negócios privados de outros cubanos. Porém os domínios da liberdade não ultrapassarão a esfera econômica. Não serão reconhecidos os direitos dos trabalhadores de constituir sindicatos livres ou declarar greve, pois as liberdades "capitalistas" são intoleráveis na sociedade socialista.

No lugar da senha papal, o texto usa como epígrafes uma definição de "Revolução" e um chamado à "batalha econômica". A primeira é assinada por Fidel Castro Ruz, simplesmente; o segundo, pelo "General de Exército Raúl Castro Ruz". Fidel dispensa títulos: ele é o corpo terreno da "Revolução". Raúl omite o título de presidente da República para utilizar outro, que indica a fonte última de seu poder. As primeiras reformas radicais são a demissão de 500 mil trabalhadores do setor estatal e a supressão da "libreta", cartela de racionamento que assegura uma cesta básica subsidiada à maioria dos cubanos sem acesso à moeda forte (o peso convertible). Não há como fazer isso sem, antes, aterrorizar os cidadãos e erguer a lâmina de uma espada sobre os militantes do "partido dirigente".

A espada já desceu sobre Esteban Morales, um alto quadro do PCC, diretor do Centro de Estudos sobre os EUA na Universidade de Havana, que publicou um artigo de alerta no site da União dos Escritores e Artistas (Uneac). "A contrarrevolução", escreveu, "toma posições em certos níveis do Estado e do governo." Ela é representada pelas autoridades que "se preparam financeiramente para quando a Revolução desabar" - o momento da "transferência de patrimônios do Estado para mãos privadas, como ocorreu na antiga URSS". Ato contínuo, o artigo desapareceu da página da Uneac e seu autor foi expelido do PCC. No sistema totalitário, a crítica "de esquerda" não é menos interditada que a crítica "de direita". Ao sugerir que Castro & Castro comandam uma restauração capitalista, o comunista Morales descobre-se tão carente de liberdade de expressão quanto os dissidentes que contestam o sistema de economia planificada.

Morales talvez venha a se encontrar com os outros dissidentes na prisão ou no exílio. Por ora ainda escreve, mas não mais num órgão oficial. Seu artigo seguinte, um apelo às bases do PCC, denuncia o controle do partido pela cúpula, uma "deformação pela qual se pagou caro na URSS". Não há, porém, "deformação", mas norma. Só os intelectuais hipnotizados pelos dogmas leninistas fogem de uma conhecida evidência histórica: em todos os lugares, quando se instala um regime de partido único, a direção partidária asfixia a expressão das bases e um núcleo dirigente, às vezes composto apenas pelo Líder, sufoca a liberdade do restante da direção. A mais recente comprovação da norma é o informe cubano, um verdadeiro testamento de Fidel Castro.

O Estado castrista repousa sobre um contrato implícito de intercâmbio entre liberdade e segurança social. O Estado fica com a liberdade só para si, pagando-a pela distribuição de bens essenciais subsidiados: empregos, alimentos básicos, serviços de saúde e educação. Dentro e fora de Cuba, o contrato da "ditadura benigna" encontra-se na raiz da justificação ideológica do regime. No Brasil, ele é celebrado na escritura "humanista" de Frei Betto, saudado na prosa precária de Lula, cantado no verso lírico de Chico Buarque. Agora, contudo, Castro & Castro proclamam a decisão de suprimir um dos polos do intercâmbio: o Estado desiste da função de fornecer segurança social, mas reitera seu monopólio sobre a liberdade.

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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Deputada: MST tenta politizar traficantes da Rocinha

Por Daniel Gonçalves

Terra Notícias

A deputada federal Marina Magessi (PPS-RJ) afirmou hoje à CPI das Milícias da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro que integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão tentando politizar os traficantes que dominam a favela da Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro. Segundo Magessi, cerca de 20 membros do MST apóiam candidatos da comunidade e convencem os criminosos a realizarem uma revolução social.

A parlamentar disse que na posse do presidente da associação de moradores da Rocinha, Claudinho da Academia (que é candidato a vereador pelo PSDC e, segundo investigação da polícia civil, seria apoiado por traficantes da comunidade), havia bandeiras do MST e a presença do ex-coordenador nacional do movimento José Rainha.

Eu me preocupo com a presença do MST na Rocinha, com o convencimento nos traficantes que mandam ali de que eles podem virar salvadores da pátria. Nós já tivemos isso antes com o Marcinho VP. O MST tem uma força política muito grande", alertou.

Ainda de acordo com Magessi, um dos perigos dessa relação é que o MST promove protestos com foice e facão, já o tráfico utiliza fuzis para fazer prevalecer a sua vontade.

Na época, José Rainha confirmou conhecer Claudinho da Academia, mas que não sabia que ele tinha se candidatado a vereador. Ele negou qualquer ligação com o tráfico de drogas e o envolvimento num esquema para obrigar eleitores a votar em um candidato pré-determinado.

Em nota, o MST informou que José Rainha não faz mais parte do movimento e que ele errou ao usar camisa do MST durante a posse de Claudinho da Academia.

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

O cárcere das almas


Escrito por Waldson Muniz

Movimento Endireitar

O século vinte viu chegarem ao poder nazismo e comunismo, duas ideologias em essência congêneres, a despeito dos seus diferentes aspectos exteriores. Citado por Alain Besançon em A Infelicidade do Século (1), um estudioso francês classifica nazismo e comunismo de gêmeos heterozigotos: o nazista se considera um artista, o comunista, um virtuoso; o nazista vê todo o mal do mundo decorrer da existência de raças inferiores, o comunista, da propriedade privada; ambos se apresentam à pobre e comum humanidade como a perfeição social, moral e intelectual; ambos se baseiam na idéia da total impossibilidade de composição entre "nós" e "eles". A vitória de suas propostas deve fazer-nos pensar, com profundidade, na observação de Hayek, para quem "quase por uma lei da natureza humana, parece ser mais fácil aos homens concordarem sobre um programa negativo - o ódio a um inimigo ou a inveja aos que estão em melhor situação - do que sobre qualquer plano positivo" (2). É dos fundos mais baixos da alma humana que emergem esses dois projetos sociais, região para a qual pretendem levar a todos.

Graças à intensa e diligente aplicação de técnicas de propaganda tão sutis quanto eficientes e de todo insuspeitadas pelo grande público, a esquerda conseguiu não apenas que fosse esquecida sua gênese comum com o nazismo mas também - e principalmente - que, aos olhos da gente comum, comunismo e nazismo parecessem opostos inconciliáveis: um assumiu o papel de ser a mais tirânica e perversa forma de governo, o outro, o de ser a mais pura e democrática, sob a qual e apenas sob a qual, é possível o pleno florescimento material e espiritual. Anos e anos de propaganda sub-reptícia envolveram a esquerda numa couraça de honradez, avanço e bondade, ao mesmo tempo que associaram a direita a retrocesso, obscurantismo e insensibilidade. Hoje, as duas reputações são resistentes a todos os argumentos e fatos.

Dois episódios recentes exemplificam esse estado de coisas: enquanto causou imenso e justo rumor a foto em que o jovem príncipe britânico apareceu com a cruz suástica nazista num braço, fez-se absoluto silêncio acerca das imagens de campos de trabalhos forçados para opositores do regime comunista coreano. Num caso, tem-se a visão do símbolo, ao qual logo se associa todo o mal que produziu aquele insano regime; noutro, a do mal em curso, a produzir vítimas. Para um, todo tipo de reação, da mais sincera, que é a de quem sofreu na pele o jugo nazi-fascista, até a mais oportunista, que é a de quem quer apenas vender jornal.

Na introdução da biografia de Stalin (3), Dmitri Volkogonov alerta o leitor sobre a mais importante característica do "guia genial dos povos": "Tenhamos sempre em mente que foi um mestre em fazer passar seus erros, omissões e crimes como conquistas, sucessos, visão, sabedoria e constante preocupação com o povo". Sem o acréscimo de uma vírgula sequer, a definição serve, à justa, para toda a esquerda. O mesmo espírito moveu Bertolt Brecht a ensinar: "Quem luta pelo comunismo tem de poder lutar e não lutar; dizer a verdade e não dizer a verdade; prestar serviços e negar serviços; manter a palavra e não cumprir a palavra; enfrentar o perigo e evitar o perigo; identificar-se e não se identificar. Quem luta pelo comunismo tem de todas as virtudes apenas uma: a de lutar pelo comunismo." Também é do renomadíssimo dramaturgo a frase que Anne Applebaun cita em Gulag, uma história dos campos de prisioneiros soviéticos (Ediouro, 2004), a propósito da matança de inocentes na União Soviética: "Quanto mais inocentes eles são, mais merecem morrer".

Leitura obrigatória para todo aquele que deseja saber o que foram os anos stalinistas e pós-stalinistas, o livro de Applebaun é em tudo impressionante. À questão de se ter apagado das mentes o que é o inferno comunista ela se refere, relatando o que viu num passeio por Praga, então recentemente democratizada. "Expunham-se pinturas de ruas adequadamente bonitinhas, junto com pechinchas de bijuterias e com chaveiros com a palavra "Praga". Em meio ao bricabraque, podia-se comprar parafernália militar soviética (quepes, insígnias, fivelas) e pequenos "buttons", as imagens de Lênin e Brejnev que os escolares soviéticos outrora prendiam nos uniformes. A cena me pareceu estranha. A maioria dos que compravam esses objetos era de americanos ou europeus ocidentais. Todos eles ficariam enojados com a idéia de usar uma suástica. No entanto, ninguém ali fazia objeções a ostentar a foice e o martelo numa camiseta ou num boné. Foi um episódio menor; mas às vezes é justamente por coisas assim que se observa melhor o clima cultural. Pois ali a lição não poderia ter sido mais clara: se o símbolo de uma matança nos enche de horror, o de outra nos faz rir." Assim Applebaun analisa o fenômeno: "A Guerra Fria produziu James Bond e thrillers, mais os russos de gibi do tipo que aparecem nos filmes de Rambo; nada, porém, tão ambicioso quanto a A Lista de Schindler ou A Escolha de Sofia. Steven Spielberg, provavelmente o principal diretor de Hollywood (gostem ou não), preferiu fazer filmes sobre campos de concentração japoneses (O Império do Sol) e sobre campos de concentração nazistas, mas não sobre campos de concentração stalinistas. Esses últimos não conquistaram da mesma maneira a imaginação de Hollywood." Quem leu a obra Aristóteles em nova perspectiva (4), sabe a importância da imaginação para o pensamento humano e para o domínio dele. Foi precisamente para esse alvo que, a certa altura do combate, a esquerda voltou suas baterias e não encontrou adversários, já que direita, conservadores e liberais simplesmente não tinham como oferecer resistência no novo teatro de operações, o qual eles desconheciam por completo.

Um exemplo do que pode fazer uma propaganda adequadamente preparada é dado por Anne Applebaun no caso de um prisioneiro, vítima de Stalin, que atribuía todo aquele sofrimento à ação de um dos inimigos do povo, tal qual dizia a propaganda oficial. "O poder da propaganda na URSS era tal", diz a autora, "que freqüentemente modificava a percepção da realidade". Ela também cita Alexander Soljenitsin que, em Arquipélago Gulag, dedica todo um capítulo aos comunistas, que "explicavam a detenção, a tortura e a reclusão deles próprios como obra muito astuciosa dos serviços secretos estrangeiros, ou da sabotagem em larga escala, ou de traição". Totalmente embotados pela propaganda, já não conseguiam distinguir o real e o imaginário, o que de fato viam e o que gostariam de ver. Esse dano cognitivo ultrapassou fronteiras e gerações, haja vista Anne Applebaun contar que, em conversa com um político inglês, ouviu dele que os nazistas eram perversos, mas a URSS fora desvirtuada, opinião compartilhada por Volkogonov. A pergunta cabível aqui é a de Jean François Revel (5): se o marxismo e o comunismo são intrinsecamente bons, como se explica que invariavelmente provoquem ditaduras sangrentas, todas as vezes e em todos os lugares onde são instalados?

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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Marx e o pensamento dos outros


Por Ipojuca Pontes

Mídia Sem Máscara

A expressão "pensamento filosófico de Marx" há muito vem sendo encarada como uma contradição em termos. Para significativa corrente do pensar filosófico, o marxismo não passa de uma filodoxia, e o seu criador, não propriamente um filósofo em busca da verdade, mas mero filódoxo, na expressão de Kant (1724-1804), um sujeito que enfrenta os problemas de natureza filosófica sem nenhuma intenção real de resolvê-los.

Um exemplo típico da mistificação de Marx encontra-se na sua tese de nº 11 sobre Fuerbach (1804-1872), em que dá conta de que "o filósofos se limitaram a interpretar o mundo; trata-se, porém de transformá-lo" - afirmação que, encerrando a mística do processo revolucionário como agente transformador da realidade, só consolida a visão da história crítica como substituta da filosofia - o que significa, em última análise, decretar a morte da própria filosofia. De fato, enquanto pensador ou ativista intelectual, Karl Marx (1818-1883) pouco ou em nada se voltou para a investigação metódica do fundamento do ser e do espírito das coisas - objetivo primordial da indagação filosófica -, limitando-se a construir uma obra substancialmente crítica, de feição materialista, toda ela imbricada no questionamento às vezes confuso - mas sempre virulento - do pensamento alheio.

Dispensado o tom arrogante das facciosas análises acadêmicas e verificado o grosso da obra, o pensar de Marx depende virtualmente do que ele leu, chupou, perverteu ou adaptou do pensamento dos outros, a começar por Demócrito (460-370 a.C.) e Epicuro (341-270 a.C.), na sua tese ateísta de doutoramento em Jena, em 1841, passando por Hegel (1770-1831) e o próprio Fuerbach, ainda no campo filosófico, além de Rousseau (1712-1778), Saint-Simon (1760-1825), Fourier (1772-1837) e Proudhon (1809-1865), entre os reformistas sociais franceses, até chegar nos economistas clássicos ingleses Adam Smith (1723-1790), Mill (1773-1836) e sobretudo Ricardo (1772-1823), cuja concepção da teoria do valor-trabalho, mais tarde destroçada pelo austríaco Bohm-Bawerk (1851-1914), serviu de modelo para Marx - aqui também escorado no "erro de conta" de Proudhon - extrair sua célebre mais-valia e acirrar os ânimos da luta de classes, idéia, por sua vez, a ser creditada ao falangista Blanqui (1805-1881), francês considerado inventor da barricada e autor da expressão "ditadura do proletariado".

Embora sempre se manifeste contra o idealismo absoluto, a chupação permanente de Marx tem como fonte básica Friedrich Hegel, filósofo especulativo alemão, autor da complexa "Fenomenologia do Espírito" (Nova Cultural, SP, 2000), que definiu, no dizer acadêmico de Merquior ("Marxismo Ocidental", Nova Fronteira, 1986), "o Absoluto como um Espírito ultra-histórico", associando a ontologia (teoria do ser) com filosofia da história (reflexão sobre o pensamento histórico), procurando, via intermediação dialética, a unidade entre o finito e o infinito para assim chegar ao eterno como fundamento do transitório - e vice-versa. Hegel - que o filósofo Schopenhauer (1788-1860) considerava "um charlatão ordinário" - enxergava no movimento pendular entre as forças da imediação e da mediação (que classifica de "negativas" ou de "auto-alienação") o caminho que conduz ao desenvolvimento do Espírito absoluto, este entendido como realidade única e total.

De fato, para Hegel, o espírito absoluto é Deus e o mundo a forma como Ele se materializa ou, apelando para a fórmula teológica: Ele "é o espírito que se tornou visível". Para demonstrar como a divindade se converte em mundo, Hegel compreende Deus em sua expressão dialética: o "O desenvolvimento do espírito", humano ou divino, diz, é "sair, desenvolver-se negando a si e, ao mesmo tempo, tornar a si mesmo". "No homem", continua, "Deus chega à consciência plena de si mesmo e, dialeticamente, à autoconsciência". Esta autoconsciência, que leva ao autoconhecimento, efetiva-se como o sentido profundo do espírito, manifestado não apenas na existência do indivíduo, mas na própria experiência histórica.

Toda essa complicada e por vezes esotérica argumentação hegeliana, aqui apenas sumariamente esboçada, tem por objetivo identificar no Estado moderno racionalmente organizado a expressão perfeita do Espírito absoluto, o primeiro entendido - estranhamente, quando se percebe que o Estado escraviza - como fundamento da noção da liberdade. Para Hegel, vale insistir, o Estado é o todo perfeito, e o indivíduo, ou cidadão, apenas uma peça dessa totalidade. "Tudo que é real", diz ele referindo-se ao Estado, "é racional" - e "tudo que é racional é real", completa, fazendo uso do jogo dialético.

Na sua especulação filosófica, Hegel define assim os elementos que compõem o seu método para explicar o movimento da história: 1) posição ou imediação (tese), 2) oposição ou mediação (antítese) e 3) ultrapassagem ou sublimação (síntese). Para Hegel, uma vez estabelecido o processo dialético como forma de investigação, não será mais possível operar-se com o formalismo das "verdades eternas" da filosofia reflexiva - como a de Fitche (1762-1814), por exemplo. Na dialética hegeliana, a síntese se opera a partir da contradição entre tese e antítese, repetindo-se no processo de contradição até que atinja um novo estágio.

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sábado, 20 de novembro de 2010

Mais imposto

Editorial do Estadão

Estadão Online

Desde o início do Plano Real, há mais de 15 anos, a história do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) tem sido a história do aumento disfarçado da carga tributária. É cada vez maior a fatia de sua renda que o trabalhador brasileiro precisa entregar para a Receita Federal. Mesmo nos anos em que o Fisco - sempre implacável quando se trata de buscar meios para assegurar o crescimento real da arrecadação - aceitou a contragosto a imposição legal de corrigir a Tabela do IRPF, muitas vezes a correção não foi suficiente para evitar o aumento da carga tributária. Mas o pior para os contribuintes é quando nem essa correção insuficiente lhe é assegurada, como, a persistirem as regras atuais, acontecerá em 2011. O aumento do imposto será muito maior.

Muitas vezes, nos últimos anos, o contribuinte teve de lutar para evitar que o Leão avançasse cada vez mais sobre sua renda. Na década passada, no período de consolidação do Plano Real - cujos efeitos para a renda de todos os brasileiros foram, indiscutivelmente, benéficos -, a Receita rejeitou todas as formas de correção da Tabela do IRPF alegando que o objetivo do plano era justamente a desindexação da economia. Manteve, porém, a correção de suas receitas.

Para os contribuintes, a argumentação seria aceitável se a inflação tivesse desaparecido. Mas, embora baixa, ela continuou a existir, de modo que boa parte do aumento da renda auferida por eles era apenas reposição da inflação passada. Como a Tabela do IRPF não foi corrigida entre 1996 e 2001, muitos trabalhadores isentos do recolhimento passaram a recolhê-lo, mesmo que, em termos reais, sua renda não tenha crescido; os que já recolhiam sofreram aumento da alíquota. Ou seja, para os trabalhadores, a carga tributária aumentou por simples omissão da Receita e do governo.

Desde 2002, a Tabela do IRPF tem passado por correções, mas de maneira espasmódica. Houve correção em alguns anos, mas não em outros. A regra em vigor em 2010 foi definida por uma medida provisória editada no fim de 2006 e que se transformou em lei em 2007. A lei estipula a correção da Tabela do IRPF de 4,5% ao ano até 2010. Para 2011, não há nenhuma correção prevista. (Em 2008, foram criadas duas novas alíquotas, de 7,5% e 22,5%, que continuarão valendo no próximo ano.)

A não correção da Tabela do IRPF resulta em distorções expressivas, com a taxação cada vez mais pesada justamente para os que ganham menos, como mostram estudos que o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) tem feito com regularidade. O mais recente, cujas conclusões foram publicadas pelo jornal O Globo, mostra que, se a tabela tivesse sido corrigida de acordo com a inflação acumulada entre 1995 e 2010, um trabalhador com renda mensal de R$ 2.500 recolheria mensalmente ao Fisco R$ 11,26; com as correções apenas parciais da tabela, ele é obrigado a recolher R$ 101,56. Em termos porcentuais, a comparação é assustadora: esse contribuinte paga 800% mais do que pagaria se a tabela tivesse sido corrigida totalmente. Em 2011, se nada mudar, o adicional será maior.

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A fantasia da redistribuição de riqueza


Por Lorenz Kraus

Mises Brasil

Ler o livro Mises: The Last Knight of Liberalism tem sido uma maravilhosa jornada através da história da economia da Escola Austríaca. Guido Hülsmann faz excelentes introduções às questões econômicas que envolviam Mises e os homens do seu tempo, tornando os tópicos uma leitura muito mais fácil do que se poderia imaginar. Algumas dessas questões são ainda mais intelectualmente instigantes hoje do que eram há 100 anos, quando começaram a ser discutidas.


No capítulo 11, vemos como Mises abordou a questão da distribuição de riqueza, diferenciando entre os indivíduos que têm bens e que não têm. Em específico, ele faz uma distinção entre bens de capital e bens de consumo. Bens de consumo beneficiam amplamente apenas uma pessoa de cada vez. Um indivíduo usufrui os benefícios trazidos por uma determinada camiseta apenas enquanto ele a está vestindo. Bens de capital — o maquinário que produz as camisetas — geram benefícios para uma enxurrada de consumidores de uma só vez.

Por que, então, ainda há essa fixação marxista em relação ao gerenciamento estatal de empresas geradoras de energia elétrica, quando se sabe que seus consumidores têm apenas eletricidade? Mises observou que um consumidor não precisa ser o dono das instalações para ter eletricidade.

Tendo isso em mente, como o sentido convencional de distribuição de riqueza mudaria se excluíssemos os bens de capital dessa questão? Por exemplo, nos EUA, 1% população é dona de 38% da riqueza, dados de 2001. (No Brasil, 1% é dona de 13.3%). Porém, como ficaria essa distribuição de riqueza se os bens de capital forem excluídos? O que é mais provável é que 95% da riqueza do 1% mais rico da população está amarrada aos direitos de propriedade sobre esses bens de capital. Consequentemente, a distribuição da riqueza dos consumidores está muito mais acirrada do que os acadêmicos imaginam. Todos têm acesso a água corrente, telefones, comida e televisão. É isso que interessa para um padrão de vida.

Mises nos ajuda a perceber que a ideia de obter igualdade pela redistribuição de renda nada mais é do que fantasia. Você não pode redistribuir bens de consumo; como poderiam milhões de mulheres vestir o mesmo casaco de pele, as mesmas jóias e regalias, ou os mesmos sapatos que estão no armário de Imelda Marcos? Como poderiam milhões de homens ficar dentro da banheira de hidromassagem de Hugh Hefner? Um pedaço de pão não pode ser repartido infinitamente por várias bocas.

Da mesma maneira, você não pode cortar um fogão em pedaços e dividir tais fatias igualitariamente entre as pessoas — e ainda esperar que o fogão funcione. Você tem de respeitar a integridade de todos os bens de capital para que eles funcionem. Uma central elétrica teria de ser triturada em átomos e repartida em pequenos envelopes para se obter uma distribuição igualitária.

Por sua natureza, bens de capital não podem ser redistribuídos entre as pessoas de qualquer forma que resulte em igualdade e maior riqueza. A redistribuição de riqueza, se levada a sério, significa necessariamente a completa e absoluta destruição de riqueza. Socialismo é niilismo, nada mais do que a destruição de valores.

Os comunistas nunca obtiveram êxito em distribuir riqueza igualitariamente. Isso é inerente à natureza da riqueza. Como a riqueza não pode ser subdivida (somente a propriedade da riqueza pode) entre as massas, eles confiscam a riqueza alheia para benefício da própria camarilha. Todo o resto fica à míngua, morrendo de fome. É assim que a integridade da riqueza faz impor a realidade quando confiscada. Os socialistas não brigam para ser donos do ar; eles brigam para tomar o controle desta estação de rádio, daquela impressora, deste automóvel, ou daquele pedaço de carne estragada. A redistribuição de riqueza é criminalidade pura e ela exige um grau ainda maior de criminalidade após o confisco, como lobos brigando por uma carcaça ou rufiões eliminando seus cúmplices.

E, ainda assim, centenas de milhões de pessoas continuam achando que a redistribuição de riqueza irá gerar ganhos pessoais. Nos EUA, por exemplo, a redistribuição de riqueza implementada por Obama trouxe apenas destruição econômica. Quando Obama abanou a bandeira vermelha e difundiu por seu rebanho a ideia de espalhar a riqueza para todos, o que aquelas pessoas imaginaram? Elas poderiam ter percebido que a riqueza deixaria de existir, mesmo que ela fosse confiscada e meticulosamente redistribuída — e caso tivessem entendido isso, Obama teria sido ridicularizado ainda em seus discursos. E isso vale para todo o planeta que o reverenciou. A diferença entre Obama ser venerado e ser chutado para fora do palco estaria em um eleitorado educado por essa pequena fatia de racionalidade misesiana.

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O SÍTIO POLITICAMENTE INCORRETO

Por Percival Puggina

Blog do Percival Puggina

O poderoso Conselho Nacional de Educação (CNE) decidiu emitir uma notificação de censura ao livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, que seria distribuído à rede de ensino do país. A conselheira Nilma Lino Gomes leu a obra e viu nela preconceitos contra a África e racismo. Exigem, então, os conselheiros, que o texto venha precedido de uma reprovação de seus desalinhos ideológicos com a nova realidade nacional. Tenho certeza de que não faltará quem se habilite a produzir esse importante prefácio corretivo. Seja qual for a estupidez, sempre há quem se considere capaz.

Dei uma investigada no Sítio do Pica Pau Amarelo, uma lida no livro e venho em socorro do Conselho: Caçadas de Pedrinho é politicamente incorreto de capa a capa! O sítio inteiro, aliás, está a exigir cuidadosa inspeção do Ministério Público Federal. Em primeiro lugar porque, há muito tempo, era para estar desapropriado (atenção, Incra!). Que negócio é esse? Uma propriedade rural com utilidade apenas ... literária? Péssimo exemplo para estar sendo apresentado à uma juventude que se quer cidadã e comprometida com as causas sociais.

Tem mais, conselheira Nilma. Cadê a certidão de propriedade do sítio? Alguém já a viu? E não me venha o branquela do "seu" Monteiro Lobato com uma simples trintenária julgando que seja suficiente. Não no Brasil moderno! Quem pode assegurar que Tia Anastácia não fosse quilombola? Detentora dos direitos culturais históricos protegidos pelos artigos 215 e 216 da Constituição Federal? Ou dos muito prováveis direitos de posse mencionados no artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Hum? É admissível que uma republicação de Caçadas de Pedrinho, em tempos de Lula e Dilma, deixe de mencionar tais avanços da sociedade brasileira?

Na pesquisa que fiz, encontrei uma foto da negra Anastácia, datada de 1913 (está disponível na wikipedia). Era magra, de meia idade. Na imagem, aparece tendo ao colo o menino Guilherme, filho de Monteiro Lobato. O autor, reiteradas vezes, admitiu publicamente, que essa Anastácia, essa pobre e infeliz Anastácia, havia inspirado a criação da personagem Tia Anastácia! Basta fazer as contas para perceber que a desventurada senhora foi, ela mesma, escrava. Fugida ou liberta, não importa. E acabou, mais uma vez, sendo explorada pelo patrão branco que promoveu o uso gratuito de seus evidentes direitos de imagem. Pode o Conselho Nacional de Educação silenciar sobre tal iniquidade? Referendar obra que escarnece valores tão significativos? Anota essa outra aí, conselheira Nilma.

Quer mais, o CNE? Debruce-se sobre o personagem Visconde de Sabugosa. Pondere, leitor. O visconde é um personagem da nobreza. Encarna saber e coragem física. Tantas vezes morresse, tantas vezes era ressuscitado com a simples troca do sabugo que compunha seu corpo. É ou não uma exaltação simbólica da elite nacional e de sua perpetuação através dos tempos? Pode haver algo mais antidemocrático e elitista do que um imortal representante da nobreza, além de tudo apresentado como encarnação da sabedoria e do destemor? Eu, hein! E para finalizar: cadê a autorização do Ibama para a Caçada do Pedrinho?

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O chanceler de Lula é só um áulico a caminho da lata de lixo da História


Por Augusto Nunes

Coluna do Augusto Nunes

Se mesmo potências esportivas festejam o segundo lugar num campeonato mundial de qualquer modalidade, manda o bom senso que até a conquista da medalha de prata em taekwondo por um anão olímpico como o Brasil vire notícia de primeira página, certo? Errado, ensinou nesta segunda-feira a Folha de S. Paulo. A façanha da seleção feminina de vôlei no Japão não mereceu um único centímetro, uma só vírgula na página mais nobre do jornal.

Derrotadas pelo ótimo time da Rússia no fim de uma campanha empolgante, as bravas e talentosas lutadoras das quadras não conseguiram mais que a submanchete do caderno de esportes. Sob a foto da líbero Fabi em lágrimas, uma única palavra — VICE — bastou para traduzir a decepção dos editores: nestes trêfegos trópicos, como ensinou Nelson Picquet, o segundo colocado é o primeiro dos últimos. Coerentemente, o noticiário comprimido em menos de duas páginas internas em formato tabloide evocava uma misteriosa “síndrome da Rússia” para atribuir o resultado do jogo não aos acertos das adversárias, mas aos erros das brasileiras.

Nada sobre a medalha de ouro conquistada nos Jogos de 2008, nada sobre as aulas práticas ministradas durante a competição por José Roberto Guimarães, único técnico do planeta a vencer uma Olimpíada com a seleção masculina e outra com a feminina. O texto reiterou que o Brasil trata genuínos vencedores com a arrogância de quem nunca soube o que é perder, embora ganhe só de vez em quando. Em contrapartida, como atestou a mesma edição da Folha, reverencia campeões de araque com os minuetos e salamaleques de subalterno vocacional.

O espaço que faltou para a valentia e o talento da seleção de vôlei sobrou para o palavrório triunfalista do chanceler Celso Amorim. A entrevista de uma página foi destacada na capa com uma chamada de 10 linhas e o título que, inspirado numa das passagens do hino à vassalagem, reverberou a cretinice de antologia: “Para ministro, Pelé só teve um, e igual a Lula não vai ter”. A Folha achou pouco subestimar a medalha de prata da seleção de vôlei. Fez questão de também encampar a afronta ao rei do País do Futebol: se o presidente é igual ao maior jogador de futebol de todos os tempos, então o homem que Amorim chama de “Nosso Guia” é o maior governante desde o Dia da Criação.

Ministro das Relações Exteriores de Itamar Franco e de Lula, o diplomata que há oito anos desonra o Itamaraty é sobretudo um áulico a serviço de qualquer presidente, regime ou ideologia. É apenas um duplo equívoco à caça de emprego. Mas quem canta as maravilhas do país do faz-de-conta rouba espaço de gente que melhora o país real. No pódio em Tóquio, as vice-campeãs do mundo choraram a derrota e pediram desculpas aos brasileiros — como se devessem alguma. Na entrevista, Amorim nem pediu licença para protagonizar o espetáculo da desfaçatez.

“Com o governo acabando, posso falar tranquilamente que o Lula é uma figura excepcional, você vai contar três ou quatro líderes políticos como ele no século”, delirou numa das respostas a Eliane Cantanhêde. “É quase da dimensão do Nelson Mandela, e só não é igual porque a situação lá na África do Sul era mais dramática”. Depois de ouvi-lo desdenhar dos direitos humanos, zombar dos presos políticos cubanos, louvar feitos imaginários consumados pelo governante incomparável e qualificar a política externa brasileira de “ativa e altiva”, a entrevistadora perguntou-lhe o que faria diferente caso pudesse voltar atrás. Resposta: “Vou falar como a Edith Piaf: ‘Je ne regrette rien’”. Ele não lamenta nada.

O problema do Brasil, já se disse aqui mais de uma vez, não é o complexo de vira-lata. Essa disfunção, diagnosticada por Nelson Rodrigues, cingiu-se ao País do Futebol — e só deu as caras entre 1950, quando a derrota na final contra o Uruguai transformou o brasileiro no último dos torcedores, e 1958, quando a Seleção triunfou na Copa da Suécia. O verdadeiro problema nacional é o contrário do complexo de vira-lata: é a síndrome de com-o-Brasil-ninguém-pode.

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